Carlos Carvalho, professor da Universidade de São Paulo (USP), foi escolhido pelo novo ministro da Saúde, Marcelo Queiroga, para coordenar um grupo sobre protocolos de combate à covid-19.
De acordo com coluna do jornal Folha de S. Paulo, Carvalho é um dos maiores críticos do país sobre a utilização da cloroquina, remédio defendido pelo presidente Jair Bolsonaro. O médico pneumologista apontou desde o início da pandemia que não havia comprovação da eficácia do medicamento.
Queiroga pediu os protocolos usados no Hospital das Clínicas e no InCor, onde Carvalho trabalha, para levar a todo o Brasil. Os hospitais não utilizam cloroquina e ivermectina no tratamento do coronavírus.
Em entrevista, em abril de 2020, Carvalho comparou a eficácia da cloroquina contra covid-19 à da Novalgina ou seja, nenhuma.
“A falta de organização central e as informações desconexas sobre medicação sem eficácia contribuíram para a letalidade maior na nossa população. Não vou dizer que representa 1% ou 99% (das mortes), mas contribuiu”, defendeu ele.
“Alguns prefeitos distribuíram saquinho com o ‘kit covid’. As pessoas mais crédulas achavam que tomando aquilo não iam pegar covid nunca e demoravam para procurar assistência quando ficavam doentes”, disse na entrevista.
No meio médico, a escolha de Queiroga foi elogiada, já que o pneumologista é uma das maiores referências de sua área no país. Colegas disseram que dificilmente o Ministério da Saúde encontraria alguém tão empenhado na defesa da ciência – ou seja – crítico à recomendação de medicamentos que não somente não têm eficácia comprovada contra o coronavírus, mas cujo uso indiscriminado tem levado a efeitos adversos.
O HC (Hospital das Clínicas) da Unicamp (Universidade Estadual de Campinas) confirmou a identificação de um caso de hepatite provocada pelo uso de medicamentos do “kit covid”. Sem eficácia científica comprovada, o tratamento com azitromicina, hidroxicloroquina e ivermectina foi amplamente defendido por Bolsonaro.
Queiroga quer acelerar ritmo de vacinação
O nome do professor da USP foi anunciado durante entrevista coletiva à imprensa na quarta-feira (24). No primeiro pronunciamento após tomar posse, o ministro da Saúde prometeu aumentar em três vezes o ritmo de vacinação contra a covid-19 no país.
De acordo com Queiroga, é possível passar de 300 mil imunizados por dia para 1 milhão em um curto espaço de tempo porque “o Brasil tem condições de vacinar muitas pessoas”. Ele também garantiu que recebeu autonomia para fazer indicações na pasta, com a criação de uma secretaria especial para cuidar da pandemia do novo coronavírus.