Uma megaoperação da Polícia Federal mobilizou nesta quinta-feira uma força-tarefa para atingir o coração financeiro de uma das mais atuantes organizações criminosas da região de fronteira entre o Brasil e o Paraguai. Batizada de Operação Terras Frágeis, a ação teve como principal objetivo descapitalizar uma quadrilha suspeita de tráfico de drogas e contrabando, com ramificações em cidades de Mato Grosso do Sul e Paraná.
Conduzida pela Delegacia da Polícia Federal de Naviraí, a ofensiva cumpriu 15 mandados de busca e apreensão em municípios estratégicos para a logística do crime transnacional. No Mato Grosso do Sul, os alvos estavam nas cidades de Itaquiraí, Iguatemi e Coronel Sapucaia, esta última localizada na linha de fronteira com Capitán Bado, no Paraguai, uma das principais rotas de escoamento de entorpecentes e mercadorias ilegais na região. No Paraná, a ação foi executada em Douradina, Icaraíma e Palotina, locais apontados como bases operacionais do grupo.
Durante a operação, que contou com a participação de dezenas de agentes federais, a PF apreendeu uma variedade de bens de alto valor econômico. Foram recolhidas caminhonetes de luxo, um jet sky, embarcações, armas de fogo, gado, aparelhos eletrônicos, documentos e outros itens utilizados pela quadrilha. O saldo do dia inclui ainda a prisão em flagrante de dois investigados por posse ilegal de armamento. Até o momento, a identidade dos detidos não foi divulgada, uma vez que as investigações seguem em sigilo.
De acordo com a Polícia Federal, o esquema criminoso vinha sendo investigado há meses. Os agentes reuniram provas que indicam a compra de fazendas e imóveis com recursos provenientes do tráfico e do contrabando. A Justiça Federal da 3ª Região determinou o bloqueio de bens do grupo, incluindo áreas rurais de alto valor em Iguatemi e Coronel Sapucaia. A estimativa é que o total de ativos congelados ultrapasse R$ 30 milhões, representando um duro golpe à estrutura financeira da organização.

A estratégia da operação é clara: atingir não apenas os operadores logísticos e o núcleo operacional da quadrilha, mas também enfraquecer sua base patrimonial, impedindo a lavagem de dinheiro e a sustentação do tráfico por meio de investimentos em propriedades rurais, veículos e bens de luxo.
Fontes ligadas à investigação apontam que a organização criminosa utilizava rotas secundárias da fronteira seca para realizar o transporte de grandes quantidades de drogas, especialmente maconha e cocaína, além de promover o contrabando de cigarros paraguaios. As mercadorias cruzavam para o lado brasileiro e seguiam em caminhões e veículos disfarçados até os grandes centros de distribuição no Sudeste e Sul do país.
Segundo a PF, a atuação do grupo era marcada por alto grau de sofisticação e influência local. Os suspeitos mantinham negócios formais e propriedades produtivas para disfarçar a origem dos recursos ilícitos, prática típica de organizações especializadas em lavagem de dinheiro. A aquisição de terras em áreas estratégicas servia tanto para escoamento de drogas quanto para investimentos que garantissem retorno financeiro e ocultação patrimonial.
A Operação Terras Frágeis continua em andamento, e os investigadores ainda analisam documentos e dispositivos apreendidos para identificar possíveis novos integrantes da rede criminosa. A expectativa é que mais prisões sejam realizadas nos próximos dias, com base no aprofundamento das provas e no cruzamento de dados bancários, fiscais e imobiliários.
O nome da operação, segundo a PF, faz referência ao uso de áreas rurais como instrumentos de dissimulação e ocultação de atividades ilegais, ressaltando a fragilidade dessas terras frente à infiltração do crime organizado.
A ofensiva desta quinta-feira representa mais um capítulo da crescente ofensiva da Polícia Federal contra o crime na fronteira, região constantemente desafiada por organizações que exploram a extensa malha territorial para burlar a fiscalização e manter atividades ilícitas lucrativas e violentas.
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