Mato Grosso do Sul, 26 de abril de 2025
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O avanço da citricultura em Mato Grosso do Sul abre portas, transforma vidas e atrai grandes investimentos

Trabalhadores encontram novas oportunidades, produção cresce em ritmo acelerado e gigantes do setor apostam no estado como a nova fronteira da laranja no Brasil

Depois do boom do setor, produção de laranja gera empregos, atrai grandes empresas e transforma a economia do estado

Ana Paula do Nascimento acorda todo dia às 5 da manhã. Arruma as crianças para a escola, toma um café rápido e já segue para o barracão da fazenda Pouso Alegre, em Dois Irmãos do Buriti. Lá, começa a organizar as vendas da laranja e as tarefas do dia. Às 7 horas, a equipe já está no campo para iniciar a colheita. Ana Paula é administradora da fazenda e acompanha tudo de perto, garantindo que a produção siga o ritmo certo.

A frente da produção

Comanda um grupo de funcionários e diaristas que ajudam na colheita e distribuição das laranjas. A produção abastece mercados de cidades vizinhas e chega até Dourados e Campo Grande. Já teve até carga enviada para São Paulo e Paraná. “É um desafio enorme ser mulher e administrar uma fazenda. Mas o meu trabalho é valorizado. Os funcionários me respeitam e, mesmo sendo um ambiente dominado por homens, nunca senti preconceito”, conta Ana Paula, que desempenha um papel crucial não só na administração da fazenda, mas também na manutenção da qualidade da produção.

O cultivo de laranja em Mato Grosso do Sul tem sido um motor de crescimento para o agronegócio local, e Ana Paula é um exemplo do potencial transformador da citricultura. Nascida em Naviraí, Ana Paula já trabalhou em frigorífico e em granjas. Depois de se separar, mudou-se para Dois Irmãos do Buriti, onde conheceu o marido. Trabalhou como empregada doméstica até começar na citricultura.

“Cheguei aqui em 2018 como diarista. Fazia de tudo: carpia, desbrotava, colhia. Aprendi a passar os produtos e a cuidar de todo o processo. Até que me deram a responsabilidade de administrar a fazenda.” Ana Paula, com sua trajetória inspiradora, mostra como a citricultura oferece oportunidades de transformação pessoal e profissional, especialmente para mulheres que buscam se destacar no campo.

Hoje, além de cuidar da produção, ela negocia diretamente com os compradores. O marido, o pai e os filhos trabalham com ela. “É gratificante acompanhar tudo, do plantio à entrega. Dá uma sensação de dever cumprido.”

Um setor em expansão

A citricultura está crescendo em Mato Grosso do Sul, e Ana Paula acredita que isso só traz benefícios, mesmo com a chegada de novas empresas. O estado já é considerado um polo promissor para a produção de laranja, e a tendência é que esse crescimento continue nos próximos anos. “Tem espaço para todo mundo. O estado é ótimo para quem quer investir na produção de laranja”, afirma.

Além da expansão de áreas plantadas, o setor está se tornando cada vez mais competitivo, com o aumento da produtividade e o aprimoramento das técnicas de cultivo. A produção local tem se destacado pela qualidade das frutas, o que tem garantido um lugar de destaque nos mercados nacionais e internacionais.

Vida no campo

Adriano dos Santos Silva, morador de Dois Irmãos do Buriti, trabalha na citricultura há sete anos. Ele é responsável pela aplicação dos defensivos agrícolas e pela manutenção do pomar. “Prefiro mil vezes estar no campo do que em um ambiente fechado. Trabalhar na natureza é muito mais tranquilo”, diz ele, que, após migrar de outras culturas como banana e abacaxi, encontrou na citricultura uma vocação.

“Me chamaram para a laranja e nunca mais saí. Quero continuar nesse ramo até ficar bem velhinho.” O trabalho no campo exige paciência e perseverança, e Adriano destaca a importância do clima para o sucesso da produção. “Chuva é boa para nós, mas quando vem a seca e o sol forte, complica tudo.”

Ele também observa o impacto da chegada de novos produtores. “Recomendo demais! É um ótimo trabalho e estou muito feliz. Claro que dá aquele medo com tanta gente nova chegando, mas acho que vai ser bom para todos.” A sensação de pertencimento e comunidade no setor tem se fortalecido à medida que mais pessoas entram na citricultura, criando uma rede de apoio e troca de conhecimentos.

Nova fronteira agrícola

Mato Grosso do Sul está se tornando uma potência na produção de laranja. Atualmente, são 15 mil hectares plantados, mas a expectativa é dobrar nos próximos anos. O sucesso se deve ao clima favorável, à legislação rígida contra doenças e aos investimentos do governo na infraestrutura. O estado tem se tornado um exemplo de inovação e boas práticas agrícolas.

“É uma nova fase de prosperidade para o estado. A confiança dos produtores está trazendo um grande avanço para a nossa economia”, afirma o governador Eduardo Riedel. Essa prosperidade tem refletido diretamente na qualidade de vida dos trabalhadores rurais, na criação de empregos e na geração de renda para as famílias do interior.

Grandes investimentos

O estado atraiu gigantes do setor, como a Cutrale, que já começou a plantar em Sidrolândia e pretende investir até R$ 1 bilhão na produção. A Citrosuco, uma das maiores do mundo em suco de laranja, também está interessada na região. Outros grandes investidores também estão mirando Mato Grosso do Sul, como o grupo Moreira Sales, que vai plantar em Ribas do Rio Pardo, gerando mais de 3 mil empregos diretos e indiretos.

O Agro Terena e o Grupo Junqueira Rodas, entre outros, também estão expandindo suas operações em regiões como Bataguassu e Paranaíba. Esses investimentos têm sido cruciais para o fortalecimento do setor e para a criação de uma infraestrutura robusta de produção e distribuição de laranja, permitindo que Mato Grosso do Sul conquiste novos mercados.

“Hoje temos mais de 30 mil hectares captados. A citricultura veio para Mato Grosso do Sul por causa do greening, doença que afetou pomares no mundo inteiro. Aqui, criamos uma lei de tolerância zero para evitar que isso aconteça. Esse é o grande diferencial que coloca o estado no radar do setor”, explica Jaime Verruck, secretário da Semadesc. As medidas de controle e prevenção de doenças têm sido um ponto crucial para garantir a sanidade dos pomares e o sucesso da produção.

Indústria e inovação no setor

O próximo passo agora é a industrialização. Com a chegada das fábricas de suco e outros derivados, a tendência é que Mato Grosso do Sul se torne referência nacional no setor. Empresas como a Cutrale e a Citrosuco têm investido na construção de unidades de processamento, o que permitirá que o estado não apenas produza a fruta, mas também agregue valor ao produto com a fabricação de sucos e outros produtos derivados da laranja.

Esse movimento de industrialização pode transformar o estado em um polo de inovação no agronegócio, com a implementação de novas tecnologias, processos mais eficientes e soluções sustentáveis para a produção agrícola. A expectativa é que esse setor movimente bilhões de reais e seja um dos pilares da economia estadual nas próximas décadas.

Impactos sociais e econômicos

A citricultura não está apenas gerando empregos no campo, mas também tem promovido melhorias sociais, como o acesso à educação e à saúde para os trabalhadores rurais. O crescimento do setor tem contribuído para o aumento da renda das famílias, proporcionando uma vida melhor para muitos que, antes, não tinham tantas opções de trabalho no interior.

Além disso, a formação de cooperativas e a troca de experiências entre os produtores têm fortalecido o senso de comunidade e ajudado a superar desafios, como a adaptação a novas tecnologias e a melhoria das condições de trabalho. A citricultura em Mato Grosso do Sul não é apenas uma história de crescimento econômico, mas também de transformação social, onde as novas gerações de trabalhadores têm a oportunidade de aprender e prosperar.

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