Ainda segundo a PF, os empresários prestaram depoimento de forma espontânea. “Os empresários da empresa de transporte de passageiros admitiram, em depoimentos prestados de forma espontânea, na segunda-feira (29), a aquisição dos medicamentos de procedência ilícita”, disse, em nota, a instituição.
Entenda o caso
Na quarta-feira (24/3) da semana passada, uma reportagem da “Revista Piauí” mostrou que políticos e empresários de Minas teriam tomado a primeira das duas doses da vacina da Pfizer contra a COVID-19.
Em 25 de março, a Justiça Federal em Brasília considerou inconstitucional essa lei, mas a decisão é provisória e ainda deve ser avaliada pelo Tribunal Regional Federal da 1ª Região.
Um dos que teriam recebido a dose do imunizante foi o ex-senador Clésio Andrade, ex-presidente da Confederação Nacional do Transporte (CNT).
“Estou com 69 anos, minha vacinação (pelo SUS) seria na semana que vem, eu nem precisava, mas tomei. Fui convidado, foi gratuito para mim”, disse à Piauí.
Ao jornal O Estado de S. Paulo, Andrade negou ter sido vacinado pelo grupo. “Desconheço. Estou em quarentena aqui no Sul de Minas. Tive COVID”, afirmou.
Seis vídeos obtidos pela reportagem do Estadão mostram pessoas sendo vacinadas na noite de 23 de março, na garagem da empresa mineira.
O vaivém ocorreu após as 20h, quando já estava em vigor o toque de recolher determinado pela prefeitura de BH.
As imagens exibem uma aglomeração de carros em volta da entrada do local. Uma mulher de jaleco branco vai até o porta-malas de um veículo, retira a vacina e aplica nos motoristas. Alguns descem do carro para receber sua dose. Outros são vacinados dentro do próprio carro.
Uma outra pessoa anota nomes em uma ficha, como se estivesse confirmando cada vacinação dada.
O Ministério Público Federal também investiga o caso.
Segundo boletim de ocorrência feito à Polícia Militar (PM), até mesmo crianças foram vacinadas – a Pfizer só começou agora os estudos de segurança do imunizante para quem tem menos de 18 anos.
Em nota, o grupo empresarial Saritur afirma que o assunto tratado na reportagem é de total “desconhecimento” da diretoria da empresa.
“O Grupo Empresarial Saritur esclarece que os nomes citados na reportagem ‘Empresários tomam vacinas às escondidas’ não fazem parte do corpo societário do Grupo. Esclarece ainda que o assunto tratado na matéria é de total desconhecimento da Diretoria da empresa”.
Também por meio de nota, à qual o teve acesso nessa sexta-feira, um dos proprietários da Saritur nega relação com o caso.