Na manhã desta quinta-feira, dia 5 de junho, a Polícia Federal deflagrou operação de combate ao crime organizado no interior da Terra Indígena Limão Verde, situada no município de Amambai, no estado de Mato Grosso do Sul. A ação, denominada Operação Nhemomba’e, foi realizada com o apoio da Polícia Militar e da Força Nacional de Segurança Pública, e teve como objetivo desarticular uma organização criminosa que atuava de forma violenta dentro da aldeia, impondo o medo e atentando contra a segurança da comunidade indígena.
De acordo com as investigações conduzidas pela Polícia Federal, a motivação central para a formação do grupo criminoso foi uma disputa pelo comando político e social da aldeia. Conforme apurado, após a realização do processo eleitoral interno da comunidade, ocorrido no final de 2024, um dos investigados, insatisfeito com o resultado que não lhe foi favorável, se recusou a aceitar a legitimidade do pleito. Mesmo tendo sido derrotado nas urnas, ele se autoproclamou o novo líder da Aldeia Limão Verde e, para consolidar seu domínio, passou a praticar uma série de atos criminosos, com o intuito de intimidar e subjugar seus opositores.
As práticas criminosas atribuídas ao grupo são graves e variadas, incluindo ameaças, lesões corporais, posse irregular de arma de fogo, disparo de arma de fogo e até tentativa de homicídio. As investigações apontam que o principal suspeito utilizava de extrema violência para se impor, recorrendo ao uso de armamentos ilegais e ameaças constantes, de modo a desestabilizar a liderança eleita e garantir sua influência sobre a comunidade local.
Durante a execução da operação, as forças policiais cumpriram oito mandados de busca e apreensão, que resultaram na coleta de elementos importantes para o prosseguimento das investigações. Além disso, três pessoas foram detidas: uma delas, alvo de mandado de prisão preventiva expedido no âmbito da investigação; outra, capturada em razão de possuir mandado de prisão em aberto por outros delitos; e uma terceira, presa em flagrante delito, por estar na posse ilegal de arma de fogo, configurando crime previsto na legislação brasileira.
A atuação do grupo criminoso vinha causando enorme tensão na Terra Indígena Limão Verde, que abriga diversas famílias da etnia Guarani-Kaiowá. O ambiente de medo e insegurança afetava profundamente a rotina da comunidade, prejudicando o convívio social, os processos culturais tradicionais e até mesmo o acesso a serviços básicos. Para a Polícia Federal, a pronta repressão ao grupo era imprescindível para a restauração da ordem, da paz social e da autonomia da liderança eleita, que vinha sendo ameaçada e cerceada por ações ilegais.
O nome da operação, Nhemomba’e, faz referência a uma expressão na língua Guarani que significa “aquilo que me pertence”, uma alusão direta ao sentimento de apropriação ilegítima manifestado pelo suspeito ao autodeclarar-se líder da aldeia, em clara afronta ao processo democrático da comunidade. A escolha do nome evidencia ainda a importância do respeito às estruturas sociais e políticas próprias das comunidades indígenas, as quais, mesmo sendo autônomas, devem estar protegidas contra a ação de grupos criminosos e violadores de direitos.
As investigações prosseguem sob a condução da Polícia Federal, que busca aprofundar a apuração sobre eventuais outros envolvidos e sobre a rede de apoio ao grupo criminoso. Também está sendo analisado o arsenal apreendido, que poderá fornecer mais informações sobre a origem das armas e sua circulação na região. A operação reforça a necessidade de ações integradas e contínuas de fiscalização nas terras indígenas, frequentemente vulneráveis à atuação de criminosos que se aproveitam da localização remota e das dificuldades de acesso para implementar práticas ilegais.
A Terra Indígena Limão Verde, localizada na região sul de Mato Grosso do Sul, é uma das muitas comunidades indígenas que enfrentam desafios relacionados à segurança, à proteção territorial e à garantia de seus direitos tradicionais. Casos como este evidenciam a complexidade da atuação policial em contextos de disputa interna, onde o respeito à cultura e à autonomia indígena deve caminhar lado a lado com a aplicação da lei e a proteção das vidas envolvidas.
As autoridades reafirmaram o compromisso de manter a presença do aparato estatal na região, assegurando que novas operações poderão ser desencadeadas sempre que houver risco à segurança da comunidade ou indícios de ações criminosas. A ação foi amplamente elogiada por lideranças locais e por defensores dos direitos indígenas, que destacaram a importância de garantir que os processos democráticos internos sejam respeitados, livres de coações e de interferências violentas.
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