Na tarde de quinta-feira, 15 de maio, foi marcada por uma tragédia na BR-163, na saída para Cuiabá, em Campo Grande. O motociclista Lucas Andrade Cardoso, de 22 anos, perdeu a vida em um acidente violento que envolveu três veículos e gerou comoção entre motoristas e moradores da região. Segundo relatos das autoridades e testemunhas, a colisão foi resultado de uma combinação de imprudência, falhas de sinalização e congestionamento intenso.
De acordo com a Polícia Rodoviária Federal (PRF), Lucas pilotava uma motocicleta Honda Titan 125 e trafegava no sentido da saída para Cuiabá, atrás de um veículo Ford Ka conduzido por Márcia Regina, de 57 anos, professora. O tráfego estava lento, com caminhões se movimentando vagarosamente e com os faróis de alerta ligados. Ao tentar realizar uma ultrapassagem em meio ao fluxo congestionado, Lucas acabou colidindo na traseira do Ford Ka.
O impacto da batida foi suficiente para arremessá-lo à pista contrária, justamente no momento em que um caminhão, conduzido por Reginaldo Alves de Lima, 58 anos, retornava de uma entrega de material em empresa situada às margens da rodovia. Lucas foi atropelado violentamente e, apesar dos esforços da equipe do Corpo de Bombeiros, sofreu parada cardiorrespiratória e não resistiu aos ferimentos.
“Ele tentou me ultrapassar, mas bateu na beiradinha da traseira do carro e caiu na frente do caminhão. Os caminhões estavam todos lentos, com o alerta ligado”, relatou Márcia, visivelmente abalada. O caminhoneiro também relatou não ter tido tempo de reação: “Ele caiu de repente. Eu não vi, não deu tempo de nada. Quando percebi, ele já estava embaixo. Tentaram reanimá-lo, mas não conseguiram.”
A PRF e a Polícia Civil estiveram no local, bem como a perícia técnica. O trânsito na rodovia precisou ser organizado no sistema “Pare e Siga” por conta da interdição parcial da pista. O congestionamento chegou a aproximadamente cinco quilômetros em ambos os sentidos.
O delegado Régis de Almeida confirmou que Lucas era motoentregador e estava a trabalho no momento do acidente. A motocicleta pertencia à empresa na qual ele havia sido contratado há quatro meses. O caso será investigado.
O acidente reacende o alerta sobre os recorrentes problemas no trânsito de Campo Grande, em especial nas principais saídas da cidade, como é o caso da BR-163. Muitos trechos, inclusive os urbanos, carecem de sinalização adequada, iluminação eficiente e monitoramento constante. A imprudência de motoristas e motociclistas se soma à negligência do poder público, criando um ambiente hostil e perigoso nas vias.
Estudos de mobilidade urbana realizados pelo Detran-MS apontam que Campo Grande tem uma das maiores frotas de motocicletas per capita do país, com crescente número de entregadores em regime de aplicativos. Esse grupo, pressionado por prazos curtos e jornadas exaustivas, está entre os mais vulneráveis em acidentes fatais.
Além disso, há um déficit na fiscalização e no planejamento de intervenções em pontos críticos da malha viária. O cruzamento entre o trânsito urbano e o tráfego pesado de caminhões, típico das rodovias federais que cortam a capital, agrava ainda mais o risco de colisões fatais. Moradores e comerciantes da região da saída para Cuiabá vêm denunciando há anos a ausência de passarelas, redutores de velocidade e sinalização luminosa no trecho.
Lucas Andrade Cardoso agora soma-se à estatística trágica de jovens vítimas do trânsito violento. Seu caso é mais um reflexo de uma estrutura viária que, ao longo dos anos, tem priorizado o fluxo de veículos em detrimento da segurança das pessoas. Enquanto não houver uma mudança efetiva, tanto na postura dos condutores quanto no investimento público em infraestrutura, tragédias como essa continuarão se repetindo.
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