Durante o julgamento da denúncia apresentada pela Procuradoria-Geral da República (PGR) sobre a tentativa de golpe de Estado, o ministro Alexandre de Moraes, integrante da Primeira Turma do Supremo Tribunal Federal (STF), revelou detalhes de mensagens enviadas por Walter Braga Netto, ex-ministro da Defesa, que expõem uma estratégia de ataques à família do comandante da Aeronáutica, Baptista Júnior. Ao rebater os argumentos das defesas, Moraes leu uma frase do ex-ministro do governo Jair Bolsonaro, onde ele compara o comportamento da trama golpista com o de uma “máfia”, afirmando que até criminosos têm um código de conduta para preservar os familiares de envolvidos.
A revelação, que chocou a todos durante o segundo dia de julgamento, ocorreu enquanto os ministros analisavam se o ex-presidente Jair Bolsonaro, o general Braga Netto e outros seis acusados deveriam ser levados a julgamento. Moraes, ao citar as mensagens, destacou que o ex-ministro havia sugerido ataques pessoais ao comandante da Aeronáutica, citando o envolvimento dele nas negociações e atividades que ocorriam nos bastidores. Braga Netto, em uma das mensagens interceptadas pela Polícia Federal, fez referência ao comandante Baptista Júnior e sua família com palavras que revelam um comportamento totalmente incompatível com os valores democráticos.
“Até a máfia tem um código de conduta de que os familiares são civis. Parece que aqui, lamentavelmente, nem isso foi seguido”, afirmou Moraes, referindo-se à crueldade de tentar atingir membros da família de um oficial das Forças Armadas. O ministro destacou o caráter de desrespeito e violência presente nas mensagens, que expõem a tentativa de enfraquecer figuras de autoridade na estrutura militar brasileira, em nome de um projeto golpista.
A mensagem de Braga Netto, datada de 15 de dezembro de 2022, foi um dos vários registros obtidos pela PF durante as investigações sobre a atuação de uma organização criminosa que, segundo as acusações, teria articulado e tentado implementar um golpe contra o Estado brasileiro. Na mensagem lida por Moraes, Braga Netto é claro ao incitar ataques pessoais: “Senta o pau no Batista Júnior. Povo sofrendo, arbitrariedades sendo feitas e ele fechado nas mordomias. Negociando favores. Traidor da pátria. Daí para frente. Inferniza a vida dele e da família”.
O conteúdo das mensagens reforça a acusação de que houve uma tentativa de instigar uma trama golpista com a adesão de figuras influentes nas Forças Armadas e no governo, visando desestabilizar a ordem democrática do Brasil. Além de Braga Netto, outros envolvidos no processo, como Bolsonaro e aliados, são acusados de crimes graves, como organização criminosa armada, golpe de Estado e dano qualificado ao patrimônio da União.
A fala de Moraes sobre o comportamento de “máfia” ressoou nas redes sociais, onde muitos elogiaram o posicionamento do ministro. No X (antigo Twitter), a repercussão foi imediata, com diversos perfis apoiando a postura firme de Moraes diante da gravidade da acusação.
O caso, que está sendo analisado pelo STF, também atrai atenção por seus desdobramentos políticos. O envolvimento de figuras próximas ao ex-presidente Bolsonaro, como o ex-ministro Braga Netto, coloca mais lenha na fogueira de uma disputa política acirrada no país, enquanto o STF tenta manter a ordem jurídica e garantir a estabilidade das instituições democráticas.
A investigação ainda está em andamento, e a PGR segue com a acusação de que a organização criminosa tentou subverter a ordem constitucional e tomar o poder à força. A expectativa é que o julgamento dos réus tenha impactos profundos no cenário político do Brasil.
A população acompanha de perto o desenrolar do julgamento e espera que a justiça seja feita, independentemente das pressões políticas. O caso continua a ser um dos mais sensíveis da história recente do Brasil e reflete a tensão que ainda permeia a política nacional.
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