No coração da América do Sul, Mato Grosso do Sul se tornou palco de uma guerra silenciosa. Localizado estrategicamente entre Brasil, Bolívia e Paraguai, o estado é visto como um corredor vital para o tráfico de drogas, contrabando de cigarros e crescimento do crime organizado. Esta realidade, que afeta diretamente a segurança e a vida de milhares de pessoas, traz à tona perguntas inquietantes sobre o futuro da região e as respostas das autoridades frente a essa crise.
O avanço do crime organizado
As rodovias que cortam Mato Grosso do Sul, como a BR-262 e a BR-163, já foram vias de desenvolvimento e integração, mas hoje são consideradas as principais rotas do tráfico no Brasil. Segundo dados de órgãos de segurança, toneladas de drogas e cargas de cigarros contrabandeados entram no país por essas estradas. A proximidade com a fronteira torna cidades como Ponta Porã, Corumbá e Mundo Novo alvos fáceis para as ações de facções criminosas.
“Estamos vivendo um pesadelo”, relata Maria de Fátima, moradora de Ponta Porã. “A violência tomou conta da nossa cidade. Não sabemos mais quem são os mocinhos e os bandidos.”
Além do tráfico, os homicídios crescem em ritmo alarmante. Disputas entre facções rivais transformam as ruas em campos de batalha, e muitos inocentes acabam pagando com a vida. Dados da Secretaria de Segurança Pública apontam que, só em 2024, o número de homicídios aumentou em 20% na região de fronteira.

Comboio com 5 carretas é a segunda maior apreensão de cigarros contrabandeados do país MS — Foto: PRF/Divulgação
O contrabando de cigarros: um mercado bilionário
Enquanto o tráfico de drogas domina as manchetes, o contrabando de cigarros se consolida como uma atividade lucrativa para o crime organizado. Estima-se que o Brasil perca cerca de R$ 10 bilhões por ano com o comércio ilegal de cigarros, sendo Mato Grosso do Sul uma das principais portas de entrada.
“É impressionante como caminhões cheios de mercadoria ilegal passam pelas estradas sem serem fiscalizados”, denuncia um caminhoneiro que preferiu não se identificar. “É um sistema muito bem organizado. Parece que todo mundo sabe, mas ninguém faz nada.”
O que dizem as autoridades?
As autoridades garantem que estão intensificando os esforços para combater o crime organizado. O governador do estado, Eduardo Riedel, em recente coletiva, anunciou um reforço no policiamento nas rodovias e um plano de investimento em tecnologia para monitoramento da fronteira.
“Quem apostar no crime organizado vai perder, tenho convicção disso”, afirmou Riedel, destacando a importância de investimentos e integração no combate às organizações criminosas.
O secretário de Estado de Justiça e Segurança Pública, José Carlos Barbosa, ressaltou a necessidade de uma política nacional de segurança e maior apoio federal. Ele destacou que o contingente policial atual não é suficiente para fiscalizar a extensa fronteira seca do estado. “Sabemos que o contingente de policiais fiscalizando a nossa fronteira não é suficiente, pois temos uma fronteira seca extensa e de fácil acesso. No entanto, buscamos com a união das polícias tirar de circulação grande quantidade de drogas”, afirmou Barbosa.
Além disso, o governador Riedel chamou a atenção para o impacto financeiro no sistema prisional do estado, com 40% dos presos envolvidos no tráfico de drogas, resultando em um custo anual de R$ 230 milhões. Ele cobrou apoio da União para custear o sistema prisional sobrecarregado por presos envolvidos em tráfico internacional de drogas oriundos da fronteira com a Bolívia e o Paraguai.
A voz da fronteira
Os moradores da região de fronteira vivem um cotidiano de medo e desconfiança. “É difícil confiar em alguém aqui”, diz João Carlos, comerciante de Corumbá. “Às vezes, a pessoa que parece um vizinho é quem está envolvido no tráfico.”
Apesar disso, muitos ainda têm esperança de dias melhores. “A gente só quer viver em paz, criar nossos filhos e trabalhar sem medo”, desabafa Ana Paula, moradora de Dourados.
Uma luta de todos
O crescimento do crime organizado em Mato Grosso do Sul não é apenas um problema local. É um reflexo de um sistema que precisa de mudanças estruturais urgentes. Para vencer essa batalha, será necessário um esforço conjunto entre governo, sociedade e forças de segurança.
Enquanto isso, a população vive na expectativa de que o estado volte a ser conhecido não como a rota do tráfico, mas como a terra de oportunidades e segurança. Afinal, o futuro da região depende das ações de hoje.
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