O cancelamento do desfile das escolas de samba de Corumbá na noite deste domingo, 02 de março, devido à forte tempestade que atingiu a cidade, causou grande insatisfação entre os dirigentes e componentes da Unidos da Vila Mamona. A agremiação, que seria a primeira a pisar na passarela do samba, teve prejuízos consideráveis e já sugeriu que a competição deste ano seja suspensa devido aos danos sofridos por todas as escolas envolvidas.
A forte chuva e os ventos intensos, que começaram ainda na tarde de domingo, atingiram em cheio os carros alegóricos e fantasias das agremiações, que não contam com barracões cobertos para armazenamento e montagem segura de seus elementos cenográficos. Como resultado, várias escolas tiveram perdas significativas, comprometendo sua capacidade de se apresentar com a grandiosidade esperada.
Vila Mamona Se Diz Prejudicada
De acordo com a presidente da Vila Mamona, Sonia Ramona da Silva Carvalho Monteiro, a Soninha, a escola já havia solicitado o adiamento do desfile desde a primeira pancada de chuva, mas o pedido não foi atendido de imediato. “Nos reunimos com a Liesco ainda à tarde e, quando perguntaram se teríamos condições de desfilar, dissemos que não. Mesmo assim, o desfile foi mantido e anunciado para 21h30. Corremos atrás de novos materiais para recompor nossos carros e fantasias, fizemos um grande esforço para levar a escola para a concentração às 20h15, mesmo debaixo de chuva. Daí, meia hora antes do início previsto para o desfile, anunciam o adiamento?”, questionou a dirigente.
A diretora Luciana Rangel reforçou que, diante das avarias, a escola não tem condições de se apresentar nesta segunda-feira. “Minimamente, precisaríamos de um dia para arrumar o que foi danificado e, ainda mais, ter esse dinheiro para recompor a escola. Isso é algo que não temos. A não ser que a Liesco entendesse, tivesse o bom senso e fornecesse o que precisamos”, declarou.
O carnavalesco Edílson de Oliveira, que trabalhou durante cinco meses para colocar a Vila Mamona na avenida, lamentou não só as perdas materiais, mas também a perda de componentes. “Doamos setenta por cento das fantasias e, infelizmente, pessoas que moram em bairros mais afastados não voltam para casa com elas. Aqui mesmo, nas redondezas da concentração, já encontramos várias peças, incluindo cabeças de fantasia, jogadas pela rua. É muito triste tudo isso”, desabafou.
Outras Escolas Também Sofreram Danos
Além da Vila Mamona, outras escolas de samba de Corumbá foram severamente afetadas pelo temporal. A Pesada teve um de seus carros alegóricos danificado pela força do vento, comprometendo a estrutura de destaque da alegoria. A Unidos da Major Gama relatou que grande parte das fantasias de suas alas foi encharcada e perdeu o formato original, além de apresentar dificuldades para secar a tempo de um possível desfile na segunda-feira.
A Acadêmicos do Pantanal informou que seu abre-alas teve parte da cenografia destruída pela chuva, sendo impossível repará-lo em poucas horas. Já a Caprichosos de Corumbá teve seu carro principal comprometido, além de diversos instrumentos da bateria danificados pela água.
Para Edílson Oliveira, da Vila Mamona, a Liesco terá que rever a forma de condução da disputa. “Defendemos que esse ano não deve existir competição, pois não foi apenas a Vila que foi prejudicada. Muitas escolas tiveram suas alegorias danificadas com as chuvas tanto na parte da tarde quanto à noite. Como julgar um carnaval em que os critérios não serão iguais para todos?”, questionou o carnavalesco.
O Que Diz a Liesco
O presidente da Liesco, Victor Raphael, explicou as razões do cancelamento e reforçou a importância da segurança na tomada de decisões. “A gente fica triste com o que aconteceu com a Vila Mamona. Ela pegou toda a chuva, entendemos essa situação da presidente Soninha de querer desfilar, afinal, toda comunidade mamonense estava esperando fazer um grande desfile. Só que a gente tem que pensar primeiramente na segurança das pessoas. E ali não reunia condições de segurança, foi uma chuva que demorou bastante”, disse.
Victor Raphael ainda destacou que a pista molhada também influenciou na decisão. “A secagem da pista, tanto na parte de paralelepípedo quanto na parte do asfalto pintado, é lenta, e a escola já estava altamente prejudicada com toda a chuva que pegou. Isso podia acarretar sobrepeso das alegorias, porque tem material que acumula água, empenamento da forração das alegorias que é feita com madeirite compensado. Então, tem uma série de questões de segurança que não podiam ser ignoradas”, afirmou.
Além disso, o presidente da Liesco reconheceu os danos sofridos pelas demais escolas e informou que a entidade se reunirá nesta segunda-feira para decidir os próximos passos. “Fora as avarias que aconteceram com as outras escolas. Nesta segunda iremos definir o que vai acontecer, principalmente porque é dia de desfile. Vamos nos preparar para fazer aquilo que for melhor, conforme a gente colocou em nota. Temos que fazer aquilo que é melhor não só para o folião que vai desfilar, mas também para o público que vai assistir. Então, a gente vai conversar e chegar a uma decisão sobre o desfile”, concluiu.
A reunião que contará com a presença dos dirigentes da Liesco, das dez escolas de samba e representantes da Fundação de Cultura, organizadora do Carnaval 2025, será realizada às 10h desta segunda-feira (03).
Neste domingo, deveriam desfilar a Vila Mamona, A Pesada, Unidos da Major Gama, Acadêmicos do Pantanal e Caprichosos de Corumbá. Já na segunda-feira, estavam previstas as apresentações da Imperatriz Corumbaense, Estação Primeira do Pantanal, Império do Morro, Marquês de Sapucaí e Mocidade Independente da Nova Corumbá.
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