Mato Grosso do Sul, 30 de maio de 2025
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Tentativa de feminicídio em posto de combustíveis em Campo Grande evidencia aumento da violência contra mulheres

Mulher é baleada a queima-roupa após pedir socorro; agressor foi preso minutos depois e caso eleva preocupação com crescente índice de feminicídios no estado
Imagens - Direto do Fato
Imagens - Direto do Fato

Uma tentativa brutal de feminicídio abalou a tarde desta quinta-feira, 29, em Campo Grande, capital de Mato Grosso do Sul. O crime ocorreu por volta das 14h, em pleno cruzamento das ruas da Divisão e Santa Quitéria, no Bairro Parati, área de grande circulação na região sul da cidade. Uma mulher, cuja identidade ainda não havia sido oficialmente divulgada até o fechamento desta reportagem, foi ferida a tiros por um homem com quem mantinha vínculo próximo. O agressor foi detido em flagrante minutos após o ataque.

De acordo com informações apuradas, o casal chegou junto ao local em um veículo modelo HB20, de cor branca. Após estacionarem, a vítima desceu sozinha e dirigiu-se ao banheiro do posto de combustíveis. Testemunhas relataram que, ao sair do sanitário, a mulher começou a gritar desesperadamente por socorro. Nas imagens de câmeras de segurança obtidas pela polícia, é possível ver o momento em que ela tenta escapar, correndo pelo estacionamento, enquanto o homem surge em sua perseguição, empunhando uma arma de fogo.

Em meio à cena aterrorizante, ouvem-se ao menos cinco disparos. Conforme relatos de quem estava no local, a vítima ainda conseguiu gritar: “Ele tá tentando me matar!”, antes de ser alvejada. Um despachante que trabalha em frente ao posto relatou: “No começo achei que fossem bombinhas, só depois percebi que eram tiros de verdade.”

O funcionário de uma das lojas do posto, ainda visivelmente abalado, relatou que o ataque pegou a todos de surpresa: “Se ele tivesse gritado, brigado, ou ameaçado antes, os outros funcionários teriam corrido para ajudar. Mas ele simplesmente sacou a arma e atirou.”

A mulher foi socorrida pelo Corpo de Bombeiros com três ferimentos graves provocados pelos tiros. Após os primeiros atendimentos no local, ela foi rapidamente encaminhada para a Santa Casa de Campo Grande, referência no atendimento de urgência e emergência, onde permanece internada sob cuidados médicos intensivos.

O agressor fugiu do local no mesmo veículo em que havia chegado com a vítima, seguindo em direção à Avenida Bandeirantes. Contudo, a fuga não durou muito: ele foi localizado e preso pela Polícia Militar nas proximidades do Terminal Guaicurus, a aproximadamente cinco quilômetros do local do crime. Até o momento, não foram divulgadas informações oficiais sobre sua identidade ou motivação, mas a polícia trabalha com a hipótese de tentativa de feminicídio, diante da dinâmica violenta do ocorrido.

A delegada Analu Lacerda, titular da Delegacia Especializada de Atendimento à Mulher (Deam), esteve pessoalmente no local da tentativa de homicídio e acompanha o desenrolar das investigações. Em rápida declaração, reforçou a gravidade do caso: “Infelizmente, este é mais um episódio que reforça a necessidade de combatermos de maneira mais incisiva a violência contra a mulher.”

O episódio desta quinta-feira lança luz sobre uma realidade cada vez mais alarmante em Mato Grosso do Sul. Apenas nos primeiros meses deste ano, o estado já contabiliza 14 feminicídios consumados, número que o posiciona entre as unidades federativas com maiores índices proporcionais deste tipo de crime no país. Campo Grande, que concentra a maior parte da população sul-mato-grossense, tornou-se epicentro desta crise silenciosa, onde mulheres seguem expostas a ameaças, agressões e mortes, frequentemente praticadas por companheiros ou ex-companheiros.

Especialistas apontam que o feminicídio é a face mais extrema da violência de gênero, mas não se trata de um ato isolado: ele geralmente é precedido por uma sequência de agressões físicas, psicológicas e patrimoniais, que se agravam na ausência de mecanismos eficazes de prevenção, acolhimento e punição aos agressores.

A psicóloga e especialista em violência doméstica, Maria de Lourdes Ramos, destaca que “o ciclo de violência contra a mulher é complexo e muitas vezes invisível aos olhos da sociedade, até que explode em casos trágicos como este”. Segundo ela, a atuação das delegacias especializadas e a ampliação das redes de apoio são fundamentais, mas ainda insuficientes diante da dimensão do problema.

Em Campo Grande, organizações não governamentais e coletivos feministas vêm intensificando campanhas de conscientização e denúncia, enquanto clamam por políticas públicas mais robustas, com foco na proteção das mulheres em situação de risco.

O Ministério Público Estadual, através do Núcleo de Enfrentamento à Violência Doméstica, também reforçou recentemente a necessidade de agilizar a implantação de medidas protetivas, muitas vezes fundamentais para evitar que ameaças evoluam para crimes fatais.

Casos como o desta quinta-feira escancaram a necessidade de refletir e agir. A banalização da violência contra mulheres exige não apenas respostas punitivas, mas políticas estruturantes e contínuas, que promovam a educação para a igualdade de gênero e o fortalecimento das redes de proteção social.

Enquanto a vítima luta pela vida na Santa Casa, a sociedade sul-mato-grossense é mais uma vez confrontada com uma triste estatística que se transforma em tragédia humana. A esperança agora repousa sobre a possibilidade de que justiça seja feita e que mais uma mulher não se some à triste contabilidade do feminicídio em Mato Grosso do Sul.

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