A Polícia Federal concluiu nesta quinta-feira, 21, a investifação sobre a tentativa de golpe de Estado após a derrota de Jair Bolsonaro (PL), em 2022. A conclusão mira no coração do governo Bolsonaro. Além do ex-presidente, os ex-ministros general Braga Netto (Casa Civil e Defesa) e general Augusto Heleno (Gabinete de Segurança Institucional) e o presidente do PL, Valdemar Costa Neto, também foram indiciados. Ao todo, são 37 indiciamentos entre políticos e militares da ativa e reserva. A corporação apurou a existência de uma organização criminosa que teria atuado de forma coordenada para tentar manter Bolsonaro no poder.
Todas as pessoas citadas foram indicadas pelos crimes de abolição violenta do Estado Democrático de Direito, golpe de Estado e organização criminosa. O relatório final foi encaminhado ao Supremo Tribunal Federal.
Segundo a PF, as provas foram obtidas por meio de operações, quebra de sigilos telemático, telefônico, bancário, fiscal, delação premiada, buscas e apreensões, entre outras medidas autorizadas pelo STF.
As investigações apontaram que os investigados se estruturaram em uma organização com divisão de tarefas, o que permitiu individualizar as condutas de cada um no seguintes grupos:
a) Núcleo de Desinformação e Ataques ao Sistema Eleitoral;
b) Núcleo Responsável por Incitar Militares à Aderirem ao Golpe de Estado;
c) Núcleo Jurídico;
d) Núcleo Operacional de Apoio às Ações Golpistas;
e) Núcleo de Inteligência Paralela;
f) Núcleo Operacional para Cumprimento de Medidas Coercitivas
A partir do recebimento do indiciamento, o ministro do caso, Alexandre de Moraes, poderá encaminhar o caso para a Procuradoria-Geral da República prosseguir com uma ação, pedir que a investigação seja aprofundada pela PF ou rejeitar o pedido.
A PF informou que divulgou a lista completa, “visando evitar a divulgação de informações incorretas acerca da investigação”, com “autorização do Supremo Tribunal Federal (STF)”.
Veja a lista:
- AILTON GONÇALVES MORAES BARROS
- ALEXANDRE CASTILHO BITENCOURT DA SILVA
- ALEXANDRE RODRIGUES RAMAGEM
- ALMIR GARNIER SANTOS
- AMAURI FERES SAAD
- ANDERSON GUSTAVO TORRES
- ANDERSON LIMA DE MOURA
- ANGELO MARTINS DENICOLI
- AUGUSTO HELENO RIBEIRO PEREIRA
- BERNARDO ROMAO CORREA NETTO
- CARLOS CESAR MORETZSOHN ROCHA
- CARLOS GIOVANI DELEVATI PASINI
- CLEVERSON NEY MAGALHÃES
- ESTEVAM CALS THEOPHILO GASPAR DE OLIVEIRA
- FABRÍCIO MOREIRA DE BASTOS
- FILIPE GARCIA MARTINS
- FERNANDO CERIMEDO
- GIANCARLO GOMES RODRIGUES
- GUILHERME MARQUES DE ALMEIDA
- HÉLIO FERREIRA LIMA
- JAIR MESSIAS BOLSONARO
- JOSÉ EDUARDO DE OLIVEIRA E SILVA
- LAERCIO VERGILIO
- MARCELO BORMEVET
- MARCELO COSTA CÂMARA
- MARIO FERNANDES
- MAURO CESAR BARBOSA CID
- NILTON DINIZ RODRIGUES
- PAULO RENATO DE OLIVEIRA FIGUEIREDO FILHO
- PAULO SÉRGIO NOGUEIRA DE OLIVEIRA
- RAFAEL MARTINS DE OLIVEIRA
- RONALD FERREIRA DE ARAUJO JUNIOR
- SERGIO RICARDO CAVALIERE DE MEDEIROS
- TÉRCIO ARNAUD TOMAZ
- VALDEMAR COSTA NETO
- WALTER SOUZA BRAGA NETTO
- WLADIMIR MATOS SOARES
Bolsonaro ataca Alexandre de Moraes após indiciamento
Indiciado nesta quinta-feira, 21, por tentativa de golpe de Estado, abolição violenta do Estado Democrático de Direito e organização criminosa, o ex-presidente Jair Bolsonaro deu uma declaração em que ataca o ministro Alexandre de Moraes.
“O ministro Alexandre de Moraes conduz todo o inquérito, ajusta depoimentos, prende sem denúncia, faz pesca probatória e tem uma assessoria bastante criativa. Faz tudo o que não diz a lei”, disse o ex-presidente sobre o ministro relator do caso em entrevista.
O indiciado ainda afirma que aguarda orientações de seu advogado para fazer mais manifestações sobre o caso. “Tem que ver o que tem nesse indiciamento da PF. Vou esperar o advogado. Isso, obviamente, vai para a Procuradoria-Geral da República. É na PGR que começa a luta. Não posso esperar nada de uma equipe que usa a criatividade para me denunciar”.
O relatório final com indiciamento de 37 pessoas, incluindo o Bolsonaro, seu vice em 2022, Walter Braga Netto, e outros militares próximos ao governo foi encaminhado ao gabinente do Moraes nesta quinta. Agora, o ministro irá analisar o material, de aproximadamente 700 páginas, e enviá-lo à Procuradoria-Geral da República.
O órgão, por sua vez, é responsável por apresentar denúncias contra os indiciados. Caso acatadas pelo STF, os investigados se tornam réus do caso.