Mato Grosso do Sul, 13 de junho de 2025
Campo Grande/MS
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Plantio de florestas comerciais se consolida como alternativa sustentável e lucrativa no campo

Expansão das áreas reflorestadas avança sobre terras agrícolas e reforça papel do Brasil como potência florestal renovável
Foto: Divulgação
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O avanço do reflorestamento com espécies comerciais no Brasil vem transformando o cenário agrícola em diversas regiões do país. Antes dominadas apenas por cultivos de grãos e pela pecuária extensiva, áreas menos produtivas no campo estão ganhando nova vida com o plantio de árvores, especialmente eucalipto e pinus. Os números mais recentes, ainda preliminares, revelam que a área de florestas plantadas atingiu 10,5 milhões de hectares em 2024, o que representa um crescimento de 2,2% em relação ao ano anterior, segundo dados da Indústria Brasileira de Árvores (Ibá).

No município de Terra Roxa, no oeste do Paraná, o produtor rural André Assis é um exemplo dessa mudança silenciosa e consistente. Embora mantenha cultivos tradicionais de grãos, como soja, e produza frango e peixe, é na plantação de eucalipto que se concentra 80% do seu negócio. Assis administra 1,5 mil hectares de florestas plantadas em áreas arrendadas, com produtividade média de 290 toneladas de madeira por hectare. O corte é feito entre o sexto e o sétimo ano após o plantio, e a madeira é entregue a cooperativas agrícolas da região, com destino principal à geração de biomassa.

“É uma cultura estável, com rendimento semelhante ao da soja, mas com menor risco de perdas por clima ou mercado. Para solos com menor aptidão agrícola, é uma excelente alternativa”, afirma Assis, cuja família começou a plantar eucalipto há mais de duas décadas.

Os dados da Ibá mostram que a maior parte das florestas plantadas no país continua sendo de eucalipto, com 7,83 milhões de hectares, seguido pelo pinus, com 1,92 milhão de hectares, e outras espécies, que somam cerca de 500 mil hectares. Ao todo, aproximadamente 38% dessas áreas estão nas mãos de produtores independentes, enquanto o restante pertence a empresas dos setores de celulose, papel, madeira processada e carvão vegetal.

No município de Ponta Grossa, também no Paraná, a Águia Florestal se destaca como um dos exemplos mais completos da verticalização do setor. A empresa mantém 24 mil hectares de área florestal, sendo 10 mil hectares cultivados com pinus e o restante destinado à conservação de vegetação nativa. “Fazemos todo o ciclo de produção, desde o viveiro de mudas até a entrega da madeira nos portos para exportação”, explica Álvaro Scheffer Junior, diretor da empresa.

A Águia Florestal exporta cerca de 100 mil metros cúbicos de madeira serrada por ano, com os Estados Unidos como principal destino. Em 2024, a empresa começou a atender também ao mercado interno com a produção de painéis de madeira sólida, destinados à construção de casas populares no Rio Grande do Sul, em resposta aos danos causados pelas enchentes históricas que atingiram o estado.

Scheffer destaca a responsabilidade ambiental do setor. A empresa realiza o controle das emissões e do estoque de carbono em seu processo produtivo, contabilizando 4,8 milhões de toneladas de dióxido de carbono estocadas até o final de 2024. “O setor de árvores plantadas é hoje o maior responsável pela preservação de floresta nativa no país. A sustentabilidade é parte do nosso modelo de negócio.”

Para o presidente da Ibá, Paulo Hartung, o crescimento do setor é notável, mas ainda enfrenta desafios importantes, como a escassez de mão de obra qualificada e as deficiências na infraestrutura de transporte. “Faltam rodovias, ferrovias e portos adequados para o escoamento da produção. Apesar disso, avançamos muito em produtividade e preservação. São dois pilares fundamentais do setor florestal brasileiro”, afirmou.

A ciência também tem papel central nessa transformação. José Mauro Moreira, pesquisador da Embrapa Florestas, ressalta a necessidade de planejamento antes da implantação de uma floresta comercial. “É essencial definir a finalidade da produção, conhecer o mercado e controlar de perto os custos. A floresta é um investimento de longo prazo, cujo retorno pode demorar até oito anos”, orienta.

Outra voz técnica no setor, Edilson Batista de Oliveira, também da Embrapa Florestas, chama atenção para o impacto do clima e do solo sobre o sucesso do cultivo florestal. “Cada espécie se comporta de forma diferente. É fundamental escolher bem, entender as exigências da cultura e seguir boas práticas de manejo”, aconselha.

A consolidação do plantio de florestas comerciais no Brasil reflete um novo paradigma no uso do solo. Mais do que uma fonte alternativa de renda, trata-se de um modelo que combina desenvolvimento econômico, conservação ambiental e recuperação de áreas marginalizadas pela agricultura tradicional. Com políticas públicas de estímulo, investimento em tecnologia e infraestrutura, o setor florestal brasileiro tem potencial para se tornar ainda mais estratégico na transição para uma economia verde e sustentável.

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