Uma operação de grande envergadura realizada por forças de segurança do Paraguai, em área de mata fechada na região de Salto Del Guairá, nas proximidades da fronteira com o município brasileiro de Mundo Novo, culminou na morte de três traficantes fortemente armados, na prisão de outros três integrantes da mesma facção criminosa e na apreensão de um vasto arsenal de guerra e quase uma tonelada de maconha embalada e pronta para distribuição. A ofensiva foi conduzida por agentes da Senad (Secretaria Nacional Antidrogas) em parceria com militares do Comando de Operações de Defesa Interna (Codi), que identificaram e destruíram um acampamento estratégico pertencente a uma célula do narcotráfico ligada diretamente ao criminoso mais procurado do Paraguai, Felipe Acosta Riveros, conhecido como Macho.
Criminosos mortos em confronto direto e suspeitos capturados após perseguição
A aproximação das forças oficiais à zona de mata, onde funcionava o acampamento, resultou em intenso tiroteio. Três traficantes reagiram à abordagem e morreram em confronto direto: Guido Nicolás Coronel Vera, de 25 anos, Junior Antonio Montanía Lezcano, de 24, e Leonardo Brítez Guánez, de 30. Com armamento de grosso calibre, os criminosos abriram fogo contra os agentes, o que desencadeou a resposta imediata da tropa especializada.
Após o cessar-fogo, três suspeitos que haviam conseguido escapar da área do conflito foram localizados e detidos. São eles: Gustavo Damián Paredes, Juan Carlos Genes Rivas e Aníbal González Benítez. Segundo o Ministério da Defesa do Paraguai, os indivíduos capturados são membros ativos da organização criminosa e estariam encarregados da guarda do armamento e da logística do transporte fluvial da droga.
Estrutura paramilitar com armamento pesado e táticas de camuflagem
No acampamento, foram apreendidos 13 fuzis dos calibres 5,56 mm e 7,62 mm, dois deles de uso militar, além de duas espingardas calibre 12, 734 cartuchos de munições variadas, incluindo projéteis calibre .50, 21 carregadores e cinco uniformes táticos semelhantes aos utilizados pelas Forças Armadas do Paraguai. O arsenal indica o grau de militarização da quadrilha e a clara intenção de agir com camuflagem, força armada e domínio territorial.
A operação também recolheu três embarcações utilizadas para transportar grandes quantidades de drogas pelo Rio Paraná, com destino ao território brasileiro. Segundo o serviço de inteligência, a maconha apreendida – cerca de 900 quilos – seria enviada a centros de redistribuição no Brasil, reforçando a presença transnacional da organização.
O fantasma chamado Macho: o criminoso mais procurado do Paraguai
No centro das investigações está Felipe Acosta Riveros, conhecido como Macho. Considerado o narcotraficante mais perigoso e influente do país, ele comanda uma estrutura multifacetada de produção, armazenamento e distribuição de drogas, principalmente maconha, operando entre os departamentos de Canindeyú, Amambay e San Pedro, com forte conexão na fronteira com o Brasil.
Acosta Riveros é apontado como o responsável pela consolidação de acampamentos com perfil paramilitar, investindo em armamento pesado, infraestrutura fluvial e corrompendo autoridades locais. Desde que foi incluído na lista de mais procurados da Senad, ele se tornou símbolo da resistência do narcotráfico na região lindeira. Sua organização é frequentemente comparada a pequenas milícias armadas, com presença constante em zonas de mata e forte aparato de segurança particular.
Senad intensifica ações na fronteira em parceria com o Brasil
Nos últimos anos, a Senad intensificou sua presença na faixa de fronteira com o apoio do Ministério da Defesa e de cooperação com autoridades brasileiras. Ações conjuntas têm se tornado cada vez mais necessárias, uma vez que o modelo de operação adotado por organizações como a de Acosta Riveros transcende as fronteiras nacionais.
A faixa entre Salto Del Guairá e Mundo Novo é considerada ponto estratégico por dar acesso direto às rotas rodoviárias brasileiras que ligam o Centro-Oeste ao Sudeste. Além disso, a região possui rios navegáveis e vegetação densa, dificultando a fiscalização por terra. A operação que resultou na eliminação de três criminosos e na prisão de outros três é, segundo o governo paraguaio, um “duro golpe” na base operacional da facção.
Repercussão e continuidade nas investigações
O Ministério da Defesa e a direção da Senad declararam que as investigações prosseguem, e que novas operações já estão previstas para os próximos meses. O objetivo central, segundo o ministro Óscar González, é desestruturar completamente a rede de proteção em torno de Acosta Riveros, e impedir o ressurgimento de novos acampamentos do tipo na fronteira.
As autoridades brasileiras, por sua vez, também monitoram o avanço da organização para dentro do país, sobretudo em áreas rurais dos estados de Mato Grosso do Sul e Paraná, onde ramificações da facção já foram identificadas em investigações anteriores da Polícia Federal.
Com esta operação, as forças de segurança reafirmam o compromisso de enfrentar com firmeza e estratégia o narcotráfico de fronteira, que há décadas atua de forma violenta, estruturada e profundamente enraizada nas zonas de divisa entre Paraguai e Brasil.
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