Mato Grosso do Sul, 13 de maio de 2025
Campo Grande/MS
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Milho em abundância: o avanço da colheita e o distanciamento do mercado em meio ao cenário agrícola promissor

Com a segunda safra favorecida pelo clima e ampla oferta no campo, compradores recuam e cotação do cereal sofre retração, mesmo diante das potencialidades econômicas da produção nacional
Cotações do cereal também caíram no exterior, influenciadas pelo avanço do plantio nos Estados Unidos
Cotações do cereal também caíram no exterior, influenciadas pelo avanço do plantio nos Estados Unidos

A atual conjuntura do mercado de milho no Brasil revela um panorama singular: enquanto a produção avança em ritmo satisfatório, impulsionada por condições climáticas favoráveis e ampla disponibilidade no campo, os compradores se mostram cautelosos, aguardando quedas ainda mais acentuadas nos preços, o que interfere diretamente na liquidez do mercado interno.

A colheita da safra de verão segue em curso em diversas regiões produtoras do Brasil, especialmente no Sul e no Sudeste, ao passo que a chamada “safrinha” — a segunda safra — encontra-se em estágio avançado de desenvolvimento, favorecida por um regime de chuvas dentro da normalidade e temperaturas estáveis. O bom desempenho das lavouras eleva a expectativa de uma colheita farta, contribuindo para o abastecimento interno e consolidando o Brasil como um dos principais exportadores de milho do mundo.

No entanto, esse cenário de abundância tem provocado um movimento inverso no mercado: compradores, atentos à queda constante nas cotações, têm se afastado das negociações no mercado spot, na expectativa de adquirir o cereal a preços ainda mais baixos nos próximos meses. Desde abril, a pressão sobre os preços se intensificou, motivada não apenas pela oferta robusta, mas também pela desvalorização externa da commodity e pela queda do dólar frente ao real — fatores que diminuem a competitividade do milho brasileiro no mercado internacional.

Segundo pesquisadores do Cepea (Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada), até março, o mercado ainda era influenciado por uma retração de vendedores e dificuldades logísticas, o que sustentava os preços em patamares mais altos. Naquele momento, o receio de desabastecimento levou muitos compradores a aceitar valores superiores, em especial para garantir estoques antes da entrada plena da safra.

Contudo, com a normalização da logística e o avanço da produção, a tendência inverteu-se. A ampliação da oferta passou a exercer forte pressão sobre os preços, tornando o mercado menos atrativo para negociações imediatas. Essa retração, embora esperada em um ciclo de colheita abundante, levanta questões sobre a rentabilidade dos produtores, sobretudo os que não conseguiram travar preços antecipadamente ou não possuem acesso facilitado aos canais de exportação.

Apesar da retração dos preços no mercado interno, o cenário ainda carrega vantagens estratégicas para o agronegócio brasileiro. O aumento da produtividade pode compensar a queda na cotação unitária do cereal, ao passo que mercados internacionais — especialmente países asiáticos e europeus — seguem demandando milho em larga escala. A manutenção da qualidade do grão e a competitividade do preço brasileiro, mesmo com a oscilação cambial, ainda sustentam o interesse de tradings e compradores estrangeiros.

Por outro lado, o desafio logístico continua sendo um gargalo estrutural. As regiões produtoras mais afastadas dos portos enfrentam custos elevados para escoar a produção, o que pode comprometer a margem de lucro dos pequenos e médios produtores. Além disso, a pressão por preços baixos pode desestimular investimentos em tecnologia e manejo nas próximas safras, caso a desvalorização se prolongue sem que haja mecanismos de proteção mais eficazes no mercado.

Diante desse cenário, o equilíbrio entre oferta, demanda e precificação torna-se essencial para garantir a sustentabilidade do setor. A expectativa dos analistas é de que, nos próximos meses, o comportamento do câmbio e a velocidade das exportações determinem o rumo das cotações do milho, além de influenciar diretamente nas decisões dos produtores para o próximo ciclo.

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