Mato Grosso do Sul, 22 de abril de 2025
Campo Grande/MS
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Nos 100 dias de Adriane Lopes, Campo Grande afunda na lama, buracos e na revolta da população

Chuva forte escancara descaso da prefeitura e transforma ruas e avenidas em rios em diversos bairros da cidade, deixando moradores ilhados, perdendo bens e sem respostas concretas do poder público
Foto: Henrique Arakaki, Midiamax
Foto: Henrique Arakaki, Midiamax

A cidade de Campo Grande viveu novamente uma tarde de caos nesta sexta-feira, 11 de abril, após uma chuva de apenas 15 minutos causar alagamentos severos em diferentes regiões. O cenário desolador é mais uma prova de que a capital sul-mato-grossense continua sem planejamento adequado para lidar com as chuvas, mesmo após os 100 primeiros dias da atual gestão da prefeita Adriane Lopes, marcada por promessas e poucas ações efetivas. Bairros inteiros ficaram submersos, motoristas perderam placas, moradores viram suas casas invadidas pela água e o sentimento de abandono foi escancarado.

Na Avenida Guaicurus, uma das mais movimentadas da região sul da cidade, cerca de 200 metros ficaram completamente alagados. O trânsito foi interrompido, condutores se arriscaram tentando atravessar o trecho alagado, e motociclistas precisaram desviar por outras rotas. A enxurrada foi tão intensa que carros ficaram submersos, pessoas ilhadas e, mais uma vez, a rotina de quem depende da via virou pesadelo.

Há três semanas, o mesmo local já havia sido palco de uma verdadeira tragédia urbana. Na ocasião, uma enxurrada arrastou dois veículos, deixou pessoas presas nas águas e destruiu os barracos de famílias que vivem em uma ocupação às margens da via. Bombeiros precisaram usar cordas ligadas a caminhões para resgatar vítimas que estavam prestes a ser levadas pela correnteza. Ainda assim, nenhuma medida eficaz foi tomada pelo poder público até agora.

Mas a Guaicurus não é um caso isolado. Em bairros como Jardim Los Angeles, Jardim das Macaúbas, Nova Lima, Vila Nasser, Aero Rancho, Moreninhas e Coophavila, os relatos são os mesmos: água invadindo casas, ruas intransitáveis, esgoto misturado à enxurrada, famílias perdendo móveis e utensílios, e um sentimento de revolta que cresce a cada nova chuva.

Na rua Dom Fernandes Sardinha, no Jardim Los Angeles, moradores registraram o momento em que a via ficou totalmente coberta pela água em poucos minutos. “Ficou assim em apenas 15 minutos de chuva. Sempre que chove é a mesma coisa. Já cansei de registrar e mandar para a prefeitura”, conta Luciana Machado, moradora da região há mais de 20 anos.

No Jardim das Macaúbas, a Avenida dos Cafezais virou um rio em frente à Unidade de Saúde Dra. Soni Lydia Souza Wolf. O problema já havia sido denunciado em fevereiro de 2024, quando moradores atribuíram o alagamento à construção de uma faixa elevada e à falta de bocas de lobo. A prefeitura chegou a prometer uma vistoria técnica, mas nada mudou. “A faixa elevada segura a água. Não tem para onde escoar. É uma represa. Nossas casas viram piscinas toda vez que chove. É revoltante”, desabafa um morador.

Outro ponto crítico foi registrado na região do Nova Lima, onde ruas sem asfalto e cheias de buracos viraram um mar de lama. Crianças não conseguiram sair de casa para ir à escola, trabalhadores perderam transporte e comerciantes contabilizaram prejuízos. Em alguns pontos da cidade, o acúmulo de lixo dificultou ainda mais o escoamento da água, agravando o cenário.

A situação mostra que Campo Grande sofre de um problema estrutural grave, que vai muito além da intensidade da chuva. Falta planejamento urbano, manutenção periódica de galerias pluviais, limpeza de bocas de lobo e obras estruturantes que realmente atendam as regiões mais afetadas. A cada tempestade, a população sofre as consequências da falta de ação e da morosidade da gestão pública.

Durante a campanha, a prefeita Adriane Lopes prometeu cuidar da cidade com atenção especial aos bairros e periferias. Passados 100 dias, o que se vê são promessas não cumpridas e moradores cada vez mais descrentes. Até o momento, a prefeitura não apresentou nenhum plano emergencial robusto para resolver o problema crônico dos alagamentos em Campo Grande.

O povo de Campo Grande não quer mais ver vídeos de ruas alagadas sendo compartilhados em redes sociais como se fosse novidade. Quer ações concretas, quer obras, quer planejamento. Quer dignidade.

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