Durante o avanço da quarta fase da Operação Overclean, deflagrada na manhã desta sexta-feira, 27 de junho, a Polícia Federal encontrou uma grande quantia em dinheiro vivo escondida em gavetas de um closet pertencente a um dos alvos da investigação no estado da Bahia. A descoberta ocorreu no cumprimento de mandados de busca e apreensão autorizados pelo Supremo Tribunal Federal (STF), que também determinou o afastamento de três prefeitos suspeitos de envolvimento em um esquema de corrupção envolvendo recursos federais.
O foco desta nova etapa da operação está centrado em um núcleo político acusado de desviar verbas públicas através de contratos vinculados a emendas parlamentares. Foram cumpridos 16 mandados judiciais nas cidades de Salvador, Camaçari, Boquira, Ibipitanga e Paratinga. As investigações indicam que os prefeitos afastados mantêm vínculo direto com o deputado federal Félix de Almeida Mendonça Júnior, do PDT da Bahia, que, embora não tenha sido alvo direto nesta fase, é investigado pela Polícia Federal.
Conforme as apurações, o grupo atuava de forma coordenada para liberar recursos federais mediante o pagamento de propinas e outras vantagens indevidas, além de manipular processos licitatórios para favorecer empresas específicas previamente selecionadas. As condutas criminosas ocorreram principalmente entre os anos de 2021 e 2024 e tiveram como epicentro os municípios baianos de Boquira, Ibipitanga e Paratinga.
Os crimes investigados abrangem corrupção ativa e passiva, peculato, fraude em licitações, organização criminosa e lavagem de dinheiro. As evidências obtidas até o momento revelam um esquema bem estruturado e com ramificações em diferentes esferas do poder público.
A Operação Overclean teve início em dezembro de 2024 e é conduzida por uma força-tarefa composta pela Polícia Federal, Ministério Público Federal (MPF), Receita Federal do Brasil (RFB) e Controladoria-Geral da União (CGU), com apoio internacional da agência americana Homeland Security Investigations (HSI). O principal objetivo da operação é o combate ao desvio de recursos públicos federais, especialmente verbas oriundas de emendas parlamentares destinadas a municípios baianos.
Na primeira fase, o foco das investigações recaiu sobre o empresário José Marcos de Moura, conhecido como “Rei do Lixo”, preso pela Polícia Federal. Ele é apontado como elo entre agentes públicos e empresários favorecidos nos contratos suspeitos. Em sua residência, os agentes encontraram um cofre contendo documentos e uma escritura de imóvel envolvendo o deputado federal Elmar Nascimento, do União Brasil da Bahia, também citado nas investigações, embora negue qualquer envolvimento com os fatos.
Uma das principais provas levantadas foi a apreensão de uma planilha contendo mais de R$ 1,4 bilhão em contratos públicos suspeitos. Ao menos cem pessoas foram identificadas como integrantes do esquema, muitas delas nomeadas por apelidos em documentos interceptados. As investigações apontam que a organização criminosa tem ramificações em estados como Bahia, Rio de Janeiro e Amapá.
Fases anteriores da operação também chamaram a atenção da opinião pública. Em uma delas, agentes apreenderam mais de R$ 1 milhão em espécie, parte do qual foi lançada pela janela por um vereador, Francisquinho Nascimento, primo do deputado Elmar Nascimento, na tentativa de evitar o flagrante. O montante foi recolhido pela Polícia Federal.
Relatórios produzidos pela Controladoria-Geral da União ainda em 2024 apontaram a celebração de contratos que somavam R$ 825 milhões com indícios de superfaturamento superior a R$ 8 milhões apenas em acordos firmados com o Departamento Nacional de Obras contra as Secas (Dnocs).
A Operação Overclean segue em curso e, segundo fontes ligadas à investigação, novas fases devem ser deflagradas nas próximas semanas, à medida que se aprofundam as análises sobre o fluxo de recursos públicos desviados e o papel de agentes políticos e empresários no esquema.
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