Mato Grosso do Sul, 17 de abril de 2025
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Militares Bolsonaristas de Mato Grosso do Sul são denunciados por tentativa de golpe

Investigações apontam envolvimento de coronel e major de Mato Grosso do Sul na articulação de golpe de Estado para manter Bolsonaro no poder
Bernardo Romão Corrêa Neto, dos Kids Pretos do Exército, preso em operação da Polícia Federal - (crédito: Reprodução/Facebook
Bernardo Romão Corrêa Neto, dos Kids Pretos do Exército, preso em operação da Polícia Federal - (crédito: Reprodução/Facebook

A denúncia apresentada pelo procurador-geral da República, Paulo Gonet, contra o ex-presidente Jair Bolsonaro e outras 33 pessoas por tentativa de golpe de Estado trouxe à tona a participação de militares de Mato Grosso do Sul na conspiração golpista. Dois oficiais ligados ao estado foram formalmente acusados de integrar a organização criminosa que tentou romper com a democracia após as eleições de 2022. Além deles, um terceiro militar sul-mato-grossense será alvo de uma ação penal separada.

O esquema denunciado à Procuradoria-Geral da República (PGR) envolvia uma rede de militares e civis que planejavam pressionar o alto comando das Forças Armadas a aderir ao plano de Bolsonaro para impedir a posse do presidente democraticamente eleito. Entre os citados, destacam-se o coronel Bernardo Romão Corrêa, ex-comandante do 10º Regimento de Cavalaria Mecanizada em Bela Vista (MS), e o major Sérgio Ricardo Cavaliére de Medeiros, ambos agora oficialmente denunciados ao Supremo Tribunal Federal (STF).

O Coronel e a Pressão Para um Golpe Militar

De acordo com as investigações, Bernardo Romão Corrêa desempenhou um papel estratégico na tentativa de golpe, organizando reuniões com integrantes das Forças Especiais do Exército e divulgando uma carta destinada a pressionar o então comandante do Exército, general Marco Antônio Freire Gomes. O objetivo era claro: convencer a alta cúpula militar a apoiar a ruptura institucional e manter Bolsonaro no poder, mesmo após a derrota nas urnas.

A carta foi divulgada pelo jornalista bolsonarista Paulo Figueiredo, do programa “Pingo nos Is”, da Jovem Pan, em uma tentativa de angariar apoio entre militares e a base extremista que defendia a intervenção militar. O documento foi uma das peças-chave do plano golpista, que se estruturava em diferentes frentes, desde a disseminação de desinformação até a mobilização de militares da ativa e da reserva para validar a ação ilegal.

As trocas de mensagens obtidas pela investigação mostram a influência e a articulação direta do coronel com outros oficiais. Em uma conversa revelada pela PGR, Romão deixou claro que pretendia reunir militares de alto escalão para discutir formas de “influenciar” seus superiores a aceitarem o plano.

“No dia 26 de novembro de 2022, às 12h48, o coronel Bernardo Romão Corrêa Netto, então assistente do Comandante Militar do Sul, enviou mensagem ao coronel Fabrício Moreira de Bastos: ‘resolvi tomar uma iniciativa e conto com o apoio do Nilton para isso. Reunir alguns FE em funções chaves para termos uma conversa sobre como podemos influenciar nossos chefes. Para isso vamos fazer uma reunião’”, aponta a denúncia da PGR.

O Major e as Confirmações Sobre a Trama

Já o major Sérgio Ricardo Cavaliére de Medeiros também aparece na denúncia como um dos articuladores do golpe. Segundo a investigação, ele teria participado das discussões sobre a derrubada do governo eleito e confirmado à Polícia Federal que Jair Bolsonaro tinha pleno conhecimento e havia dado seu aval ao plano golpista.

A citação ao major ganhou ainda mais notoriedade quando veio à tona seu histórico de problemas financeiros. Em meio à denúncia de que tentou atuar contra a democracia, Sérgio Ricardo Cavaliére de Medeiros já havia sido alvo de uma ação da prefeitura de Campo Grande por inadimplência de IPTU. O fato, embora pareça desconectado do contexto político, evidenciou a fragilidade da estrutura de militares envolvidos na trama golpista.

O Terceiro Militar de MS Também Envolvido

Além do coronel e do major formalmente denunciados, o general de brigada Laércio Vergílio, outro militar ligado a Mato Grosso do Sul, foi citado no documento da PGR e será alvo de uma denúncia separada. Assim como os demais, ele teria atuado pressionando o comando do Exército a aderir ao plano de Bolsonaro, tentando reverter a ordem democrática e consolidar um governo de exceção.

Vergílio, que até então mantinha uma carreira discreta dentro das Forças Armadas, agora se vê envolvido em uma das maiores investigações da história recente do Brasil. O envolvimento de oficiais de diferentes patentes reforça a ideia de que a tentativa de golpe não era um plano isolado, mas sim um movimento coordenado, que contava com apoio em diversas frentes dentro das Forças Armadas.

Reação Política e Cobrança por Punições

A denúncia da PGR gerou uma intensa reação política e social, com parlamentares e figuras públicas cobrando uma resposta firme do Judiciário contra os envolvidos. A deputada federal Gleisi Hoffmann, presidenta nacional do PT, ressaltou que a exposição dos detalhes do plano golpista mostra como Bolsonaro e seu grupo tentaram usar as instituições para subverter a democracia.

“A denúncia deixa claro que a tentativa de golpe foi real e orquestrada por diversos setores. Agora, a justiça precisa agir com firmeza para garantir que esses criminosos sejam punidos”, afirmou a deputada.

Além dos impactos políticos, o caso reacendeu o debate sobre a influência de militares na política e a necessidade de reformulações institucionais para evitar novas tentativas de golpe no futuro. Muitos especialistas defendem que o envolvimento de oficiais da ativa e da reserva em conspirações golpistas reforça a urgência de uma reestruturação nas Forças Armadas, para garantir que elas se mantenham afastadas de articulações políticas.

A denúncia contra os militares de Mato Grosso do Sul é um dos muitos desdobramentos do caso, e novas acusações podem surgir conforme as investigações avançam. O Brasil, que há pouco mais de um ano viu sua democracia ser ameaçada, agora acompanha de perto o desenrolar desse processo, com a expectativa de que os responsáveis sejam devidamente responsabilizados.

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