A política em Mato Grosso do Sul viveu um momento decisivo no último fim de semana. Em uma reunião de alto nível, a portas fechadas, entre o presidente nacional do PSD, Gilberto Kassab, e as principais figuras do PSDB local, Eduardo Riedel e Reinaldo Azambuja, o futuro da legenda tucana foi discutido de maneira confidencial. O encontro, que ocorreu na casa do governador Riedel, em Campo Grande, tratou de um tema que já circulava nos bastidores políticos há algum tempo: a possível incorporação do PSDB ao PSD.
A movimentação, que pode se concretizar ainda neste primeiro semestre de 2025, é um movimento estratégico com vistas às eleições gerais do ano seguinte. Se a negociação for adiante, o PSDB, que por anos foi uma das maiores forças políticas do Brasil, deixaria de existir como sigla e se tornaria parte do PSD, uma das legendas mais fortes do país atualmente, comandada por Kassab.
A incorporação, ao contrário de uma fusão, parece ser a solução proposta por Kassab para evitar a saída de deputados federais de ambas as siglas, que temem uma debandada caso a união aconteça em forma de novo partido. Hoje, o PSD conta com uma bancada de 44 deputados federais, enquanto o PSDB tem 13. A fusão poderia permitir que os parlamentares trocassem de legenda sem perder o mandato, uma situação que preocupa o presidente do PSD, que prefere garantir a manutenção dos quadros dentro de sua própria sigla.
A reunião entre Kassab, Riedel e Azambuja foi marcada por um diálogo aberto sobre as vantagens da incorporação, mas também pelos desafios de implementar a mudança. Segundo fontes ouvidas, durante o encontro, Kassab pediu apoio das lideranças tucanas locais, enquanto Riedel e Azambuja enfatizaram que a decisão final depende não só deles, mas também das lideranças nacionais do PSDB.
Os nomes de peso dentro do PSDB, como o presidente nacional Marconi Perillo, o governador do Rio Grande do Sul, Eduardo Leite, e a governadora de Pernambuco, Raquel Lira, foram citados como fundamentais para essa decisão. No entanto, Raquel Lira já demonstrou interesse em se transferir para o PSD, e as resistências à incorporação estão diminuindo. O que se espera agora é que as lideranças nacionais também se alinhem com a proposta, que pode ser oficializada já em março.
Durante a conversa com Kassab, o governador Riedel destacou a importância de manter a identidade política do PSDB, principalmente em relação aos seus valores e princípios. Ele também ressaltou o desejo de preservar a Fundação Mario Covas, um dos pilares éticos do PSDB, que pode seguir independente após a incorporação. A fundação, criada para promover a cidadania e aprimorar a gestão pública, segue sendo uma referência importante para o tucanato.
Além disso, a aproximação do PSDB com o PSD praticamente inviabiliza qualquer tentativa de fusão com o MDB, partido que também cogita sua própria estratégia de coalizões. A executiva nacional do MDB, por exemplo, já começou a articular o preenchimento da vaga de vice na chapa de reeleição do presidente Lula, o que coloca ainda mais pressão sobre os tucanos.
O movimento entre as siglas não só vai definir o futuro do PSDB, mas também reconfigurar o cenário político do Brasil, com o fortalecimento do PSD e a redefinição das alianças políticas no país. Para os próximos meses, os olhos estarão voltados para essas articulações e o impacto que elas terão nas eleições de 2026.
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