Mato Grosso do Sul, 4 de julho de 2025
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Ópera brasileira emociona multidão em Copacabana com história de Rubens Paiva e celebra 25 anos da Orquestra Ouro Preto

Montagem musical de Feliz Ano Velho transforma a praia em palco popular e reforça o poder da arte como elo de memória, inclusão e identidade nacional
Imagem - Rapha Garcia
Imagem - Rapha Garcia

Na confluência da cultura com o povo, onde a arte se ergue sobre o palco mais simbólico do país, a areia de Copacabana tornou-se cenário de uma experiência singular no último final de semana. A Orquestra Ouro Preto, em comemoração aos seus 25 anos, apresentou ao público carioca uma ópera brasileira inédita, baseada no clássico literário Feliz Ano Velho, de Marcelo Rubens Paiva. A obra, que entrelaça memória, dor, resistência e superação, foi transformada em música e encenação comovente diante de milhares de espectadores que lotaram a praia.

A montagem, viabilizada pela Lei Rouanet, levou ao palco a saga da família de Rubens Paiva e de sua esposa Eunice, marcada pelo trauma da ditadura e pela reabilitação física e emocional do filho escritor, após tornar-se cadeirante. A iniciativa integra o projeto de óperas populares da Orquestra Ouro Preto, que já havia adaptado para o mesmo formato títulos emblemáticos da literatura nacional, como Auto da Compadecida e Hilda Furacão.

Sob a regência de Rodrigo Toffolo, a apresentação ganhou força ao se entrelaçar à paisagem e ao sentimento coletivo. “O que realizamos aqui é mais do que uma performance. É uma devolução simbólica e real à sociedade que nos sustenta através das políticas públicas de cultura. Essa democratização do acesso transforma vidas”, pontuou o maestro.

O compositor Tim Rescala, responsável pela música e pelo libreto da ópera, ressaltou a importância do incentivo estatal. “Montar uma ópera é um processo dispendioso e complexo. A presença de um público diverso e numeroso na praia mostra que o investimento vale a pena. Essa obra só existe porque há um compromisso com a cultura pública e com a produção artística nacional de qualidade.”

A montagem inovou ao trazer artistas cadeirantes integrados organicamente ao elenco. Johny França interpretou Marcelo Rubens Paiva, ao lado de Jabez Lima, no papel do deputado desaparecido Rubens Paiva, e Marília Vargas como Eunice Paiva. A participação especial do músico Arrigo Barnabé adicionou densidade poética à encenação. Segundo Rescala, “não há caridade ou exceção, há inclusão verdadeira. A história exige esse protagonismo”.

A ambientação de Copacabana, com sua amplitude simbólica, foi celebrada pelas instrumentistas Mara e Marina Toffolo, violinistas da orquestra. “Estamos tocando em um dos lugares mais democráticos do Brasil. Ver essa história cantada na nossa língua, com nossa música, diante do nosso povo, é a mais pura tradução do que é ser brasileiro”, comentou Marina. “A arte é um direito, não um privilégio”, completou Mara.

Ao longo de sua trajetória, a Orquestra Ouro Preto captou mais de R$ 77 milhões por meio da Lei Rouanet. Para Toffolo, os números demonstram não só a eficiência de gestão como o impacto direto das políticas públicas na produção cultural. “Transformamos recursos em concertos, em emoção, em acesso, em cidadania. Cada real investido aqui retorna em forma de identidade e pertencimento.”

No domingo, a programação seguiu com um novo tom, desta vez mergulhado nas raízes do samba e da alegria popular. A Orquestra dividiu o palco com a cantora Mart’nália e com o animado Bloco do Sargento Pimenta, em um repertório de clássicos do carnaval carioca e dos Beatles em ritmo brasileiro, reforçando o caráter plural do projeto.

A ópera Feliz Ano Velho não apenas reconstrói uma trajetória de vida marcada pela dor e superação, mas reafirma, em seu gesto de ir às ruas, o compromisso da cultura com o povo. Na memória dos que assistiram de perto, permanece não apenas a melodia, mas o sentimento de pertencimento. Porque quando a arte alcança a multidão, ela cumpre o seu papel mais nobre: o de ser espelho e voz de uma nação.

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