O mundo voltou a prender a respiração diante da escalada das tensões no leste europeu após uma ousada ofensiva ucraniana contra bases aéreas estratégicas da Rússia. O ataque, realizado com drones, atingiu aeronaves militares russas de grande valor estratégico e financeiro, desencadeando uma onda de pedidos por uma resposta severa por parte de Moscou, inclusive com o uso de armamento nuclear, conforme clamaram diversos blogueiros pró-Rússia e apresentadores de televisão ligados ao Kremlin.
A operação, considerada uma das mais bem-sucedidas da Ucrânia desde o início do conflito, teria resultado na destruição de mais de 40 aviões bombardeiros estratégicos russos, segundo estimativas ucranianas, representando um prejuízo calculado em aproximadamente 7 bilhões de dólares. Entretanto, fontes do governo dos Estados Unidos informaram à agência Reuters que o impacto seria menor, com cerca de 20 aeronaves danificadas, das quais ao menos 10 foram completamente destruídas.
A magnitude da ofensiva fez com que o presidente russo, Vladimir Putin, estabelecesse contato telefônico com o presidente norte-americano, Donald Trump, assegurando que a Rússia responderá aos ataques. A declaração elevou ainda mais a temperatura diplomática e gerou inquietação sobre a possibilidade de Moscou recorrer a armas nucleares em sua retaliação.
De acordo com analistas especializados em segurança internacional, a probabilidade de a Rússia lançar um ataque nuclear permanece, no entanto, muito baixa, apesar do recrudescimento da retórica bélica em território russo.
O professor Vitelio Brustolin, pesquisador da Universidade de Harvard e da Universidade Federal Fluminense, ponderou que a utilização de armamento nuclear acarretaria um isolamento internacional imediato da Rússia, inclusive com a possibilidade de ruptura de laços com tradicionais aliados como China e Índia, que já manifestaram oposição clara ao emprego desse tipo de armamento.
O especialista também destacou que, mesmo no caso do uso de armas nucleares táticas, com menor poder de destruição, o benefício estratégico para Moscou seria limitado. “Isso não alteraria significativamente a linha de frente. Apenas isolaria uma determinada região da Ucrânia por um período restrito”, avaliou.
O professor Leandro Consentino, especialista em relações internacionais e docente do Insper, acrescentou que o impacto geopolítico de uma ação nuclear seria catastrófico e desencadearia consequências gravíssimas para a estabilidade do sistema internacional. “A utilização de armas nucleares seria uma consequência bastante danosa, sobretudo por aprofundar ainda mais o desequilíbrio geopolítico entre as potências globais, configurando uma ameaça muito forte à segurança internacional”, frisou.
Comparações históricas remetem ao uso de armas nucleares pelos Estados Unidos em Hiroshima e Nagasaki, ao final da Segunda Guerra Mundial, porém os especialistas concordam que o contexto atual é muito distinto. À época, o ataque foi também uma mensagem direta à União Soviética, realidade que não se reproduz na conjuntura contemporânea.
Vitelio Brustolin ressaltou ainda que as chamadas armas nucleares estratégicas, com alto potencial destrutivo e elevado nível de radiação, dificilmente seriam consideradas pelo governo russo, uma vez que poderiam deflagrar uma guerra de proporções ainda mais devastadoras.
Outro fator que desestimula a opção nuclear por parte de Moscou é o risco elevado de contaminação radioativa. Tanto Brustolin quanto Consentino concordam que a utilização desse tipo de armamento poderia afetar, além do território ucraniano, outros países europeus, inclusive membros da Organização do Tratado do Atlântico Norte (Otan), e até mesmo a própria Rússia, dependendo das condições atmosféricas e do local do ataque.
“O risco da radiação se espalhar por meio de chuvas ou correntes de vento é elevado. Vimos o que ocorreu no acidente de Chernobyl, quando a radiação atingiu grande parte da Europa”, exemplificou Brustolin.
A eventual contaminação de países da Otan poderia ser interpretada como uma agressão direta, desencadeando uma resposta militar da aliança liderada pelos Estados Unidos, o que Moscou busca evitar a todo custo.
Dessa forma, a ameaça nuclear é, na visão dos especialistas, uma ferramenta de dissuasão utilizada pela Rússia para reforçar sua posição estratégica e desencorajar ações adversas, mais do que um instrumento efetivamente pronto para ser empregado.
“Falamos sobre ataques nucleares, mas muito mais como um elemento de dissuasão do que como algo que, de fato, venha a ser utilizado. A retórica permanece, mas a probabilidade de lançamento desse tipo de armamento é muito baixa”, analisou Leandro Consentino.
Vitelio Brustolin complementou, afirmando que a ameaça nuclear russa vem sendo utilizada como instrumento de pressão desde o início do conflito. “Essa chantagem nuclear já era esperada e não é novidade. Estamos testemunhando isso há mais de três anos”, concluiu.
Quanto à forma mais provável de resposta russa, ambos os especialistas indicam a intensificação do uso de armamento convencional, como bombas de fragmentação e armas termobáricas, além de ataques com drones contra infraestruturas críticas da Ucrânia, como usinas de energia e sistemas logísticos.
Vale lembrar que, em novembro de 2024, as forças russas já haviam empregado um novo míssil balístico hipersônico, batizado de “Oreshnik”. À época, o presidente Vladimir Putin alertou sobre o potencial destrutivo do novo artefato e indicou que poderia utilizá-lo novamente, reforçando o arsenal convencional de dissuasão do Kremlin.
Diante deste cenário, a comunidade internacional segue em alerta máximo, monitorando de perto os próximos passos da Rússia, enquanto líderes mundiais clamam pela retomada de negociações diplomáticas que evitem o aprofundamento de uma crise que ameaça a estabilidade e a segurança global.
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