Mato Grosso do Sul, 19 de junho de 2025
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Tragédia anunciada em Nova Alvorada do Sul: vigilante atira na esposa e comete suicídio após histórico de violência doméstica

Após tentativa de feminicídio seguida de suicídio, especialistas reforçam a importância da denúncia, dos serviços de acolhimento e da vigilância contínua contra agressores reincidentes

A noite de quarta-feira, 18 de junho, foi marcada por uma tragédia em Nova Alvorada do Sul, município localizado no interior de Mato Grosso do Sul, a cerca de 120 km de Campo Grande. O vigilante Eberson da Silva, de 30 anos, efetuou dois disparos de arma de fogo contra sua companheira, Daiane Souza Garcia, de 27 anos, e, em seguida, tirou a própria vida com um tiro na cabeça. A ocorrência foi registrada como tentativa de feminicídio seguida de suicídio.

Segundo o relatório da Polícia Militar, o crime ocorreu por volta das 21h18, na Travessa Aires de Araújo, bairro Jardim Jaime Medeiros. A guarnição foi acionada por vizinhos que ouviram ao menos três tiros após uma discussão acalorada entre o casal. Ao chegarem no local, os policiais encontraram Daiane caída no interior da residência, gravemente ferida e ensanguentada.

A mãe da vítima relatou que a filha foi atingida por dois tiros: um deles no pescoço, que transfixou, e outro que ficou alojado na parte posterior da cabeça. Ainda com vida, Daiane recebeu os primeiros socorros por uma equipe do Corpo de Bombeiros e foi encaminhada ao Hospital Francisco Ortega. Devido à gravidade dos ferimentos, foi transferida em estado crítico para Campo Grande, onde segue internada.

Eberson foi encontrado já sem vida dentro do imóvel, com a arma utilizada — um revólver calibre .38 — sob o joelho. A perícia confirmou que ele cometeu suicídio logo após tentar matar a esposa.

Histórico de ameaças e impunidade

O crime não foi um ato isolado. Conforme registros da própria Polícia Militar, o agressor já havia sido preso em 24 de fevereiro deste ano por ameaça e lesão corporal contra a mesma vítima. Na ocasião, o próprio policial que atendeu a nova ocorrência havia registrado o caso anterior, quando Eberson chegou a ameaçar Daiane com palavras que agora, tragicamente, se concretizaram: “Você ainda vai morrer pelas minhas mãos”.

Apesar da prisão, o vigilante foi posto em liberdade dias depois, sem medidas protetivas de urgência suficientemente eficazes para impedir a nova agressão. A reincidência demonstra um ciclo de violência que, por falta de rompimento e medidas protetivas mais firmes, culminou no desfecho brutal.

Violência doméstica: onde buscar apoio

A história de Daiane, infelizmente, se assemelha à de milhares de mulheres brasileiras que enfrentam, muitas vezes sozinhas, situações de agressão física, psicológica, moral e patrimonial dentro do próprio lar. Em 2023, o Brasil registrou mais de 1.400 casos de feminicídio, segundo dados do Fórum Brasileiro de Segurança Pública.

Toda mulher em situação de violência deve buscar ajuda o quanto antes. O primeiro passo é romper o silêncio e denunciar. Para isso, existem canais e instituições especializadas que garantem acolhimento, orientação e proteção:

  • Central de Atendimento à Mulher, pelo número 180, funciona 24 horas por dia, inclusive nos fins de semana.
  • Delegacias Especializadas de Atendimento à Mulher (DEAM), presentes em diversas cidades brasileiras.
  • Ministério Público e Defensorias Públicas estaduais, que atuam na garantia de medidas protetivas.
  • Centros de Referência de Atendimento à Mulher (CRAM), que oferecem apoio psicológico, social e jurídico.
  • Aplicativos como SOS Mulher e o Direitos Humanos Brasil também permitem denúncias discretas e urgentes.
  • Em casos emergenciais, a mulher pode acionar a Polícia Militar pelo 190.

É importante lembrar que amigos, familiares e vizinhos também podem denunciar situações suspeitas. A omissão da sociedade, muitas vezes, contribui para a perpetuação da violência.

Um alerta à sociedade

O caso de Daiane, gravemente ferida e hospitalizada, é mais um retrato cruel de como a violência contra a mulher se perpetua quando não é combatida com rigor e quando ameaças anteriores não são tratadas com a devida seriedade. Eberson havia deixado claros indícios de que poderia cometer um crime mais grave — e mesmo assim, permaneceu em liberdade.

A tragédia impõe uma reflexão urgente às autoridades, ao sistema de Justiça e à população em geral: a violência doméstica mata. E mata em silêncio, à sombra da impunidade e da negligência.

Romper o ciclo exige coragem da vítima, empatia da sociedade, apoio institucional imediato e justiça célere. Somente assim será possível reverter o crescimento dessa chaga social que atinge milhares de lares brasileiros.

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