Na última sexta-feira (10), um ataque ao assentamento Olga Benário, do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST), localizado em Tremembé, no interior de São Paulo, descobriu a morte de dois integrantes do movimento e deixou seis pessoas feridas . O episódio, que gerou grande repercussão e indignação, levanta questões sobre a violência no campo, a disputa por terras e a influência de grupos armados em conflitos fundiários no Brasil.
O que aconteceu?
De acordo com o MST, o ataque ocorreu no final da noite, quando um grupo de homens armados chegou ao assentamento em carros e motos. Sem aviso, os agressores dispararam contra as famílias que estavam no local, causando e deixando um rastro de sangue.
Entre as vítimas fatais estão Valdir do Nascimento, conhecido como Valdirzão, uma liderança de destaque no movimento, que foi morta com vários tiros na cabeça. Gleison Barbosa de Carvalho, de apenas 28 anos, também não resistiu aos ferimentos e morreu no local.
Além das mortes, seis pessoas morreram. Entre elas, Denis Carvalho, de 29 anos, está internado em estado grave, em coma induzido, no Hospital Regional do Vale do Paraíba. Relatos indicam que cerca de 20 pessoas estavam no assentamento no momento do ataque, realizando uma vigília para evitar que uma área fosse invadida durante o processo de regularização de um lote destinado a uma nova família.
Milícias e especulação imobiliária: uma relação perigosa
O MST denunciou que o ataque está relacionado à especulação imobiliária e à atuação de grupos milicianos na região. Conforme o coordenador nacional do movimento, Gilmar Mauro, há uma forte pressão de interesses econômicos para expulsar as famílias assentadas, que vivem na área há décadas.
“Esses grupos não só ameaçam, mas também organizam ações violentas para intimidar e eliminar aqueles que se colocam como obstáculos aos seus interesses. Esse ataque é a prova disso”, declarou Mauro em entrevista.
O assentamento Olga Benário, fundado há 20 anos, é regularizado pelo Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (Incra). Atualmente, cerca de 45 famílias vivem na área, desenvolvendo atividades de agricultura familiar e contribuindo para a preservação ambiental.

Uma investigação policial
A Polícia Civil de São Paulo prendeu um dos suspeitos de participação no ataque. O homem, de 41 anos, foi identificado por testemunhas como um dos agressores. Durante o depoimento, ele confessou ter estado no local, mas negou envolvimento direto nas mortes.
A polícia pediu a conversão de sua prisão em flagrante para preventiva, e ele passou por audiência de custódia neste domingo (12). Até o fechamento deste assunto, outro suspeito segue foragido, e as autoridades estão investigando possíveis conexões do caso com milícias ou grupos armados que atuam na região.
A reação do governo Lula
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) entrou em contato com o MST logo após o ataque, manifestando solidariedade e garantindo o acompanhamento do caso pela Presidência da República. Em um áudio divulgado internamente pelo movimento, Lula afirmou que não medirá esforços para garantir a justiça às vítimas e que as famílias do assentamento tenham o suporte necessário.
Por determinação do Ministério da Justiça, a Polícia Federal foi acionada para abrir um inquérito e investigar o episódio. Em nota oficial, o ministro do Desenvolvimento Agrário e Agricultura Familiar, Paulo Teixeira, classificou o ataque como “bárbaro” e reforçou o compromisso do governo com a segurança das comunidades rurais.
Lula também sinalizou a intenção de visitar em breve a região do Vale do Paraíba, reforçando a importância da reforma agrária como uma das prioridades de sua gestão.
A luta pela terra e o direito à segurança
O assentamento Olga Benário é um símbolo de resistência e organização no campo. As famílias que vivem enfrentam desafios constantes, desde a falta de infraestrutura adequada até as ameaças de violência e desespero.
Este ataque brutal reacende o debate sobre a necessidade de políticas públicas mais eficazes para proteger as comunidades rurais, combater a ação de milícias e garantir o direito à terra e à segurança de quem vive no campo. Para o MST, o episódio em Tremembé não é um caso isolado, mas parte de uma escalada de violência que ameaça diretamente o projeto de reforma agrária no Brasil.
“Estamos falando de vidas humanas, de famílias que produzem alimentos e cuidam da terra. Não podemos aceitar que interesses estratégicos e grupos armados decidam o futuro dessas pessoas com base na violência”, concluiu Gilmar Mauro.
Enquanto as investigações continuam, a comunidade do assentamento Olga Benário enfrenta o luto e a insegurança. Este episódio trágico expõe as feridas abertas de uma disputa histórica por terras no Brasil – um conflito que, quase sempre, pune as mais vulneráveis.
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