Mato Grosso do Sul, 15 de fevereiro de 2025
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Subindo o preço, descendo a confiança: o impasse sobre o reajuste da ‘tarifa de ônibus’ em Campo Grande

“Pagamos caro por ônibus velhos e cheios de defeitos. Quando chove, entra água pelo teto, e as pessoas precisam abrir guarda-chuva dentro do ônibus. É uma humilhação para quem depende desse transporte”
Mais um ônibus quebra no meio do caminho
Mais um ônibus quebra no meio do caminho

A população de Campo Grande, que já convive com uma das tarifas de ônibus mais caras do Brasil, está prestes a encarar mais um aumento, anunciado pela prefeita Adriane Lopes (PP) durante a posse dos novos secretários e diretores do Executivo Municipal, na última segunda-feira (13). O novo valor será definido pelo recém-empossado diretor-presidente da Agereg (Agência Municipal de Regulação dos Serviços Públicos), José Mário Antunes da Silva, mas a notícia não foi bem recebida por usuários que enfrentam um serviço de transporte público descrito como precário e indigno.

Tarifa alta, qualidade baixa

Atualmente, Campo Grande é destaque nacional por cobrar uma das passagens mais caras do país, mas o preço não reflete a qualidade do serviço. Ônibus sucateados, atrasos constantes, superlotação e terminais em péssimo estado são a realidade enfrentada diariamente pelos passageiros.

“Pagamos caro por ônibus velhos e cheios de defeitos. Quando chove, entra água pelo teto, e as pessoas precisam abrir guarda-chuva dentro do ônibus. É uma humilhação para quem depende desse transporte”, desabafou a estudante Camila Santos.

Os terminais de transbordo, onde milhares de pessoas aguardam pelo transporte diariamente, também são alvos de críticas. Estruturas deterioradas, banheiros insalubres e falta de segurança fazem parte da rotina dos usuários. “Os terminais parecem abandonados. Não temos conforto, e a sensação é de total descaso com a população que mais precisa”, afirmou Ana Paula Mendes, líder comunitária do bairro Nova Lima.

Situação do banheiro, todo pichado, no Terminal General Osório (Foto: Marcos Maluf)

O monopólio que dita as regras

Além da insatisfação com o serviço, a população questiona o monopólio das empresas que operam o transporte coletivo na capital. O sistema é gerido por um consórcio de empresas que, segundo denúncias, exerce forte influência sobre a administração municipal. Esse consórcio é alvo de ações judiciais no Mato Grosso do Sul, acusado de práticas ilegais e de ditar as regras do transporte público sem oferecer contrapartidas à população.

“Esse monopólio é um crime contra os cidadãos. As empresas controlam o transporte como se fossem donas da cidade, sem concorrência e sem melhorias. O poder público precisa agir para romper essa relação que só beneficia poucos em detrimento de muitos”, afirmou o advogado e ativista social Pedro Matos.

Câmara e Ministério Público prometem respostas

Com a insatisfação popular em alta, a Câmara de Vereadores se manifestou sobre o caso. Os vereadores prometem acompanhar de perto as negociações para garantir que o reajuste não onere ainda mais a população sem contrapartidas. “Não aceitaremos aumento sem melhorias claras e imediatas no transporte. A Câmara está pronta para cobrar explicações da prefeitura e da Agereg”, declarou.

O Ministério Público Estadual também acompanha o processo. A Promotoria de Defesa do Consumidor, destacou que o consórcio de empresas já é investigado por irregularidades e que qualquer aumento na tarifa deverá ser devidamente justificado. “Estamos atentos para garantir que os direitos dos consumidores sejam respeitados. Não vamos permitir abusos”.

Entre trabalhadores e usuários, o dilema do transporte público

Enquanto isso, os trabalhadores do transporte coletivo, como motoristas e cobradores, defendem a necessidade de reajuste para cobrir os custos operacionais e manter os empregos. “Sabemos que o serviço precisa melhorar, mas os custos de combustível, manutenção e outros insumos subiram muito. É um dilema que precisa ser resolvido com equilíbrio”, afirmou o presidente do STTCU (Sindicato dos Trabalhadores do Transporte Coletivo Urbano) em Campo Grande.

Por outro lado, os usuários exigem melhorias imediatas antes de qualquer aumento. “Não podemos aceitar pagar mais caro por ônibus que mais parecem sucatas e por um sistema controlado por empresas que só pensam no lucro. O transporte público é um direito, não um privilégio”, criticou Ana Paula Mendes.

O futuro do transporte em Campo Grande

O novo diretor da Agereg, José Mário Antunes da Silva, tem a difícil tarefa de mediar o impasse. A população, que já enfrenta tarifas altas e serviços ruins, está no limite da paciência. Entre denúncias de monopólio, investigações judiciais e a promessa de um reajuste tarifário, o transporte público de Campo Grande pode ser o palco de novos protestos e debates acalorados nos próximos dias.

Enquanto isso, a mensagem dos cidadãos é clara: antes de cobrar mais, é preciso entregar mais.

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