Mato Grosso do Sul, 10 de julho de 2025
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SUS amplia combate à endometriose com novos tratamentos hormonais e reforça assistência à saúde da mulher

Ministério da Saúde incorpora DIU hormonal e desogestrel ao sistema público, marcando avanço histórico no enfrentamento de uma das doenças ginecológicas mais incapacitantes do mundo
Condição afeta cerca de 10% das mulheres em idade reprodutiva no mundo
Condição afeta cerca de 10% das mulheres em idade reprodutiva no mundo

Um importante avanço no cuidado à saúde da mulher foi anunciado pelo Ministério da Saúde. A partir de decisão técnica da Comissão Nacional de Incorporação de Tecnologias no Sistema Único de Saúde (Conitec), o SUS passa a ofertar duas novas alternativas de tratamento para a endometriose, condição ginecológica que afeta cerca de 10% das mulheres em idade reprodutiva em todo o mundo. A introdução do dispositivo intrauterino liberador de levonorgestrel (DIU-LNG) e do anticoncepcional hormonal desogestrel à rede pública representa uma resposta concreta a uma demanda crescente da sociedade brasileira e da classe médica por políticas públicas mais eficazes no enfrentamento desta enfermidade.

O DIU-LNG age diretamente no endométrio, inibindo o crescimento do tecido fora do útero e, com isso, aliviando os sintomas debilitantes da endometriose. Uma das grandes vantagens desse método é a sua longa duração: o dispositivo pode permanecer em uso por até cinco anos, o que reduz a necessidade de trocas frequentes, facilita a adesão ao tratamento e melhora significativamente a qualidade de vida das pacientes. A nova opção será especialmente indicada para mulheres que não podem utilizar contraceptivos orais combinados por contraindicações clínicas ou intolerância aos seus efeitos colaterais.

O segundo tratamento incorporado é o desogestrel, um progestagênio de uso oral que atua bloqueando a ovulação e reduzindo a atividade hormonal responsável pelo crescimento ectópico do endométrio. Além de controlar a dor, o medicamento será utilizado já na fase inicial da abordagem clínica, antes mesmo da confirmação diagnóstica por exames de imagem, permitindo alívio precoce dos sintomas.

A adoção desses tratamentos no SUS, no entanto, requer atualização do Protocolo Clínico e Diretrizes Terapêuticas (PCDT) da Endometriose, etapa em andamento que garantirá a padronização do atendimento em todo o país e assegurará que os profissionais de saúde estejam devidamente capacitados para prescrever e acompanhar as novas alternativas terapêuticas.

A endometriose é uma doença inflamatória crônica que ocorre quando o tecido semelhante ao endométrio, que reveste o interior do útero, cresce fora da cavidade uterina. Esse tecido pode se alojar em órgãos como ovários, trompas, intestino, bexiga e até em regiões mais distantes, provocando reações inflamatórias e formando aderências. As pacientes geralmente apresentam sintomas como cólicas menstruais intensas, dor pélvica crônica, dor durante a relação sexual, dificuldade para engravidar e alterações intestinais e urinárias que se agravam no período menstrual.

Dados da Organização Mundial da Saúde (OMS) revelam que a endometriose afeta mais de 190 milhões de mulheres e meninas no mundo. No Brasil, o impacto da doença tem sido cada vez mais visível. O Ministério da Saúde registrou um aumento de 30% na quantidade de atendimentos na atenção primária relacionados ao diagnóstico da endometriose, passando de 115,1 mil em 2022 para 144,9 mil em 2024. No total, nos dois últimos anos, foram mais de 260 mil atendimentos. Já na atenção especializada, o número de registros saltou 70%, de 31.729 em 2022 para 53.793 em 2024, totalizando 85,5 mil procedimentos especializados. As internações pela doença também cresceram significativamente: 32% entre 2022 e 2024, somando 34,3 mil internações apenas nos dois últimos anos.

Esse cenário evidencia o crescente reconhecimento da endometriose como um problema de saúde pública e a necessidade urgente de medidas que ampliem o acesso ao diagnóstico precoce, ao tratamento contínuo e ao acolhimento das mulheres que enfrentam a condição. Muitas pacientes demoram anos até obter um diagnóstico correto, vivendo longos períodos de sofrimento físico, emocional e social, marcados por estigmas, desconhecimento e ausência de suporte institucional adequado.

A incorporação do DIU hormonal e do desogestrel representa uma conquista importante, fruto da mobilização de médicas, pesquisadoras, pacientes e movimentos sociais que lutam pelo direito à saúde reprodutiva e ao atendimento digno. O SUS, com essa medida, reforça seu compromisso com a equidade no cuidado e com o fortalecimento das políticas de saúde da mulher, oferecendo ferramentas modernas e eficazes para enfrentar uma das enfermidades mais incapacitantes do ciclo reprodutivo feminino.

A ampliação do acesso ao tratamento hormonal é apenas uma etapa do desafio. Para um combate eficaz à endometriose, é necessário garantir investimentos contínuos na formação de profissionais especializados, em centros de referência regionalizados, em linhas de cuidado humanizadas e em programas de educação em saúde que ajudem a população a reconhecer precocemente os sinais da doença.

Com os novos tratamentos agora acessíveis pelo sistema público, mulheres brasileiras têm mais esperança de viver com menos dor, com mais dignidade e com seus direitos de saúde integral plenamente reconhecidos.

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