A semana começou com o torcedor corintiano na expectativa de reviver um capítulo glorioso da história do clube. A volta de Tite, o técnico mais vitorioso que já passou pelo Parque São Jorge, estava praticamente certa. Bastava assinar. Mas tudo mudou em questão de horas. Tite, que já estava com tudo pronto para retornar ao Corinthians, anunciou uma pausa por tempo indeterminado na carreira. E o motivo pegou todo mundo de surpresa: saúde mental e física.
Segundo o próprio treinador, essa foi uma das decisões mais difíceis de sua vida. Depois de uma crise de ansiedade na noite de segunda-feira, Tite sentiu que não estava pronto para voltar à rotina intensa do futebol. Foram noites mal dormidas, angústias, tensão acumulada e uma pressão que já não fazia mais sentido naquele momento. Na manhã seguinte, com a cabeça mais fria e em conversa com a família, ele avisou o clube que não aceitaria a proposta. E o retorno tão esperado teve que ser adiado.
O Corinthians, por sua vez, estava otimista. As negociações já estavam fechadas nos bastidores. O contrato seria assinado no CT Joaquim Grava e Tite assumiria os treinos imediatamente, já pensando no duelo de quinta-feira contra o Racing-URU, pela Copa Sul-Americana. A diretoria apostava alto na experiência do técnico para reorganizar o elenco e acalmar a pressão da torcida após a saída de Ramón Díaz.
Com a negativa de última hora, o planejamento virou de cabeça pra baixo. Sem tempo a perder, a diretoria precisou agir rápido. A comunicação com a torcida foi cuidadosa. Tite merecia respeito, e a decisão dele foi tratada com a seriedade que o momento exigia.
Essa não foi a primeira vez que o técnico recusou voltar ao Corinthians. Desde que deixou a Seleção Brasileira no final de 2022, o clube tentou duas vezes repatriar o comandante. Na época, ele já havia declarado que queria um ano sabático, um tempo só pra ele e pra família, longe da pressão dos campos e dos microfones. Ainda assim, o Timão insistiu. E com razão: Tite carrega no currículo seis títulos com o clube, incluindo o inesquecível Mundial de Clubes de 2012, além de 378 jogos como técnico do alvinegro.
Mas o corpo e a mente não estavam mais respondendo como antes. A pressão do futebol moderno é brutal, e mesmo os mais experientes sentem. Tite, acostumado com os maiores palcos, com Copas do Mundo, Libertadores e decisões pesadas, decidiu parar. Não por fraqueza, mas por sabedoria. Cuidar da saúde virou prioridade.
A decisão mexeu com a torcida. Muitos lamentaram, mas a maioria entendeu. Os gritos de “volta, Tite” deram lugar a mensagens de apoio nas redes sociais. Era como se todos tivessem percebido que, dessa vez, o jogo era outro. Um jogo mais humano, mais íntimo, onde o adversário não era o rival de campo, mas o próprio desgaste de anos de dedicação.
Enquanto isso, o interino Orlando Ribeiro continua à frente da equipe. A diretoria agora corre para buscar outro nome, já que o time tem calendário apertado e precisa de resultados. Mas a sombra de Tite continuará presente por muito tempo. Pela história, pela conexão com o clube e, agora, pelo exemplo de coragem ao reconhecer seus próprios limites.
No fim das contas, Tite mostrou que saber parar também é sinal de grandeza. O futebol pode esperar. A saúde, não.
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