Mato Grosso do Sul, 9 de maio de 2025
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O império da cocaína em MS: Como um casal de baixa renda movimentou R$ 24 milhões e entrou na mira do Coaf

Investigados como laranjas do tráfico, moradores de Corumbá movimentaram valores milionários enquanto traficantes ostentavam carros de luxo e apartamentos em condomínios de alto padrão
Casa no Alphaville onde foi cumprido mandado contra um suposto financiador do tráfico
Casa no Alphaville onde foi cumprido mandado contra um suposto financiador do tráfico

Uma investigação conduzida pelo Garras (Delegacia Especializada de Repressão a Roubo a Banco, Assaltos e Sequestros) revelou a existência de uma das principais redes de fornecimento de cocaína no Mato Grosso do Sul. O esquema envolvia desde atacadistas do tráfico até laranjas que movimentavam valores incompatíveis com suas rendas. No centro da trama, um casal residente em um bairro humilde de Corumbá chamou a atenção dos investigadores ao movimentar impressionantes R$ 24,4 milhões no período de 33 meses.

Os relatórios do Coaf (Conselho de Controle de Atividades Financeiras) foram fundamentais para expor a magnitude das transações suspeitas. O casal, identificado apenas pelas iniciais A.C.P.C. e C.T.A., declarou rendimentos modestos: ele como representante comercial com renda de R$ 2,2 mil por mês e ela como estudante, recebendo supostos R$ 2 mil mensais. Apesar disso, suas contas bancárias registraram movimentações milionárias, majoritariamente via Pix, que, segundo os investigadores, eram provenientes dos traficantes Lucas Pereira da Costa e Matheus Henrique Lemos Diniz.

Tráfico digitalizado: Como funcionava o esquema?

A operação criminosa funcionava com alto grau de sofisticação. A droga, enviada de Corumbá para a Capital, gerava pagamentos vultosos que passavam primeiro pelas contas do casal de Corumbá antes de serem pulverizados entre outros integrantes do grupo. Em algumas ocasiões, parte dos valores era convertida em espécie, dificultando o rastreamento.

O “representante comercial” investigado pelo Coaf já havia sido alvo de inquérito por tráfico de drogas em 2020. Em apenas 33 meses, ele registrou uma receita de R$ 7,014 milhões e despesas de R$ 6,54 milhões, resultando em um fluxo total de R$ 13,5 milhões. Sua esposa, monitorada pelo Coaf por 24 meses, movimentou R$ 10,8 milhões.

Foto: Paulo Francis

Enquanto os laranjas mantinham um perfil discreto, os verdadeiros cabeças do esquema ostentavam um estilo de vida de alto padrão. Matheus Diniz, por exemplo, foi flagrado com um Porsche Boxster, um dos vários bens adquiridos com o dinheiro do tráfico. Ele morava no Edifício Liège, no centro de Campo Grande, enquanto seu parceiro, Lucas Costa, residia no Edifício Gaudí, um dos endereços mais luxuosos da cidade.

A investigação do Garras ainda busca identificar se o grupo abastecia outros estados. As transações milionárias indicam que o número de envolvidos pode ser muito maior do que o inicialmente identificado.

Desdobramentos da investigação

A Operação Facilem Vitam, deflagrada recentemente, levou ao fechamento de duas biqueiras, sendo que uma delas funcionava também como refinaria de cocaína. Câmeras de segurança de comércios próximos ajudaram a rastrear a movimentação dos suspeitos, e o Garras segue monitorando possíveis novos envolvidos.

A falta de uma declaração oficial dos envolvidos aumenta a pressão sobre as autoridades para que acelerem as prisões e bloqueios de bens. Enquanto isso, a população assiste a mais um escândalo de lavagem de dinheiro ligado ao tráfico de drogas em Mato Grosso do Sul.

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