Domingo, dia 27 de abril, amanheceu tenso na zona rural de Dourados, no Mato Grosso do Sul. O que era para ser só mais um dia de céu aberto na MS-379, próximo ao distrito de Panambi, virou cenário de conflito entre integrantes do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra e o batalhão de Choque da Polícia Militar.
Desde sexta-feira, pequenos grupos do MST já vinham ocupando a propriedade, o que motivou o registro de um boletim de ocorrência na Depac de Dourados, feito pelos responsáveis pela fazenda. Quando o fim de semana chegou, a situação esquentou de vez.
No domingo cedo, dezenas de policiais armados chegaram para cumprir a ordem de reintegração de posse. A ação foi dura. Bombas de efeito moral ecoaram pelo campo e vídeos circulando nas redes sociais mostraram a correria dos ocupantes diante da pressão policial.
O choque entre o sonho da terra própria e a força do Estado deixou marcas de medo e insegurança, mas também abriu espaço para a negociação. Após as primeiras horas de tensão, representantes do Ministério do Desenvolvimento Agrário e do Incra chegaram ao local para tentar acalmar os ânimos.
Do lado da estrada, foi erguido o Acampamento Esperança, onde as famílias se reagruparam depois de serem retiradas da fazenda. Barracas improvisadas, lonas esticadas e a esperança no rosto de quem ainda acredita na conquista da terra.
A deputada estadual Gleice Jane, do Partido dos Trabalhadores, também esteve na área acompanhando de perto o desenrolar da situação. Segundo ela, o diálogo era necessário para evitar tragédias.
A fazenda alvo da ocupação seria de propriedade da JBS, uma gigante do setor de carnes. O MST afirma que o imóvel não cumpre a função social há mais de 12 anos, o que, segundo a Constituição, poderia justificar a desapropriação para fins de Reforma Agrária.
Já o Governo Federal informou que está em conversas com a empresa para tentar destinar a área para programas de assentamento rural. O impasse, no entanto, ainda não tem prazo para ser resolvido.
Para quem estava no meio do fogo cruzado, o sentimento é de incerteza. Muitos dos acampados contam histórias de vida dura, de tentativas frustradas de conseguir um pedaço de terra para plantar e viver com dignidade. Agora, eles permanecem à margem da estrada, com pouca estrutura, esperando os próximos passos da negociação.
Apesar da retirada forçada, a esperança não saiu do coração dessas famílias. No improvisado Acampamento Esperança, crianças correm entre as barracas, adultos se reúnem para discutir estratégias e cozinham em fogões improvisados, sonhando com o dia em que terão sua própria terra.
A situação em Dourados reflete uma realidade antiga do campo brasileiro: a luta pela terra segue viva, e cada dia é uma nova batalha em busca de um futuro mais justo para quem vive da agricultura familiar.
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