Mato Grosso do Sul, 2 de junho de 2025
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Mulher sobrevive a cinco tiros ao tentar escapar do ex-marido pela segunda vez em Campo Grande

História de cárcere, abuso e violência culmina em tentativa de feminicídio; agressor foi preso e família clama por justiça diante de mais um caso alarmante de violência contra a mulher
Marcos foi preso em flagrante. Em vídeo gravado pela polícia, confessou o crime
Marcos foi preso em flagrante. Em vídeo gravado pela polícia, confessou o crime

Uma mulher sobreviveu a uma tentativa brutal de feminicídio após ser sequestrada e baleada pelo ex-marido em Campo Grande, na tarde do último dia 29. A vítima, que já havia tentado escapar anteriormente de um relacionamento abusivo, foi atingida por cinco disparos, mas permanece viva e consciente, recebendo atendimento médico na Santa Casa, onde se recupera de cirurgia e aguarda transferência para a enfermaria.

Do leito hospitalar, mesmo fragilizada, a mulher expressou preocupação com os netos e pediu perdão à família pela situação que está vivendo. “Minha mãe é muito forte”, declarou emocionado o filho, de 28 anos, que, por questões de segurança, terá a identidade preservada.

Em relato marcado pela indignação e dor, ele pediu justiça, não apenas pela mãe, mas por todas as mulheres vítimas de violência doméstica. “Quero que isso não fique impune. Não só pela minha mãe, mas por todas as mulheres. Eu sou casado, tenho uma filha, e vejo que nosso futuro é assustador. Tantos casos acontecendo de violência contra a mulher”, desabafou.

Segundo o filho, a história da mãe com Marcos Antônio de Souza Vieira, de 59 anos, começou como muitas outras marcadas pela manipulação afetiva: ele se apresentou como um homem perfeito, gentil, apaixonado e companheiro. No entanto, a máscara caiu quando ela começou a expressar suas vontades e tomar decisões de forma autônoma. “Como sempre, ele foi um príncipe no começo. Ela se apaixonou e ele parecia uma ótima pessoa. A partir do momento que ela começou a tomar decisões, ele ficou agressivo”, narrou o filho.

Isolada da família, dos netos e do trabalho, a vítima vivia uma rotina de total controle. Marcos chegou a comprar uma conveniência, mas não participava das atividades. Ela trabalhava no local sem receber salário, sem autonomia e, segundo relato familiar, sem liberdade sequer para escolher as próprias roupas.

Antes desse episódio, o casal passou cerca de seis meses em uma fazenda na cidade de Jardim, distante 236 km de Campo Grande. Foi ali que a vítima conseguiu fugir pela primeira vez. “Ela ficava presa em casa, ele era muito possessivo, doente. Ela ligou para a gente e veio embora só com a roupa do corpo”, recordou o filho.

Após a fuga, ela retornou para a casa da família e tentou recomeçar a vida, mas Marcos, com promessas de mudança, conseguiu persuadi-la a retomar o relacionamento. Três meses atrás, no entanto, a vítima decidiu fugir novamente. Desta vez, planejou tudo em silêncio, contando com o apoio da família para se esconder. Contudo, Marcos conseguiu descobrir seu paradeiro.

Ao localizar a ex-mulher, Marcos iniciou a execução de seu plano. Câmeras de segurança flagraram parte do sequestro no bairro Jardim Centenário. As imagens mostram a mulher caminhando na rua quando é surpreendida por ele, que dirigia um Hyundai HB20 branco. Ao notar a presença do agressor, ela tenta mudar a direção, mas ele desce do carro. Após alguns segundos de conversa, ela aparenta, sob forte pressão, concordar em entrar no veículo. A cena é interrompida ali.

Horas mais tarde, outra câmera registrou a mulher em um posto de combustíveis no bairro Parati. Em uma tentativa desesperada de fuga, ela entrou no banheiro do estabelecimento, mas Marcos estava atento e a perseguiu. Ao vê-la tentar escapar, ele efetuou os disparos. “Covarde. Atirou pelas costas”, revoltou-se o filho.

Logo após a tentativa de feminicídio, Marcos foi preso em flagrante. Em vídeo gravado pela polícia, confessou o crime sem demonstrar arrependimento, afirmando friamente: “Ela estava sacaneando comigo”.

A tragédia familiar mobilizou não apenas os parentes, mas também a comunidade, que clama por justiça e reforça a necessidade de políticas públicas mais eficazes no combate à violência doméstica. O filho da vítima encerrou seu relato com um apelo emocionado: “Briga de marido e mulher se mete a colher sim. Não quero que nenhum filho passe o que eu passei ontem”.

O caso evidencia, mais uma vez, a urgência de ações concretas e integradas para prevenir e punir a violência contra a mulher, que continua a fazer vítimas em todo o país. A força e a coragem da vítima ao lutar pela própria vida, mesmo diante de um histórico de abusos e ameaças, são um testemunho doloroso e, ao mesmo tempo, inspirador da resistência feminina frente à opressão.

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