No Brasil, um em cada três brasileiros está vivendo com obesidade, e o cenário pode piorar nos próximos anos. De acordo com o Atlas Mundial da Obesidade 2025, lançado nesta segunda-feira, 3 de março, pela Federação Mundial da Obesidade, a previsão é de que o número de homens com obesidade aumente em 33,4% até 2030 e, entre as mulheres, o crescimento pode chegar a 46,2%.
O estudo revela que 68% da população brasileira tem excesso de peso, sendo 37% com sobrepeso e 31% com obesidade. Além disso, quase metade dos brasileiros não pratica atividade física regularmente, o que agrava ainda mais a situação.
O Peso Das Doenças Ligadas À Obesidade
Os impactos na saúde são alarmantes. O relatório aponta que 60,9 mil mortes prematuras no Brasil podem ser atribuídas a doenças crônicas não transmissíveis ligadas ao excesso de peso. Entre elas, diabetes tipo 2, hipertensão e Acidente Vascular Cerebral (AVC).
O endocrinologista Marcio Mancini, especialista em obesidade e diretor da Associação Brasileira para o Estudo da Obesidade e Síndrome Metabólica (Abeso), destaca que o Brasil precisa encarar o problema como uma questão de saúde pública.
“Não dá para responsabilizar apenas o indivíduo. Como dizer para quem sai de casa às 5h da manhã e volta às 21h, depois de horas no transporte público, para comer melhor e ir à academia? Precisamos de medidas públicas para mudar esse cenário”, afirma o especialista.
Entre as ações defendidas por especialistas estão tributação sobre bebidas açucaradas, alertas nos rótulos de alimentos ultraprocessados e incentivo ao consumo de produtos naturais. Mancini reforça que apenas campanhas esporádicas não são suficientes.
“Falar de alimentação saudável um dia no ano na escola não muda a realidade de ninguém. Precisamos de políticas contínuas e eficientes”, alerta.
Fatores Além Da Alimentação: Segurança, Transporte E Infraestrutura
A obesidade não é apenas uma questão de alimentação e sedentarismo. Especialistas chamam a atenção para fatores urbanos e sociais que impactam diretamente na qualidade de vida da população.
“A segurança pública e a infraestrutura urbana também influenciam”, diz Mancini. “Se a cidade não tem iluminação adequada e as pessoas têm medo de sair na rua, como esperar que elas caminhem ou andem de bicicleta? Se o transporte público fosse eficiente, mais pessoas poderiam deixar o carro em casa e se movimentar mais.”
Ele ainda destaca a necessidade de parques acessíveis em todas as regiões das cidades e calçadas adequadas para caminhadas.
Obesidade Cresce No Mundo E Países Não Estão Preparados
O relatório global revela que mais de 1 bilhão de pessoas vivem com obesidade no planeta, e esse número pode chegar a 1,5 bilhão até 2030. O problema é que dois terços dos países ainda não estão preparados para lidar com esse avanço, e apenas 7% possuem sistemas de saúde adequados para o tratamento da obesidade.
A condição já está ligada a 1,6 milhão de mortes prematuras por ano, superando até mesmo os acidentes de trânsito.
A Federação Mundial da Obesidade alerta que, sem medidas eficazes, o aumento da obesidade será 115% maior entre 2010 e 2030. Para frear essa tendência, a entidade defende ações como rotulagem obrigatória nos alimentos, tributação de produtos ultraprocessados e maior incentivo à atividade física nas escolas e comunidades.
Comparação Entre Países: Como O Brasil Está No Ranking?
Os índices do Brasil são preocupantes, mas ainda estão abaixo dos números dos Estados Unidos, onde 75% da população tem excesso de peso e 44% já vivem com obesidade.
Por outro lado, o Brasil já apresenta índices piores do que a China, onde 41% da população tem excesso de peso e apenas 9% vivem com obesidade.
Mancini aponta que o Brasil ainda consome menos ultraprocessados que os Estados Unidos, o que pode ser um ponto positivo na luta contra o avanço da obesidade. “O consumo de arroz e feijão tem caído, enquanto alimentos industrializados ganham espaço. Mas ainda dá tempo de reverter essa situação”, alerta.
Mudar O Mundo Pela Saúde: Uma Iniciativa Para Conscientização
Diante desse cenário preocupante, a campanha Mudar o Mundo Pela Saúde busca mobilizar governos, instituições e a sociedade para criar mudanças reais.
O Dia Mundial da Obesidade, celebrado nesta terça-feira, 4 de março, tem o objetivo de conscientizar sobre a importância de ações concretas para frear o avanço da obesidade.
Como parte dessa iniciativa, a Abeso, em parceria com a Sociedade Brasileira de Endocrinologia e Metabologia (SBEM), lançou um e-book gratuito, intitulado “Mudar o Mundo Pela Nossa Saúde”. O material propõe mudanças em políticas públicas e no setor privado para melhorar a prevenção e o tratamento da obesidade.
A obesidade não é apenas uma questão estética. É uma crise de saúde pública que precisa de ações urgentes e eficazes. Com mudanças na infraestrutura das cidades, políticas alimentares inteligentes e incentivo à prática de atividades físicas, é possível reverter essa tendência e garantir mais qualidade de vida para a população.
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