Setembro é um mês dedicado à conscientização sobre a prevenção do suicídio, uma questão de saúde pública que afeta milhões de pessoas pelo mundo, muitas vezes de forma silenciosa, mas que pode ser contornada. Devido a isso, foi instituído no Brasil, em 2014, o movimento Setembro Amarelo, que é uma iniciativa para conscientizar a população, promover discussões abertas sobre o tema e buscar ajudar a quem possui algum nível de pensamento suicida.
De acordo com a Organização Mundial da Saúde (OMS), aproximadamente 700 mil pessoas cometem suicídio a cada ano em todo o mundo. No Brasil, o Ministério da Saúde divulgou, em 2022, que a taxa de mortalidade por suicídio foi de 6,2 por 100 mil habitantes, totalizando cerca de 13 mil casos. As estatísticas escancaram a necessidade urgente de adotarmos estratégias eficazes de prevenção proporcionando apoio emocional e psicológico. E é exatamente na psicologia que pode estar a solução para afastar quaisquer tipos de pensamentos que possam levar alguém à morte.
Um estudo sobre intervenções psicológicas para a prevenção do suicídio foi publicado em 2020 pela revista médica norte-americana Jama Psychiatry. O resultado mostrou que a Terapia Cognitivo-Comportamental (TCC) reduz significativamente a ideia de tirar a própria vida em pessoas com sinais de depressão. A meta-análise de 34 estudos, envolvendo mais de 3.000 participantes, demostrou que a TCC foi associada a uma redução de 30% nas tentativas de suicídio em comparação com grupos de controle.
A psicóloga clínica e professora do curso de Psicologia da Estácio, Sátina Pimenta, destaca a importância de conversar sobre sentimentos: “Não tem problema nenhum perguntar todos os dias como foi o dia de alguém e como está se sentindo. Ninguém acorda de manhã e fala que quer retirar a própria vida. É um processo precedido por uma depressão ou trauma, e que pode estar em nossos lares, mas pode ser evitado se tivermos atenção aos sinais. Um exemplo disso é a mudança de comportamento, tanto para o isolamento quanto para a animação desmedida. Então, falar sobre os sentimentos é importante! E falar, que às vezes nos perdemos em nossa dor, também é importante”, afirma a docente.
A psicóloga também ressalta que é crucial abordar o assunto, mesmo sendo sensível. “Falar sobre suicídio sem estigmas é necessário, pois abre espaço para mostrar o que se sente quando a ideação de suicídio está presente. Se o assunto vira um tabu, é como se ele fosse transformado em algo que não pode ser dito, que é vergonhoso, etc”, explica.
Sátina esclarece ainda o que não deve ser dito a pessoas apresentando sinais de depressão e risco de cometer suicídio: “Com certeza, não se evita o suicídio falando: ‘não pense nisto’, ‘olha tudo que você tem na vida’, ou ‘isto é coisa para fracos’… A pessoa já pensou nisso tudo. A melhor estratégia é o acolhimento, mas um acolhimento que oferte o que a pessoa deseja e não o que você acha que ela precisa. Então, pergunte: ‘Quer um abraço?’, ‘Precisa de ajuda?’, ‘Como acredita que posso ajudar?’.
Este período do ano é para a reflexão. As campanhas do Setembro Amarelo também servem para mostrar que é possível buscar e receber ajuda. Não hesite em procurar apoio se você ou alguém que você conhece estiver passando por dificuldades. Conversar sobre saúde mental pode fazer toda a diferença na vida de uma pessoa.