Mato Grosso do Sul, 1 de julho de 2025
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Polícia Federal desarticula grupo de extermínio que cobrava até R$ 250 mil para monitorar e matar autoridades do STF

Organização criminosa utilizava prostitutas como iscas e mantinha tabela de preços para executar ministros, senadores e deputados; operação foi deflagrada nesta quarta-feira com prisão de cinco integrantes
Imagens - Polícia Federal/Divulgação
Imagens - Polícia Federal/Divulgação

A manhã desta quarta-feira, 28 de maio de 2025, ficou marcada por uma das mais impactantes operações realizadas pela Polícia Federal nos últimos anos. Cinco integrantes de uma organização criminosa especializada em monitoramento e assassinato de autoridades foram presos, após investigações que culminaram na descoberta de uma complexa e macabra estrutura denominada “Comando C4” – sigla que, conforme identificado pelos investigadores, significa Comando de Caça a Comunistas, Corruptos e Criminosos.

A operação foi autorizada pelo ministro Cristiano Zanin, do Supremo Tribunal Federal (STF), responsável por conduzir os trabalhos em sigilo e sob rígido controle, dada a sensibilidade e a gravidade do caso. Segundo os documentos obtidos pelos agentes federais, a quadrilha atuava como uma verdadeira “agência de extermínio”, estabelecendo valores fixos para a execução de autoridades políticas e judiciais. De acordo com a tabela de preços apreendida durante as diligências, o assassinato de ministros do STF custava R$ 250 mil, enquanto a morte de senadores era orçada em R$ 150 mil e, de deputados federais, R$ 100 mil.

Além dessas execuções, a organização também realizava serviços de espionagem. Para o monitoramento de “figuras normais”, ou seja, cidadãos fora do espectro político, o valor cobrado era de R$ 50 mil. O grupo se valia de métodos escusos e sofisticados para atrair e comprometer os alvos. Prostitutas e garotos de programa eram utilizados como “iscas” para aproximar-se das vítimas, obter informações sigilosas e, posteriormente, realizar o monitoramento ou a execução.

A investigação, considerada a maior em curso atualmente no âmbito do Judiciário brasileiro, surgiu no bojo de outro escândalo: a venda de sentenças por servidores do Superior Tribunal de Justiça (STJ) e do Tribunal de Justiça de Mato Grosso (TJMT). Foi nesse contexto que a Polícia Federal identificou a atuação do Comando C4 e a conexão com a morte do advogado Roberto Zampieri, figura central no esquema de corrupção, que acabou executado a tiros pela própria organização criminosa no estado do Mato Grosso, numa ação que visava eliminar testemunhas e elos comprometedores.

A quadrilha era composta por civis e militares, tanto da ativa quanto da reserva, que desempenhavam funções estratégicas na execução dos crimes. A sofisticação do grupo impressionou as autoridades: os cinco presos nesta quarta-feira portavam celulares “recheados de fotos dos serviços prestados”, segundo relatos obtidos pela Polícia Federal. As imagens serviam como prova da realização das missões, fortalecendo a atuação da organização e garantindo o pagamento pelos trabalhos encomendados.

O grupo criminoso, de acordo com a PF, se autodenominava “Comando C4” – ou “Comando de Caça Comunistas, Corruptos e Criminosos”.

Detalhamento da atuação do grupo preso por envolvimento em morte e espionagem em MT — Foto: Reprodução

O senador Rodrigo Pacheco (PSD-MG), ex-presidente do Senado até fevereiro de 2025, foi citado em anotações do grupo como um “alvo de interesse”. A menção levantou a suspeita de que o parlamentar estava sendo monitorado, embora os investigadores esclareçam que somente uma análise mais aprofundada do material apreendido poderá definir com precisão a extensão do monitoramento e os reais motivos que levaram o grupo a incluí-lo em sua lista.

Procurado pela imprensa, o senador Rodrigo Pacheco preferiu não se manifestar sobre as revelações. A decisão do parlamentar reflete a cautela necessária em um momento de enorme repercussão política e institucional.

Os documentos obtidos pela Polícia Federal também revelaram que, além da prática de homicídios e espionagem, o Comando C4 atuava como uma espécie de “corretora do crime”, vendendo serviços a terceiros interessados na eliminação de adversários políticos ou pessoais. O grupo mantinha uma estrutura organizada e compartimentada, onde cada membro desempenhava funções específicas, desde a coleta de informações até a execução dos crimes.

O avanço das investigações levou o Supremo Tribunal Federal a prorrogar o inquérito por mais 60 dias, prazo considerado essencial para a análise minuciosa do vasto material apreendido e para a identificação de eventuais novos integrantes ou mandantes das ações criminosas.

A operação deflagrada nesta quarta-feira é tratada pelos investigadores como um marco no combate às organizações criminosas que, valendo-se de estruturas militares e civis, operam no submundo do crime político e judicial. As autoridades destacam que o caso representa uma grave ameaça à estabilidade institucional do país e reforçam o compromisso das forças policiais e do Judiciário na defesa do Estado democrático de direito.

Enquanto isso, familiares de autoridades citadas nas investigações expressam temor e indignação diante da ousadia do grupo criminoso, que se articulava em todo o território nacional. A Polícia Federal, por sua vez, segue trabalhando para garantir a segurança dos potenciais alvos e evitar que crimes de tamanha brutalidade voltem a ser perpetrados contra o sistema de Justiça brasileiro.

Com as prisões efetuadas e o inquérito prorrogado, o país aguarda novos desdobramentos, em um episódio que, certamente, ficará registrado como um dos mais inquietantes da história recente do Brasil, envolvendo ameaças de morte às mais altas autoridades da República e a atuação de uma organização criminosa com ramificações profundas no tecido social e institucional.

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