A agricultura e a pecuária, embora naturalmente complementares, muitas vezes são percebidas de forma desigual no mundo do agronegócio. Enquanto a agricultura é frequentemente vista como a “noiva cobiçada” de projetos “verdes” com potencial para créditos de carbono, a pecuária é frequentemente considerada a “ovelha negra” injustamente. Essa desigualdade de tratamento pode levar a relutância em investir na pecuária, embora a cooperação entre essas duas atividades possa ser mutuamente benéfica.
“Essa percepção incorreta e, em grande parte das vezes, baseada na falta de informação promove um desequilíbrio nas oportunidades de melhoria entre as duas atividades. Enquanto há uma demanda crescente de empresas e investidores por projetos relacionados ao incentivo à adoção de boas práticas socioambientais agrícolas, de outro lado abundam pressões sobre os pecuaristas para que se enquadrem em modelos de produção sustentável. Por isso, é sempre importante, mais que embelezar a noiva, ressaltar as virtudes da pecuária e tentar, assim, desviar o olhar do mercado do risco para a oportunidade. Não se pode associar a atividade como um todo a um grupo que age em desrespeito às leis ambientais”, afirma Aline Locks, CEO da Produzindo Certo.
Um estudo da Esalq/USP destacou que a conversão de 30 milhões de hectares, cerca de um quinto das pastagens de baixa produtividade do Brasil, poderia impulsionar o PIB em 1,2%. Além disso, a Textile Exchange, representando marcas de moda globais, está colaborando com a Produzindo Certo na criação de um sistema de créditos de couro sustentável, recompensando pecuaristas que adotam práticas responsáveis no manejo de rebanhos.
Essas estratégias demonstram a importância de equilibrar riscos e investimentos para promover uma agropecuária responsável e valorizar a pecuária como ferramenta de transformação.