Mato Grosso do Sul, 15 de junho de 2025
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Tráfico e contrabando avançam na fronteira de Mato Grosso do Sul com Paraguai e Bolívia

Estado enfrenta desafios crescentes no combate ao crime organizado, que utiliza a região para transporte de drogas, armas e munições em rotas clandestinas
Fardos de maconha ao lado de Fiat Punto capotado (Foto: Divulgação)
Fardos de maconha ao lado de Fiat Punto capotado (Foto: Divulgação)

Dois veículos capotados e abandonados em meio a plantações e margens de rodovias, repletos de drogas e munições, ilustram um dos muitos capítulos de uma guerra silenciosa que avança pela fronteira de Mato Grosso do Sul. A localização estratégica do estado, que faz divisa com o Paraguai e a Bolívia, o transforma em uma das principais portas de entrada do tráfico internacional de drogas e contrabando de armamentos no Brasil.

Duas ocorrências registradas na MS-164, próximo ao distrito de Nova Itamarati, em Ponta Porã, acenderam novamente o alerta sobre a ação constante de organizações criminosas na região fronteiriça. Em um dos casos, uma caminhonete S10 branca foi encontrada capotada às margens da rodovia, com nada menos que uma tonelada de maconha espalhada ao redor do veículo.

Policiais militares chegaram ao local após receberem uma denúncia anônima. A cena, embora impactante, já não surpreende os agentes acostumados com a intensidade do tráfico na região. Além dos fardos do entorpecente, foram apreendidas 145 munições de calibre 38 e um equipamento de internet via satélite da marca Starlink, tecnologia cada vez mais utilizada por quadrilhas para manter comunicação em áreas remotas e evitar rastreamento por autoridades.

O cenário indicava uma fuga apressada dos traficantes. Nenhum suspeito foi localizado nas proximidades. A droga e a caminhonete foram removidas e encaminhadas à 1ª Delegacia de Polícia Civil de Ponta Porã, que abriu inquérito para investigação do caso.

Poucas horas depois, ainda na MS-164, outra ocorrência reforçou a presença ostensiva do narcotráfico na região. Policiais militares foram acionados para verificar um acidente envolvendo um Fiat Punto, encontrado tombado em meio a uma lavoura de milho, nas proximidades da subestação de energia de Nova Itamarati. Dentro e ao redor do veículo, os agentes localizaram diversos fardos de maconha, desta vez totalizando 730 quilos da droga, todos embalados com fitas adesivas azuis.

Assim como no primeiro caso, os responsáveis pelo transporte fugiram antes da chegada da polícia. O carro, que tinha apenas restrição administrativa, foi guinchado junto à carga ilícita até a delegacia local. A ausência de prisões em ambas as ações reforça a capacidade de mobilização rápida dos criminosos, que operam em esquemas logísticos bem articulados.

As ocorrências refletem uma realidade complexa. Mato Grosso do Sul é o segundo maior estado em extensão de fronteira do Brasil, com mais de 1.500 quilômetros divididos com Paraguai e Bolívia. Essa faixa fronteiriça, composta por regiões de mata fechada, áreas rurais e estradas vicinais, facilita o transporte clandestino e desafia o controle estatal.

O uso de tecnologias de comunicação via satélite, como o Starlink, representa uma nova etapa na sofisticação das organizações criminosas. Com maior alcance e velocidade de dados, esses dispositivos permitem coordenação em tempo real entre batedores, motoristas e centrais de monitoramento, mesmo em áreas sem cobertura de telefonia convencional.

Nos últimos anos, forças de segurança como Polícia Federal, Polícia Rodoviária Federal, DOF (Departamento de Operações de Fronteira) e o Exército Brasileiro vêm intensificando ações integradas para coibir o tráfico e o contrabando. Contudo, a extensão territorial, a atuação de facções transnacionais e a constante adaptação dos métodos criminosos tornam o enfrentamento um desafio permanente.

Especialistas apontam que, além da repressão direta, é necessário investimento em inteligência, uso de drones, radares móveis e fortalecimento do sistema de vigilância nas faixas de fronteira. A cooperação internacional também é considerada estratégica, principalmente no intercâmbio de informações com forças de segurança do Paraguai e da Bolívia.

Enquanto isso, o tráfico segue deixando rastros visíveis em estradas e plantações. Caminhonetes e carros populares, transformados em carregadores de grandes volumes de droga, seguem sendo abandonados em acidentes provocados por fugas desesperadas ou perda de controle em alta velocidade.

Mato Grosso do Sul permanece no centro da rota do narcotráfico sul-americano. Os episódios recentes em Ponta Porã são apenas dois entre muitos que se acumulam nos registros policiais, revelando que, para além dos números frios de apreensões, existe uma disputa diária e contínua por território, poder e segurança na linha que separa o Brasil dos seus vizinhos.

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