A cada novo detalhe revelado pela investigação da Delegacia Especializada de Proteção à Criança e Adolescente (DEPCA), mais estarrecedora se torna a história do pastor de 59 anos preso na última terça-feira (18) no Bairro Aero Rancho. O homem, que deveria ser um guía espiritual e uma referência de acolhimento, na verdade escondia um lado cruel e manipulador, utilizando-se da religião como uma ferramenta para cometer abusos.
Com pelo menos cinco vítimas identificadas até o momento, o líder religioso, tratado agora como um estuprador em série, se valia da fé alheia para se aproximar de jovens entre 13 e 21 anos. Os crimes aconteciam em locais que, ironicamente, deveriam simbolizar proteção e refúgio, como montes de oração e até mesmo dentro da própria igreja onde ele pregava.
Um criminoso meticuloso e perigoso
Segundo a delegada Nelly Macedo, o pastor tinha um modus operandi bem definido, sempre com o mesmo discurso e táticas para se impor sobre as vítimas. Durante os encontros, ele simulava orações de “libertação espiritual”, nas quais tocava os corpos das jovens de maneira indevida, sempre com a justificativa de que fazia parte do ritual. Caso houvesse resistência, ele partia para ameaças psicológicas, afirmando que, sem sua intercessão, as vítimas seriam possuídas por “espíritos malignos”.
O grau de frieza do criminoso impressiona. A delegada revelou que ele tinha um sistema organizado de anotações, registrando datas de encontros, controle do ciclo menstrual das vítimas e padrões para evitar suspeitas. Ele fazia esse controle para ter certeza de que as jovens não engravidariam, já que os abusos eram cometidos sem o uso de preservativos. Além disso, ele convencia as jovens de que os abusos deveriam ser um “segredo de túmulo”, garantindo seu silêncio por medo e culpa.
Violência e chantagem para silenciar vítimas
Se a manipulação psicológica não fosse suficiente, o pastor recorria a ameaças mais graves. Em um dos casos, ele chegou a dizer a uma vítima que mataria seu irmão mais novo caso ela denunciasse os abusos. Com medo, as jovens ficavam aprisionadas em um ciclo de violência emocional e física, enquanto ele continuava a cometer seus crimes livremente.
As investigações indicam que, além de Campo Grande, o pastor pode ter feito outras vítimas em cidades do interior, como Terenos e Aquidauana, onde também atuou.
Engano e fachada de homem “bondoso”
O líder religioso construiu ao longo dos anos uma imagem de homem solidário, sempre pronto a ajudar quem precisava. Na comunidade do Aero Rancho, ele era visto como um referencial, oferecendo ajuda a famílias carentes, realizando pequenos reparos em casas, distribuindo alimentos e se dispondo a cuidar de crianças. Por trás dessa fachada, no entanto, estava um predador que escolhia suas vítimas com estratégia. Muitas delas eram adolescentes em situação de vulnerabilidade, dependentes químicos ou jovens envolvidas na prostituição, a quem ele prometia “cura e redenção”.
A importância da denúncia
As autoridades fazem um apelo para que possíveis outras vítimas do pastor busquem a delegacia para denunciar os abusos. A delegada Nelly Macedo reforça que o criminoso não sairá da prisão tão cedo e que as vítimas estarão protegidas.
“Sabemos que o medo e a vergonha podem ser barreiras, mas é fundamental que essas jovens saibam que não estão sozinhas. A justiça está sendo feita, e ele vai pagar pelo que fez”, declarou a delegada.
Os próximos passos da investigação envolvem a identificação de novas vítimas e a análise dos materiais apreendidos na casa do acusado, que podem conter mais provas de sua conduta criminosa. Enquanto isso, a esperança é que as vítimas encontrem força para romper o silêncio e exigir justiça.
#JustiçaParaAsVítimas #ForaAbusadores #Denuncie #ProteçãoInfantil #ChegaDeAbuso #DigaNãoAoSilêncio #ViolênciaNão #CadeiaParaCriminosos #NenhumaAMenos #DireitosHumanos #ParemOsAbusos #JustiçaAgora