Um passeio escolar que prometia aprendizado, diversão e contato com a natureza terminou em tragédia na tarde de terça-feira, 10 de junho, no município de Bonito, um dos principais destinos de ecoturismo do Brasil. Um adolescente de 13 anos, de nacionalidade estrangeira, morreu afogado após se separar do grupo durante uma trilha na Estância Mimosa, localizada a cerca de 297 quilômetros de Campo Grande, no Mato Grosso do Sul.
O jovem participava de uma atividade guiada com outros estudantes, organizada por uma instituição educacional que promovia um roteiro de turismo pedagógico na região. Durante a parada para banho em uma das cachoeiras do percurso, o garoto, segundo relataram testemunhas e guias, retirou o colete salva-vidas e realizou um último mergulho por conta própria. A ação, aparentemente espontânea, aconteceu quando o grupo já se organizava para deixar o local e seguir ao ponto de embarque.
A ausência do adolescente foi notada minutos depois, quando os participantes se reuniram para seguir o trajeto de retorno. A partir daí, iniciou-se uma corrida contra o tempo. Guias e fotógrafos que atuavam em outras áreas da trilha foram mobilizados para a busca. O corpo foi localizado submerso por uma pessoa que subia para o mirante da cachoeira. Ele foi imediatamente retirado da água e submetido a manobras de reanimação ainda no local.
O Corpo de Bombeiros chegou pouco depois e deu continuidade ao socorro, conduzindo o menino até o Hospital Dacy João Bigaton. No entanto, ele já deu entrada na unidade em parada cardiorrespiratória e sem sinais vitais. A morte foi oficialmente confirmada pela equipe médica. A Polícia Civil registrou o caso como morte por causa indeterminada e abriu investigação para apurar todos os detalhes e eventuais responsabilidades.
Em nota oficial, a Estância Mimosa Ecoturismo declarou profundo pesar pelo ocorrido, afirmou que prestou socorro imediato e informou que está colaborando com as autoridades. Por respeito à vítima e sua família, as atividades do atrativo foram suspensas no mesmo dia.
O episódio revive uma memória recente. Em 31 de dezembro do ano anterior, outro caso semelhante ocorreu no balneário Praia da Figueira, também em Bonito. Na ocasião, um menino de 6 anos, morador de Dourados, foi encontrado boiando próximo ao tobogã e, apesar dos esforços da equipe médica e do Corpo de Bombeiros, não resistiu. A dinâmica daquele acidente também permanece sem esclarecimentos conclusivos.
Com essas ocorrências, aumentam os questionamentos sobre a estrutura de segurança, os treinamentos de guias, a fiscalização das empresas de ecoturismo e, sobretudo, sobre a conscientização de visitantes em ambientes naturais. O turismo em Bonito é reconhecido por sua excelência ambiental, mas as características de rios, grutas e cachoeiras exigem respeito absoluto às regras e protocolos.
Cuidados essenciais em passeios ecológicos
Especialistas alertam que o turismo em áreas naturais, apesar de proporcionar experiências únicas, carrega riscos que podem ser evitados com atenção, disciplina e prudência. Entre as principais orientações estão:
- Sempre seguir as instruções dos guias e não se afastar do grupo.
- Utilizar equipamentos de segurança obrigatórios, como coletes salva-vidas, capacetes e cordas, quando exigido.
- Evitar brincadeiras ou atitudes impulsivas, como saltos em locais não autorizados.
- Estar atento à profundidade da água e às correntes naturais.
- Não retirar equipamentos de proteção durante a atividade, mesmo que o trecho pareça seguro.
- Redobrar os cuidados com crianças e adolescentes, assegurando supervisão constante.
- Em caso de dúvidas sobre segurança, comunicar imediatamente os responsáveis pela condução do passeio.
A cidade de Bonito recebe milhares de visitantes todos os anos, movidos pelo desejo de explorar suas belezas naturais. No entanto, a recente tragédia evidencia que o turismo consciente vai além do encantamento. É necessário preparo, vigilância e responsabilidade por parte de todos: organizadores, condutores, pais e turistas.
Enquanto o caso segue em investigação, o sentimento de luto e reflexão toma conta da comunidade local e de todos que atuam no setor. A dor da perda de uma vida jovem ecoa como um alerta para que novas tragédias possam ser evitadas com mais rigor, educação e respeito às normas de segurança nos paraísos naturais do Brasil.
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