Mato Grosso do Sul, 16 de março de 2025
Campo Grande/MS
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Safra de cana em alerta: falta de chuva ameaça produção no Brasil

Produtores preocupados com impacto da estiagem e incêndios no Centro-Sul
Imagem -  Corinna Schenk
Imagem - Corinna Schenk

A falta de chuvas em fevereiro e no início de março nas regiões canavieiras do Centro-Sul do Brasil tem gerado grande preocupação entre usinas e produtores de cana. A estiagem de 2024 já havia causado estragos, e agora a safra 2025/26, que começa oficialmente em abril, pode sofrer uma nova queda expressiva.

As previsões para a safra ainda divergem, refletindo as condições desiguais das lavouras. Enquanto algumas consultorias, como a Datagro, estimam uma safra próxima da anterior, com 612 milhões de toneladas – uma redução de 1,4% – outras entidades apontam para um cenário mais preocupante. A Hedgepoint, por exemplo, projeta uma moagem de 630 milhões de toneladas, baseada em chuvas acumuladas nos últimos meses. Já a trading Sucden estima uma queda para algo entre 590 e 600 milhões de toneladas.

O presidente da Organização de Associações de Produtores de Cana do Brasil (Orplana), José Guilherme Nogueira, afirmou que a quebra pode chegar a 15%. Ele relata que as lavouras estão enfrentando problemas graves, como falha na brotação e dificuldade de crescimento. “Onde teve incêndio e também onde não teve, a cana não está subindo”, destacou.

Na região de Jaú (SP), uma das mais afetadas pela seca, a situação é preocupante. Segundo Eduardo Romão, presidente da Associação dos Plantadores de Cana da Região de Jaú, os pés de cana que deveriam estar com 70 centímetros em janeiro estavam com apenas metade dessa altura. Ele estima uma redução de pelo menos 25% na produtividade local, com regiões como Araçatuba e São Carlos podendo sofrer perdas ainda maiores.

Condições das lavouras

De acordo com levantamento da Datagro, as regiões de Ribeirão Preto e Araçatuba apresentam os piores cenários. Somente em fevereiro, a região de Ribeirão Preto registrou um índice de chuvas 26,5% abaixo da média, enquanto Bauru teve um déficit de 43,1%. No sul de Minas Gerais e em Goiás, a situação foi ainda pior, com chuvas 70% abaixo do normal. Apesar disso, os níveis de armazenamento de água no solo ainda são altos, superando 70% em São Paulo, Goiás, Mato Grosso do Sul, Paraná e Minas Gerais. No entanto, há um ano, essa taxa era ainda maior, ultrapassando 80% em várias regiões.

Especialistas acreditam que o primeiro terço da safra terá queda de produtividade devido às falhas de brotação, encurtamento dos nós da cana e menor crescimento. A expectativa para o segundo terço da safra dependerá das chuvas em abril. “Vai depender muito de como o clima se comportar nos próximos meses”, afirmou Plínio Nastari, presidente da Datagro.

A perspectiva da safra é um fator crucial para o mercado de açúcar e etanol, que pode sofrer impacto com a menor disponibilidade de cana-de-açúcar. Com o aumento da incerteza climática, produtores e indústrias do setor estão atentos ao desenvolvimento das lavouras e às ações necessárias para mitigar os impactos da seca.

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