Em meio às movimentações que já começam a moldar o cenário político para as eleições gerais de 2026, dois nomes femininos de projeção nacional voltam ao centro das articulações em Mato Grosso do Sul. A ministra do Planejamento e Orçamento, Simone Tebet, filiada ao MDB, e a ex-ministra das Mulheres, Cida Gonçalves, do PT, estão entre as apostas de seus respectivos partidos para concorrer ao Senado e à Câmara dos Deputados, apesar do ambiente político local desfavorável ao presidente Luiz Inácio Lula da Silva na região Centro-Oeste.
As pretensões eleitorais de ambas ainda não foram oficializadas publicamente, mas são tratadas como certas nos bastidores de Brasília e de Campo Grande. Simone Tebet, que já ocupou uma cadeira no Senado entre 2015 e 2022, deve tentar retornar ao posto, encerrando sua passagem pelo Ministério do Planejamento. Já Cida Gonçalves, afastada do governo em maio deste ano, pretende disputar uma vaga de deputada federal, somando forças à bancada petista sul-mato-grossense na Câmara.
As movimentações políticas se dão em um momento delicado para o governo federal na região. A desaprovação do presidente Lula cresceu entre os eleitores do Estado, tornando o desafio eleitoral ainda mais complexo para suas aliadas. Ainda assim, a aposta dos partidos em Tebet e Cida se sustenta no peso simbólico de suas trajetórias e na capilaridade política que ambas possuem no interior do Estado.
A reconstrução de Simone Tebet no tabuleiro nacional
Simone Tebet tem sido uma das figuras mais influentes da Esplanada dos Ministérios desde sua nomeação como ministra do Planejamento, no início do terceiro mandato de Lula. Vinda do MDB, partido historicamente enraizado em Mato Grosso do Sul, ela tem equilibrado técnica e política na gestão orçamentária da União. Foi a responsável por conduzir as negociações do novo arcabouço fiscal e do Orçamento da União para 2024, mantendo uma postura conciliadora entre o Executivo e o Congresso Nacional.
Desde o início de 2024, Simone intensificou sua presença em Mato Grosso do Sul, participando de agendas oficiais do Novo Programa de Aceleração do Crescimento (Novo PAC) em diversas cidades do Estado. Segundo a própria ministra, as visitas fazem parte de uma estratégia do governo federal para ampliar a visibilidade de suas ações e reconquistar a confiança da população sul-mato-grossense. Lula teria lhe encarregado, diretamente, de ouvir prefeitos e verificar o andamento das obras federais, reforçando o elo entre Brasília e os municípios.
Apesar de afirmar em entrevistas que ainda é cedo para anunciar uma candidatura, interlocutores próximos asseguram que Simone está determinada a disputar uma vaga no Senado. Para isso, precisará deixar o ministério até abril de 2026, como determina a legislação eleitoral. A avaliação interna no MDB é que Tebet representa uma candidatura forte e de apelo nacional, com potencial para fortalecer o partido no Estado e alavancar alianças estratégicas.
Cida Gonçalves tenta se reerguer após saída do governo
Já a ex-ministra Cida Gonçalves enfrenta um caminho mais complexo. Nomeada para comandar o Ministério das Mulheres no início do governo Lula, Cida enfrentou críticas internas e dificuldades de gestão. Foi exonerada em maio deste ano, em meio ao desgaste político e à pouca visibilidade da pasta. Sua atuação chegou a ser questionada por integrantes do próprio PT e por parlamentares da base, que consideraram seu desempenho aquém das expectativas para um ministério com relevância simbólica.
O afastamento do cargo foi precedido por uma série de episódios polêmicos. Em fevereiro, Cida prestou depoimento à Comissão de Ética da Presidência da República, revelando que interrompia compromissos oficiais para atender a primeira-dama Janja da Silva, a quem é próxima. Também admitiu ignorar ligações de ministros importantes, como Alexandre Padilha e Márcio Macêdo. Um processo por suposto assédio moral foi aberto contra ela, mas posteriormente arquivado.
Apesar dos entraves, Cida ainda conta com o apoio de lideranças locais do PT e deve disputar uma vaga na Câmara dos Deputados por Mato Grosso do Sul. A legenda aposta em seu histórico de militância feminista e no trabalho social desenvolvido ao longo de décadas para conquistar o eleitorado, sobretudo nas periferias urbanas e comunidades tradicionais. Com a possível candidatura de Vander Loubet ao Senado e a tentativa de reeleição de Camila Jara, Cida pode ser a nova representante da legenda na Casa.
Desafios e projeções para 2026
As possíveis candidaturas de Simone Tebet e Cida Gonçalves refletem, ao mesmo tempo, a tentativa de reposicionamento político de figuras femininas de destaque no governo Lula e a preocupação com o fortalecimento das bases partidárias em um Estado de perfil conservador e historicamente difícil para o PT. O desafio de ambas será lidar com o crescente ceticismo em relação ao Planalto e com os efeitos colaterais de suas passagens pela administração federal.
Tebet tem a seu favor o reconhecimento técnico, o histórico legislativo consistente e o capital político acumulado nos últimos anos. Cida, por sua vez, busca se reerguer após um período conturbado, apostando no vínculo com movimentos sociais e na lealdade partidária.
O cenário eleitoral ainda é incerto, mas as movimentações já sinalizam que Mato Grosso do Sul será palco de disputas acirradas em 2026. No centro desse tabuleiro estarão duas mulheres que, com trajetórias opostas, tentam escrever novos capítulos em suas histórias políticas.
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