O Governo de Mato Grosso do Sul apresentou aos deputados estaduais, na manhã desta quarta-feira, um amplo projeto de regionalização da atenção hospitalar e expansão da infraestrutura de saúde, que deve transformar o atendimento à população nos 79 municípios do estado. A proposta inclui a implantação de uma Parceria Público-Privada (PPP) no Hospital Regional de Mato Grosso do Sul (HRMS), com a previsão de melhorias na capacidade de atendimento e modernização dos serviços.
O encontro, realizado na Assembleia Legislativa, contou com a participação do governador Eduardo Riedel e dos secretários Maurício Simões, da Saúde, e Eliane Detoni, de Parcerias Estratégicas. Na ocasião, os gestores estaduais detalharam a nova arquitetura da saúde regional, ressaltando os avanços planejados e esclarecendo dúvidas sobre o modelo de gestão proposto.
“Este é um momento da maior importância para nivelar o conhecimento, tirar as dúvidas, pois algumas informações divulgadas não estão vinculadas aos fatos. O projeto foi estudado com muito critério, estamos há dois anos mergulhados com todos os indicadores desse processo para nos dar subsídio, para poder construí-lo. A gente acredita que esse conhecimento deu o embasamento para o projeto”, afirmou o governador Eduardo Riedel, ao apresentar os principais pontos da proposta.
O projeto estabelece a criação de um “novo cinturão da saúde”, com foco na regionalização e na ampliação da capacidade de atendimento das unidades hospitalares de média e alta complexidade. A intenção é garantir que todos os cidadãos sul-mato-grossenses tenham acesso a um serviço público de saúde mais eficiente, humanizado e resolutivo.
“A atenção hospitalar é parte da assistência à saúde. Mas é uma parte muito importante e que nós temos carência de leitos, principalmente hospitalares de alta complexidade. E ali é que entra, então, a parceria público-privada do hospital. E tudo começou com o plano diretor de regionalização da saúde no Estado. Nós procuramos considerar inúmeros indicadores de cada município e região, para que a gente pudesse acompanhar as mais fortalecidas”, explicou Maurício Simões, secretário de Saúde.
A Parceria Público-Privada no Hospital Regional faz parte central da estratégia. A proposta prevê a expansão da infraestrutura e a melhoria dos serviços prestados, com impactos diretos nos principais indicadores de saúde. A expectativa é de um aumento expressivo na produtividade, com o número de internações passando de 1.400 para mais de 2.700 por mês, o que representa um crescimento de aproximadamente 96%. Além disso, estima-se uma redução de até 35% no custo por internação, e a ampliação dos leitos, que devem passar de 362 para 577.
“O que a gente pretende sempre é melhorar a prestação de serviço público para o cidadão e, nesse caso, para que a gente consiga manter um atendimento 100% SUS, gratuito e universal. Então, é bom a gente deixar claro que o Hospital Regional, ele se mantém gratuito”, garantiu Eliane Detoni, secretária especial de Parcerias Estratégicas.
Na proposta, os serviços chamados de “bata cinza”, ou seja, aqueles não assistenciais, serão executados pelo parceiro privado. Isso inclui áreas como nutrição, limpeza, lavanderia, manutenção predial, apoio médico e administrativo, fornecimento de insumos, recepção e portaria. O modelo visa liberar a estrutura pública para se concentrar exclusivamente na assistência médica e hospitalar, elevando a eficiência e a qualidade do atendimento.
“Nosso desafio é planejar uma estratégia hospitalar hierarquizada e regionalizada para o estado de Mato Grosso do Sul. E isso é resultado da complexa interação de processos econômicos, políticos e sociais. E a gente fez isso sem esquecer que o Estado está passando uma Rota Bioceânica e Rota da Celulose, dois processos de desenvolvimento muito importantes”, destacou Maurício Simões, ao situar o projeto dentro de um contexto mais amplo de desenvolvimento regional.
Durante a apresentação, os deputados estaduais puderam esclarecer dúvidas sobre a regionalização da saúde e sobre o modelo de PPP no Hospital Regional. Muitos parlamentares destacaram a qualidade técnica do projeto, elogiando sua estruturação e a preocupação com o fortalecimento da rede pública de saúde.
“Momento importante para os deputados apreciarem a proposta, fizemos essa proposição ao Executivo e hoje agradecemos a apresentação. Entendemos que é um projeto estruturado e muito bem estudado, com critérios”, avaliou Gerson Claro, presidente da Assembleia Legislativa de Mato Grosso do Sul.
O projeto de regionalização prevê a reestruturação das macrorregiões de saúde do estado. Entre as ações destacadas, está o fortalecimento do Hospital Regional de Dourados, que atende o Cone Sul, e do Hospital Regional Magid Thomé, em Três Lagoas, que atende a Costa Leste. Além disso, está prevista a construção de um novo hospital em Corumbá, para atender à região do Pantanal, e a ampliação dos serviços em Ponta Porã e na capital, Campo Grande.
Essas medidas visam intensificar a oferta de cirurgias e exames de média e alta complexidade, diminuindo o tempo de espera e garantindo que os cidadãos recebam atendimento próximo de suas residências, evitando deslocamentos longos e desgastantes.
O governo também aposta que o fortalecimento da regionalização irá preparar Mato Grosso do Sul para o crescimento econômico e populacional impulsionado pela implantação da Rota Bioceânica e da Rota da Celulose. Esses dois grandes corredores logísticos deverão impulsionar a economia estadual, gerando novas demandas por serviços públicos, entre eles a saúde.
Com a apresentação do projeto aos parlamentares, o Governo de Mato Grosso do Sul busca garantir o apoio político necessário para viabilizar as transformações planejadas, com o compromisso de assegurar à população um sistema de saúde mais moderno, eficiente e acessível.
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