A tensão no cenário internacional voltou a dar o tom nas negociações da bolsa de Nova York nesta segunda-feira, com o café arábica despencando mais de 5% em meio ao temor crescente de uma recessão global. O mercado, ainda abalado pelos reflexos do tarifaço anunciado por Donald Trump, segue reagindo de forma negativa, afetando diretamente os preços de várias commodities agrícolas.
O café arábica, um dos produtos mais tradicionais do Brasil no exterior, viu sua cotação para entrega em maio cair 5,72%, fechando o dia cotado a US$ 3,4480 por libra-peso. Para especialistas, como Vicente Zotti, da Pine Agronegócios, o clima de incerteza é o principal fator por trás da queda. Segundo ele, o mercado está operando com a hipótese de uma desaceleração econômica global, o que afetaria diretamente o consumo de café em todo o mundo.
Zotti ainda destaca que o efeito do tarifaço de Trump já tem se mostrado em outras commodities, como petróleo e cobre, que também vêm registrando quedas expressivas. A conexão entre esses produtos e a atividade econômica global é direta, o que faz com que os investidores fiquem em alerta.
“Se a economia trava, o consumo desacelera e os preços caem. Esse movimento do café é mais uma resposta ao medo do mercado de que uma crise forte esteja se formando no horizonte”, afirma o analista.
Outro ponto levantado é que os fundamentos do mercado do café, como produção e oferta, ficaram em segundo plano. O que pesa agora são as incertezas econômicas e a tensão política internacional.
Cacau e suco de laranja também amargam perdas pesadas
A mesma insegurança que derrubou o café, puxou para baixo o preço do cacau. Os contratos futuros para julho, considerados os mais importantes atualmente, recuaram 6,11%, fechando a US$ 7.996 por tonelada. O cenário negativo é reforçado por um sentimento de aversão ao risco, que dominou os mercados financeiros neste início de semana.
O site Mercado do Cacau descreveu o momento como um “forte sentimento de pânico nos mercados”, que está influenciando negativamente todas as commodities, incluindo o cacau. Com o medo da recessão nos Estados Unidos e até de um colapso mais amplo, os investidores estão fugindo de ativos considerados arriscados.
O suco de laranja concentrado e congelado, outro produto de peso no comércio internacional, também seguiu a mesma linha. Os contratos com vencimento em maio caíram 6,61%, para US$ 2,1190 a libra-peso. O receio é que, com a economia desacelerando, o consumo de bebidas industrializadas também sofra redução significativa.
Açúcar e algodão seguem caminhos opostos
Nem todas as commodities fecharam o dia em queda. O açúcar demerara, por exemplo, teve uma leve baixa de 0,85%, sendo negociado a 18,68 centavos de dólar por libra-peso. A retração foi menos intensa, refletindo um mercado ainda cauteloso, mas menos afetado que o café e o cacau.
Já o algodão surpreendeu com uma alta considerável. Após semanas de quedas impulsionadas pelo mau humor do mercado, os investidores resolveram ajustar posições, o que provocou uma alta de 4,15% nos contratos para maio, que fecharam o dia em 65,99 centavos de dólar a libra-peso.
O movimento de valorização do algodão foi uma exceção num dia em que o pessimismo dominou as negociações e as apostas sobre uma possível recessão global influenciaram negativamente praticamente todos os segmentos do mercado de commodities.
Olhos voltados para Trump e o futuro dos acordos comerciais
Os olhares agora se voltam para os próximos passos de Donald Trump. As tarifas anunciadas pelo ex-presidente norte-americano reacenderam temores sobre a estabilidade do comércio mundial e, segundo analistas, se mantidas, podem travar ainda mais a demanda por produtos agrícolas.
No entanto, há quem acredite que uma possível reabertura de negociações entre países e o avanço de acordos comerciais pode trazer algum alívio e até estimular a economia, o que puxaria os preços de volta para cima. Até lá, a palavra de ordem entre os investidores segue sendo cautela.
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