As polícias Militar e Federal desmantelaram, nesta segunda-feira (24/2), um esconderijo utilizado pelo Primeiro Comando da Capital (PCC) para armazenar armas, drogas e equipamentos usados em grandes operações criminosas. A localização do “quartel-general” da facção, em Paraisópolis, na zona sul de São Paulo, revela a estrutura de guerra montada por um dos grupos mais temidos do crime organizado no Brasil.
A ação da Rondas Ostensivas Tobias de Aguiar (Rota) teve início após uma investigação conjunta com a Polícia Federal, que identificou movimentações suspeitas na região. Durante a operação, três pessoas foram presas, sendo duas mulheres e um homem, todos suspeitos de integrarem um dos setores mais perigosos da facção: a “restrita tática”, unidade especializada em ataques violentos, fugas prisionais e atentados contra autoridades.
Casa-bunker do PCC: um arsenal subterrâneo
A descoberta do esconderijo ocorreu após a interceptação de um veículo com fundo falso, popularmente conhecido como “cofre”. O carro, usado para o transporte de armas e drogas, levou os policiais até um imóvel escondido dentro da comunidade de Paraisópolis. No local, os agentes encontraram um verdadeiro arsenal subterrâneo: mais de 50 quilos de cocaína pura, um fuzil de guerra, oito granadas militares, munição de grosso calibre, coletes à prova de balas e roupas táticas usadas em ataques aos moldes do “novo cangaço”.
Segundo as autoridades, o local funcionava como um centro logístico para operações de grande impacto da facção, incluindo roubos a carro-forte, ataques a bancos e resgates de detentos de presídios de segurança máxima. “Esta estrutura revelada hoje confirma que a organização criminosa mantém uma força paralela altamente armada e com capacidade de realizar ataques coordenados contra as forças de segurança”, afirmou um dos investigadores envolvidos no caso.

Ligação com planos de resgate e atentados
A investigação aponta que a unidade “restrita tática” do PCC é a mesma que, nos últimos anos, tentou resgatar Marcos Willians Herbas Camacho, o Marcola, líder da facção, e também esteve por trás de planos para assassinar o senador Sergio Moro. Em 2019, Moro, então ministro da Justiça, coordenou a transferência de Marcola para um presídio federal de segurança máxima, o que enfureceu a cúpula do PCC.
No ano seguinte, houve uma tentativa frustrada de resgatar Marcola da Penitenciária 2 de Presidente Venceslau (SP), após a polícia interceptar comunicações da facção. Desde então, a inteligência policial tem monitorado os passos da facção, que segue buscando meios de libertar seu líder.
Investigações do Ministério Público indicam que a cúpula da organização criminosa teria investido cerca de R$ 3 milhões na estruturação de um plano para assassinar Moro, montando uma base na região metropolitana de Curitiba. O esquema envolvia o aluguel de várias propriedades, compra de carros blindados e armamento pesado.
O impacto da operação
Com a localização deste novo esconderijo, as autoridades acreditam ter desarticulado um dos principais centros de comando operacional do PCC em São Paulo. No entanto, a facção segue atuando em outros pontos da capital e do interior do estado, com forte presença nos presídios, de onde ainda controla diversas atividades criminosas.
A apreensão também serve de alerta para a segurança pública, reforçando que as facções criminosas continuam em expansão e se adaptando rapidamente às estratégias das forças de segurança. “O crime organizado está cada vez mais sofisticado, e essa descoberta nos dá uma noção do quão bem estruturado está esse grupo”, disse um oficial da Rota.
As investigações continuam para identificar outros possíveis membros da “restrita tática” e eventuais ligações internacionais da facção, que já opera com tráfico de drogas e armas em vários países da América do Sul
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