Mato Grosso do Sul, 7 de junho de 2025
Campo Grande/MS
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Pantanal e Cerrado apresentam queda no desmatamento, enquanto a Amazônia enfrenta aumento por seca e incêndios

Dados recentes do Inpe revelam tendências opostas nos biomas brasileiros: ações de combate surtem efeito em algumas regiões, mas Amazônia sofre os efeitos severos das mudanças climáticas e de queimadas históricas
Imagem - Lucas Ramos
Imagem - Lucas Ramos

O mês de maio de 2025 marcou um ponto de inflexão no panorama ambiental do Brasil. Dados divulgados pelo Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe), por meio do Sistema de Detecção de Desmatamentos em Tempo Real (Deter), apontaram que os biomas Pantanal e Cerrado apresentaram reduções significativas nas taxas de desmatamento no período entre agosto de 2024 e maio de 2025. No entanto, a Amazônia segue na direção oposta, registrando aumento considerável nas perdas de cobertura vegetal, reflexo direto de incêndios florestais e da seca histórica que se abateu sobre a região.

No Pantanal, o cenário atual é promissor. A redução de 74% no desmatamento, em comparação ao mesmo intervalo entre 2023 e 2024, é indicativo de que os esforços de prevenção e fiscalização têm surtido efeito. Apenas no mês de maio, a retração foi de 65% em relação ao mesmo mês do ano anterior. Houve também avanço expressivo no controle das queimadas, com menos de 10 km² de área atingida pelo fogo nos meses de fevereiro, março e abril, uma queda de 99% em relação ao mesmo trimestre de 2024.

O Cerrado também apresenta resultados animadores. A taxa de desmatamento caiu 22% entre agosto de 2024 e maio de 2025, e, em maio isoladamente, houve retração de 15% na comparação anual. Esses resultados decorrem de uma combinação entre medidas legislativas, aumento da fiscalização e parcerias com governos estaduais e municipais.

Em contraposição, a Amazônia enfrenta uma realidade alarmante. Houve um crescimento de 9,1% na taxa de desmatamento entre agosto de 2024 e maio de 2025. Ainda mais dramático foi o aumento de 92% registrado apenas em maio, em relação ao mesmo mês do ano anterior. O principal fator responsável por esse salto é a seca severa que assolou a região nos anos de 2023 e 2024, agravada pela propagação de incêndios em áreas de vegetação nativa. Dos focos de calor registrados na Amazônia nesse período, 23,7% ocorreram em florestas primárias, contra 13,5% no ciclo anterior.

Durante coletiva de imprensa realizada nesta sexta-feira, 6 de junho, no auditório do Ministério do Meio Ambiente e Mudança do Clima (MMA), em Brasília, o ministro substituto João Paulo Capobianco destacou o impacto direto das mudanças climáticas sobre os ecossistemas amazônicos. “A Amazônia está sendo submetida a uma pressão climática jamais vista. A seca extrema e os incêndios florestais alteraram profundamente a dinâmica do desmatamento na região”, afirmou.

Capobianco também apresentou dados globais consolidados pelo Inpe em parceria com o World Resources Institute (WRI), que mostram que, em 2024, os incêndios florestais foram responsáveis por quase metade da perda de florestas primárias no planeta. Em países como o Canadá, por exemplo, os danos causados pelo fogo superaram aqueles provocados por desmatamento convencional, sinalizando uma nova tendência na degradação ambiental global.

Diante deste cenário, o governo federal tem reforçado sua estrutura normativa e operacional para enfrentar os desafios ambientais. Uma das principais medidas foi a criação da Política Nacional de Manejo Integrado do Fogo, que organiza ações de prevenção e combate aos incêndios e estabelece responsabilidades compartilhadas entre União, estados, municípios e sociedade civil. Capobianco classificou a política como um marco no enfrentamento dos eventos extremos.

Outro avanço importante foi a sanção da Lei 15.143/2025, pelo presidente em exercício Geraldo Alckmin, durante as celebrações do Dia Mundial do Meio Ambiente. A norma permite maior agilidade na reconstrução de estruturas destruídas por eventos climáticos extremos e reforça a capacidade de resposta às queimadas.

A atuação do Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama) também foi intensificada. Na Amazônia, o órgão realizou 18.964 ações fiscalizatórias no período analisado, aplicando mais de R$ 3,1 bilhões em multas e embargando 560,6 mil hectares. Foram emitidos mais de 9 mil notificações com medidas de prevenção a incêndios e ajuizadas 50 ações civis públicas.

No Cerrado, o Ibama emitiu 737 autos de infração, resultando em R$ 578 milhões em multas, além de termos de apreensão e destruição de bens ilegais. Já no Pantanal, foram aplicados R$ 430 milhões em penalidades, com destaque para as 3.297 notificações para prevenção de incêndios.

O governo federal também lançou o Programa União com Municípios, que prevê o investimento de R$ 785 milhões em 81 municípios da Amazônia para promover o desenvolvimento sustentável. Desses, 70 já aderiram ao programa. Outro aporte significativo foi a liberação de R$ 850 milhões do Fundo Amazônia, destinados à intensificação da fiscalização ambiental.

Além disso, a destinação de R$ 405 milhões para os nove estados da Amazônia Legal visa fortalecer o combate aos incêndios florestais, com repasses não reembolsáveis de R$ 45 milhões para cada estado. Acre e Rondônia já contrataram operações específicas no valor de R$ 21,7 milhões e R$ 34 milhões, respectivamente.

A ministra Marina Silva assinou portaria que declara estado de emergência ambiental em áreas vulneráveis a incêndios, permitindo a contratação emergencial de brigadistas federais. A medida visa atuar preventivamente nos períodos de maior risco.

Outras ações incluem a formação de uma Sala de Situação integrada por dez ministérios e seis órgãos federais para monitorar os impactos climáticos em tempo real, além da aprovação do Comitê Nacional de Manejo Integrado do Fogo (Comif), que regula os Planos de Manejo Integrado do Fogo (PMIF), instrumento central da nova política nacional de combate às queimadas.

Os dados e as medidas refletem um cenário complexo e desafiador. Embora haja avanços importantes em biomas como o Pantanal e o Cerrado, a situação da Amazônia impõe urgência e coordenação redobrada entre os poderes públicos e a sociedade. A meta do desmatamento zero até 2030 depende da consolidação dessas políticas e da resistência dos ecossistemas frente às mudanças climáticas, que se mostram cada vez mais severas e imprevisíveis.

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