A tão esperada chegada de Carlo Ancelotti à Seleção Brasileira não vai mais acontecer. O que parecia um plano ambicioso, costurado com antecedência, terminou como tantas outras tentativas da Confederação Brasileira de Futebol: num fracasso silencioso, cheio de vaidades, ruídos diplomáticos e falta de tato com os bastidores do futebol internacional.
O técnico italiano, multicampeão na Europa e respeitado mundialmente, era o nome dos sonhos do presidente Ednaldo Rodrigues para comandar a Seleção. Após um acerto verbal, a CBF acreditava que, com a temporada do Real Madrid se aproximando do fim e o clube tendo acumulado decepções como a eliminação na Champions League e a perda da Copa do Rei para o rival Barcelona, a liberação de Ancelotti seria apenas uma questão de tempo.
Só que o futebol, como sempre, surpreende. A diretoria do Real Madrid, liderada por Florentino Pérez, agiu com firmeza e impôs um obstáculo quase intransponível. O clube espanhol, mesmo admitindo que encerraria o ciclo de Ancelotti antes do fim do contrato previsto para junho de 2026, deixou claro que só abriria mão do técnico sem custos. O italiano, por sua vez, exigia o pagamento da multa rescisória a que teria direito. Um impasse que expôs a fragilidade das negociações da CBF.
Sem disposição para bancar a multa, nem força institucional para dobrar o gigante espanhol, a CBF deu um passo atrás. Mais uma vez, uma negociação é encerrada antes mesmo de se tornar oficial, e o futebol brasileiro continua à deriva, sem comando definido e com a credibilidade cada vez mais desgastada.
Agora, todas as atenções se voltam para Jorge Jesus, o treinador português que brilhou no Flamengo em 2019 e está de saída do Al-Hilal, da Arábia Saudita. É ele quem desponta como favorito para assumir a Seleção. Uma escolha que divide opiniões. Para muitos, é competente, ousado e experiente. Para outros, falta a ele o perfil institucional e o preparo para lidar com as pressões que envolvem comandar uma equipe como o Brasil em ano de Copa América.
Enquanto isso, o tempo corre. A CBF precisa entregar à Fifa, até o dia 18 de maio, a lista inicial de jogadores para os próximos compromissos das Eliminatórias da Copa, contra o Equador, no dia 5 de junho, e Paraguai, no dia 10. Sem técnico, a missão caberá a Rodrigo Caetano e Juan, coordenador e gerente da entidade.
O presidente Ednaldo Rodrigues insiste que quer o novo treinador anunciando a convocação. Mas como isso vai acontecer sem uma definição clara do comando? Até quando a Seleção será tratada como um laboratório de improvisos? E o mais grave: até quando o torcedor brasileiro terá que engolir mais uma tentativa frustrada, mais uma promessa quebrada?
A crise técnica que assombra a Seleção já ultrapassou o campo. Ela agora é institucional. O fracasso da negociação com Carlo Ancelotti é apenas o retrato de uma entidade que não consegue se impor, negociar com firmeza e planejar com profissionalismo. Enquanto isso, a camisa mais vitoriosa do futebol mundial segue sem rumo.
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