A saúde pública de Campo Grande chegou ao fundo do poço. Quem precisa de atendimento nas unidades de pronto atendimento enfrenta uma verdadeira batalha para ser atendido. Filas que começam de madrugada, falta de leitos, profissionais sobrecarregados e um sistema que claramente não aguenta mais o peso do abandono. Apesar de tudo isso, a secretária municipal de Saúde, Rosana Leite, disse nesta segunda-feira (28) que novas contratações estão descartadas. Em vez de reforçar o time, a Sesau (Secretaria Municipal de Saúde) vai apenas remanejar os mesmos profissionais, que já estão à beira da exaustão.
O decreto de emergência publicado no sábado (26), que deveria ser uma resposta concreta para a crise instalada, virou só mais um pedaço de papel. Autorizava novas contratações de emergência, mas a Prefeitura optou por fazer vista grossa e seguir com o velho “jeitinho”: tapar buraco com quem já está dentro da rede, como se fosse possível fazer mágica sem dar estrutura ou descanso aos servidores.
Em Campo Grande hoje, a saúde respira por aparelhos. E olha que nem tem aparelho para todo mundo. As UPAs estão lotadas. Pacientes graves, idosos e crianças são obrigados a esperar horas ou dias para conseguir um leito. Isso quando conseguem. Quem chega numa unidade já sabe: vai passar sede, fome e medo, porque atendimento rápido virou raridade. Não falta só vaga. Falta humanidade.
A situação ficou tão crítica que a própria secretária confessou que no fim de semana teve que fazer uma “operação de guerra” para desocupar UTIs. Crianças foram remanejadas às pressas para liberar espaço para outras ainda mais graves. Isso não é gestão, isso é desespero. E o que mais revolta é ver que a solução continua sendo empurrar o problema com a barriga, como se a vida das pessoas pudesse esperar.
A desculpa esfarrapada de que contratos com empresas privadas estão sendo prorrogados para garantir medicamentos é um insulto a quem vê familiares agonizando nos corredores. Medicamento é importante, mas o que adianta ter remédio se não tem médico, se não tem vaga, se não tem atendimento? A saúde virou um jogo de empurra-empurra e o povo é quem está pagando a conta.
O colapso não é novidade. Há anos o sistema dá sinais de cansaço, mas ninguém fez nada para mudar. Agora, com o aumento dos casos de Síndrome Respiratória Aguda Grave (SRAG), o que já era ruim virou tragédia anunciada. O aumento assustador nos casos entre bebês e crianças escancarou ainda mais a falência da rede pública. Não existem leitos pediátricos suficientes e nem perspectiva de criar novos a curto prazo.
O decreto emergencial foi tratado como “carta branca” para resolver o problema, mas virou mais uma promessa vazia. Não é de hoje que a saúde pública em Campo Grande é usada como palanque político, mas agora chegou num ponto onde a maquiagem não esconde mais o colapso. A saúde da Capital está em estado vegetativo, dependendo de mutirões desesperados para salvar vidas.
Enquanto isso, a população morre sem assistência, e a Prefeitura se preocupa mais em economizar com contratos do que em proteger a vida dos cidadãos. O sistema de saúde de Campo Grande virou um barril de pólvora pronto para explodir, e quem vai pagar o preço é quem mais precisa: a população humilde, que não tem dinheiro para recorrer a hospitais particulares.
A omissão e a falta de respeito com a vida humana são gritantes. Não adianta publicar decreto se ele não sai do papel. Não adianta dizer que vai remanejar servidores se eles estão exaustos. O que Campo Grande precisa é de reforço de verdade, de respeito, de planejamento, e não de discurso bonito em coletiva de imprensa.
O sistema de saúde de Campo Grande não está apenas doente. Está agonizando. E, se nada for feito com urgência, a tragédia vai ser ainda maior.
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