O mercado da soja no Brasil está enfrentando uma das maiores pressões de preço dos últimos tempos. A colheita farta da safra 2024/25, aliada ao bom desenvolvimento da safra nos Estados Unidos e na Argentina, está derrubando os prêmios de exportação e os valores pagos aos produtores. Segundo o Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada, o Cepea, os compradores estão pagando menos e, mesmo assim, a oferta tem sido maior que a procura.
A situação, que à primeira vista poderia parecer positiva pelo volume de produção, se transformou em dor de cabeça para quem planta. O excesso de produto no mercado interno e a concorrência internacional estão reduzindo as margens de lucro.
Preço despenca nos portos e no campo
Nos últimos dias de abril, o preço FOB da soja no porto de Paranaguá caiu quase 5%, fechando a US$ 392,81 por tonelada. Para quem acompanha o mercado, esse valor é considerado baixo, especialmente porque durante boa parte de abril o preço superava os US$ 400. A queda foi puxada principalmente pelo recuo nos prêmios de exportação, que despencaram de mais de US$ 1 por bushel no início do mês para algo entre US$ 0,25 e US$ 0,35 por bushel no fim do mês.
No campo, a situação também preocupa. O Indicador Cepea/Esalq, com base em Paranaguá, fechou o mês de abril cotado a R$ 132,14 por saca de 60 kg, o que representa uma queda de 2,2% em relação ao valor registrado no dia 24. Embora na média mensal de abril ainda tenha havido uma leve alta de 0,9% em comparação a março, o recuo na última semana deixou produtores apreensivos.
Safra recorde aumenta a oferta e puxa valores para baixo
O Brasil está encerrando uma colheita que bateu recorde. Em praticamente todas as regiões produtoras, a produtividade foi alta, graças ao clima que colaborou durante a maior parte do ciclo. Mas essa fartura está trazendo um efeito colateral: o excesso de oferta, somado ao vencimento de parcelas de custeio agrícola no fim de abril, aumentou o volume de vendas por parte dos produtores.
Com mais soja disponível e menos compradores dispostos a pagar preços altos, o mercado se ajustou para baixo. Muitos produtores, pressionados por contas a pagar, aceitaram vender a preços menores, o que ajudou a derrubar ainda mais as cotações.
Argentina e Estados Unidos reforçam a pressão no mercado global
Na Argentina, a colheita segue em ritmo acelerado. Cerca de 25% da área já foi colhida até o final de abril, e os agricultores do país vizinho estão mais animados. A produtividade está surpreendendo positivamente e o governo argentino tem dado incentivos para as exportações, o que deve colocar ainda mais soja no mercado internacional.
Já nos Estados Unidos, o plantio da safra 2025/26 também está adiantado. Segundo o Departamento de Agricultura dos EUA (USDA), até o dia 27 de abril, 18% da área já havia sido cultivada, um avanço de 10 pontos percentuais em uma semana. Esse ritmo supera a média dos últimos cinco anos, que era de 12% para esse período. Com uma boa janela climática e otimismo entre os produtores norte-americanos, a expectativa é de mais uma safra cheia.
Desafios para o produtor brasileiro
Com todos esses fatores combinados, o produtor brasileiro enfrenta um cenário de incertezas. Mesmo com uma safra excelente em termos de volume, o retorno financeiro pode ser abaixo do esperado. A competitividade no mercado externo e a oscilação do dólar também influenciam diretamente na formação dos preços internos.
Para muitos, o caminho agora é buscar alternativas, como contratos antecipados de venda, armazenagem prolongada e até estratégias de proteção no mercado futuro. Porém, isso exige acesso a informação, crédito e planejamento, o que ainda é um desafio para boa parte dos agricultores do país.
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