Mato Grosso do Sul, 25 de abril de 2025
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Recuperação Judicial no Agro: Tendência de Alta em 2025

A criação de bovinos de corte vem em segundo lugar, com 20%, seguida pelas empresas de cultivo de cana-de-açúcar, que representam 15%. Outros segmentos, como serviços de preparação de solo e cultivo de milho, também aparecem, mas com números menores
No último trimestre de 2024, havia 295 empresas nessa condição, alta de 39%
No último trimestre de 2024, havia 295 empresas nessa condição, alta de 39%

O agronegócio brasileiro, um dos setores mais importantes da economia, está enfrentando tempos difíceis. O ano de 2024 foi marcado por uma alta significativa nos pedidos de recuperação judicial por empresas do setor, e as perspectivas para 2025 não são nada animadoras. A expectativa é de que o número de empresas em dificuldades continue crescendo, pressionadas por uma série de fatores que incluem a queda nos preços das commodities agrícolas, o enfraquecimento da arroba bovina e a dificuldade de acesso ao crédito.

Segundo dados do Monitor RGF da Recuperação Judicial no Brasil, elaborado pela consultoria RGF&Associados, o número de empresas do agro que recorreram à recuperação judicial no quarto trimestre de 2024 chegou a 295, o que representa uma alta de 39% em relação ao mesmo período de 2023. Se comparado ao terceiro trimestre de 2024, o crescimento foi de 11,7%, com 35 novas empresas entrando nesse processo, enquanto apenas quatro conseguiram retomar suas atividades normais.

Esse aumento acentuado nos pedidos de recuperação judicial reflete a difícil realidade enfrentada por muitas empresas do agro, especialmente os pequenos e médios produtores, que ainda dominam o setor. Embora o agronegócio conte com grandes grupos empresariais, a maior parte do setor é composta por pequenos produtores familiares que não possuem a estrutura e a profissionalização necessárias para enfrentar os desafios econômicos e financeiros que surgem, principalmente em tempos de crise.

Rodrigo Gallegos, sócio da RGF e especialista em reestruturação empresarial, explica que esses produtores enfrentam uma série de dificuldades. Muitos não têm o controle adequado das finanças de suas empresas e pouco conhecimento sobre ferramentas financeiras e seguros que poderiam minimizar os impactos das flutuações do mercado. Além disso, o setor é extremamente dependente de capital intenso, já que os custos de produção de cada safra são elevados e o retorno sobre o investimento só ocorre após meses de trabalho. Isso faz com que qualquer mudança no cenário de preços das commodities ou nas condições climáticas tenha um impacto profundo na saúde financeira dessas empresas.

A situação é ainda mais complicada pelo aperto no crédito, que tem dificultado a obtenção de financiamentos pelos produtores. O próprio sistema financeiro está mais cauteloso diante da onda crescente de recuperações judiciais no agro, com muitas instituições, especialmente as menos acostumadas com o setor, retraindo a oferta de crédito. A consequência disso é uma elevação nas taxas de juros, o que piora ainda mais a situação de quem já está em dificuldades financeiras.

Entre os setores mais atingidos, o cultivo de soja aparece como a principal atividade entre as empresas em recuperação judicial, com 34% dos casos. A criação de bovinos de corte vem em segundo lugar, com 20%, seguida pelas empresas de cultivo de cana-de-açúcar, que representam 15%. Outros segmentos, como serviços de preparação de solo e cultivo de milho, também aparecem, mas com números menores.

Em 2024, um dos casos mais emblemáticos foi o da distribuidora de insumos Agrogalaxy, que enfrentou problemas devido à queda das commodities, que levaram os produtores a reduzir suas compras. Essa retração também tem afetado empresas de insumos agrícolas, um setor que deve ver mais pedidos de recuperação judicial em 2025, de acordo com a consultora Roberta Gonzaga, da RGF. Apesar disso, a principal expectativa de Gallegos é que as produtoras de grãos continuem liderando a lista de empresas em dificuldades no próximo ano.

No que diz respeito à distribuição geográfica, os estados com maior número de empresas em recuperação judicial no agro em 2024 foram Goiás, Rio Grande do Sul, São Paulo e Mato Grosso. Goiás, por exemplo, registrou 53 empresas nessa situação, seguido pelo Rio Grande do Sul com 50, São Paulo com 47 e Mato Grosso com 46. A previsão é de que o Centro-Oeste continue sendo a região com mais pedidos de recuperação judicial neste ano.

Por fim, a crise no setor agropecuário tem levado os bancos a repensar sua exposição ao agronegócio. Embora os grandes bancos, como o Banco do Brasil e a Caixa Econômica Federal, mantenham sua oferta de crédito, instituições menores e menos familiarizadas com as instabilidades do setor estão reduzindo suas operações, o que eleva as taxas de juros e torna ainda mais difícil para os produtores acessarem os recursos necessários para continuar a produção.

Em resumo, o cenário para o agronegócio brasileiro em 2025 não é promissor. Com uma combinação de quedas nos preços das commodities, dificuldades de acesso ao crédito e uma estrutura de gestão ainda insuficiente em muitas empresas, o número de pedidos de recuperação judicial deve continuar subindo. A preocupação agora é saber até quando o setor conseguirá se manter de pé diante de tantos desafios.

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