Mato Grosso do Sul, 18 de junho de 2025
Campo Grande/MS
Fuente de datos meteorológicos: clima en Campo Grande a 30 días

Salários congelados, privilégios mantidos: a desigualdade salarial marca a gestão Adriane Lopes em Campo Grande

Prefeita congela salários do funcionalismo pelo terceiro ano seguido enquanto sanciona aumento próprio e enfrenta denúncias de apadrinhamento, caos na saúde e abandono da infraestrutura
Adriane Lopes prefeita de Campo Grande
Adriane Lopes prefeita de Campo Grande

Pela terceira vez consecutiva, os servidores da prefeitura de Campo Grande terão de encarar mais um ano sem o reajuste linear de salários previsto na Constituição Federal. O anúncio foi feito pela prefeita Adriane Lopes (PP) na última terça-feira, dia 10 de junho, marcando mais um capítulo de contradição em sua conturbada gestão. Ao mesmo tempo em que congela os vencimentos dos trabalhadores da administração municipal, Adriane sancionou em abril um aumento escalonado do próprio salário, além de beneficiar secretários, dirigentes de autarquias e um seleto grupo de servidores com os maiores vencimentos da folha pública.

O reajuste generoso garantirá à prefeita um salto salarial que começa nos atuais R$ 26.943,05 e chega a R$ 31.915,80 até fevereiro de 2027, conforme estabelecido pela Lei nº 7.398/2025, sancionada por ela própria no dia 24 de abril. No entanto, os cerca de 40 mil servidores públicos municipais continuarão com seus vencimentos defasados pela inflação, sem qualquer correção desde 2022. A data-base, que historicamente ocorre em maio, passou em branco mais uma vez. A alegação da prefeita: um “estudo técnico” que até agora não se converteu em benefício concreto aos trabalhadores da base do serviço público.

Enquanto a gestora insiste em discursos de responsabilidade fiscal e cautela orçamentária, a própria caneta da prefeita validou aumentos substanciais para cargos de alto escalão. Secretários municipais e dirigentes de autarquias, por exemplo, passaram a receber R$ 19.028,90 em abril de 2025. Esses salários subirão para R$ 25.511,95 em 2026 e alcançarão R$ 30.142,70 em 2027, no último ano do mandato de Adriane. A medida também afeta aproximadamente 500 servidores que estavam com seus vencimentos congelados no teto há mais de uma década, incluindo procuradores, auditores fiscais, diretores escolares e profissionais da saúde.

O impacto financeiro desse reajuste, de acordo com a secretária municipal de Fazenda, Márcia Helena Hokama, será de R$ 95 milhões até 2027. Ainda segundo ela, a prefeitura destinará R$ 32,8 milhões somente em 2025, ampliando o comprometimento da receita corrente líquida para 52,3% até o fim da gestão. O contraste, no entanto, é evidente: para a maioria dos servidores, nenhum centavo a mais.

As críticas ao tratamento desigual não se limitaram aos corredores do poder. O vereador Marquinhos Trad (PDT), ex-prefeito e único voto contrário ao reajuste na Câmara Municipal, denunciou o regime de urgência e o efeito retroativo aprovado para a proposta. Para ele, a medida premiou apenas 1,66% do quadro de funcionários públicos municipais, todos eles localizados nos estratos mais altos da estrutura administrativa.

Essa escolha por privilegiar o topo da pirâmide burocrática se soma a uma série de problemas que marcam a gestão de Adriane Lopes. Na área da saúde pública, faltam medicamentos básicos nos postos e hospitais, há carência de insumos e denúncias de que atendimentos de urgência vêm sendo suspensos ou adiados por falta de estrutura. Pacientes reclamam da espera interminável para exames e cirurgias eletivas, enquanto funcionários relatam sucateamento e sobrecarga de trabalho.

No transporte público, o caos se agrava. Linhas de ônibus foram cortadas ou sofreram redução de horários, usuários enfrentam superlotação nos terminais e há relatos recorrentes de ônibus quebrados ou com problemas mecânicos. O sistema de transporte coletivo, já fragilizado desde a pandemia, não recebeu qualquer reestruturação consistente da atual gestão.

A infraestrutura urbana da capital também é alvo constante de reclamações. Ruas esburacadas, bairros inteiros sem asfalto, iluminação precária e obras paradas compõem o cenário de abandono em diversas regiões da cidade. Moradores apontam promessas não cumpridas, intervenções mal planejadas e uma crescente sensação de descaso por parte da prefeitura.

Outro ponto que tem gerado indignação é a prática de contratações sem critérios técnicos, que evidenciam uma estrutura fortemente influenciada por interesses políticos. A atual administração é acusada de empregar apadrinhados de vereadores e aliados partidários em cargos comissionados e estratégicos, desrespeitando os princípios da impessoalidade e da eficiência na gestão pública. Há relatos de profissionais com baixa qualificação assumindo funções complexas, enquanto servidores concursados ficam à margem das decisões administrativas.

O anúncio do congelamento salarial, feito com aparente naturalidade pela prefeita, apenas agravou o clima de insatisfação entre os servidores, que já enfrentam três anos de perdas inflacionárias sem qualquer compensação. Representantes sindicais estudam a possibilidade de ações judiciais e mobilizações em protesto à ausência de diálogo e de políticas públicas que valorizem o funcionalismo.

A gestão de Adriane Lopes, que se apresenta como moderna e comprometida com o equilíbrio fiscal, enfrenta uma crise de confiança crescente. O discurso técnico, repetido em entrevistas e notas oficiais, não tem conseguido esconder a realidade vivida por milhares de servidores e pela população campo-grandense, que espera mais que promessas: espera respeito, coerência e justiça.

#AdrianeLopesNaMira #ReajusteZero #ServidorPúblicoMereceRespeito #CaosNaSaúde #TransportePúblicoDegradado #InfraestruturaAbandonada #MedicamentoFaltando #GestãoInjusta #CampoGrandePedeSocorro #SalárioCongelado #AumentoParaPoucos #JustiçaParaOsServidores

Suas preferências de cookies

Usamos cookies para otimizar nosso site e coletar estatísticas de uso.