Mato Grosso do Sul, 14 de maio de 2025
Campo Grande/MS
Fuente de datos meteorológicos: clima en Campo Grande a 30 días

Nova fronteira da saúde: Brasil e Paraguai iniciam mapeamento inédito para integração hospitalar

Governo de Mato Grosso do Sul se une a autoridades paraguaias e paranaenses em acordo pioneiro que busca reorganizar a rede de atendimento nas regiões de fronteira, com foco em diagnóstico conjunto e resposta imediata a emergências
Imagem - Marcos Espíndola
Imagem - Marcos Espíndola

Ao longo da faixa que divide Brasil e Paraguai, onde o fluxo diário de pessoas, bens e culturas é constante, surge agora um novo tipo de integração: a cooperação sanitária. Em um movimento inédito na história recente da diplomacia regional, o Governo de Mato Grosso do Sul, ao lado da Secretaria de Estado da Saúde do Paraná e de representantes do sistema público de saúde do Paraguai, deu início a um projeto ambicioso que visa mapear e reorganizar a rede de atendimento hospitalar em áreas de fronteira.

A iniciativa marca a implementação do primeiro eixo do acordo binacional firmado entre os dois países, nascido de um encontro diplomático realizado no mês anterior. Por meio desse pacto, formalizado no Brasil pelo Decreto nº 11.859/2023 e respaldado no Paraguai pela Lei nº 6.709/2021, pretende-se reestruturar, em bases concretas e científicas, o modo como os sistemas de saúde se comunicam e respondem às demandas da população que vive em cidades geminadas, como Ponta Porã e Pedro Juan Caballero, Mundo Novo e Salto del Guairá, Foz do Iguaçu e Ciudad del Este, além de Porto Murtinho e Carmelo Peralta.

Uma nova lógica de cooperação

A primeira etapa do projeto é essencialmente diagnóstica. Trata-se de um levantamento detalhado das capacidades hospitalares de ambos os lados da fronteira, envolvendo o número de leitos, a disponibilidade de equipamentos, a quantidade de profissionais da saúde e a estrutura de atendimento emergencial. O objetivo é claro: criar um panorama realista e integrado, capaz de sustentar decisões conjuntas sobre alocação de recursos, deslocamento de equipes médicas e respostas a surtos epidemiológicos.

“A integração nos permitirá entender, com precisão, a realidade de cada município envolvido. Ao cruzar dados, saberemos onde estão os gargalos, seja na oferta de leitos, na ausência de insumos ou na falta de pessoal técnico. Essa base é fundamental para uma rede regional de atendimento que funcione como um corpo único”, afirmou Crhistinne Maymone, secretária-adjunta da SES de Mato Grosso do Sul e uma das signatárias do termo de cooperação.

Mapeamento como alicerce para respostas rápidas

A operação de mapeamento será conduzida em consonância com as autoridades locais e nacionais, com destaque para as prefeituras dos municípios fronteiriços e o papel articulador da Sesa do Paraná. Além da coleta de dados, será criada uma plataforma de integração e intercâmbio de informações entre os serviços de saúde, visando à resposta coordenada e imediata a situações de emergência, surtos epidêmicos e escassez de recursos.

Outro ponto inovador do acordo é a instalação de uma sala binacional de situação epidemiológica, com sede rotativa e equipes técnicas mistas. A proposta é acompanhar, em tempo real, o comportamento de doenças e surtos que frequentemente atravessam a fronteira sem qualquer barreira natural ou institucional, como dengue, chikungunya, febre amarela e influenza.

Para Larissa Castilho, superintendente de Vigilância em Saúde da SES, o avanço não poderia ser mais necessário: “Doenças infecciosas não conhecem fronteiras políticas. Para proteger nossas populações, precisamos de vigilância contínua, dados compartilhados e ação coordenada. Essa iniciativa nos coloca na vanguarda da cooperação internacional em saúde pública.”

Atenção contínua e futuro compartilhado

A expectativa é que, com o diagnóstico em mãos, os próximos passos avancem rapidamente: o desenvolvimento de um plano de trabalho conjunto com metas claras, responsabilidades partilhadas e cronograma de execução. O plano também permitirá a mobilização de recursos financeiros e técnicos de forma mais eficiente, inclusive com o possível apoio de organismos internacionais interessados em fortalecer a cooperação sul-americana na área da saúde.

Em um tempo em que os desafios sanitários ganham contornos cada vez mais globais, a experiência da fronteira entre Brasil e Paraguai pode se tornar modelo para outras regiões do continente. Mais do que uma troca técnica, trata-se de um gesto de humanidade e visão de futuro: reconhecer que a saúde de um povo não termina onde começa um novo idioma, mas continua onde há diálogo, cooperação e compromisso com a vida.

#SaúdePública #CooperaçãoInternacional #FronteiraSaudável #BrasilParaguai #MapeamentoHospitalar #SistemaÚnicoDeSaúde #SaúdeBinacional #IntegraçãoLatinoAmericana #VigilânciaEpidemiológica #Paraguai #MatoGrossoDoSul #SaúdeNaFronteira

Suas preferências de cookies

Usamos cookies para otimizar nosso site e coletar estatísticas de uso.