Mato Grosso do Sul, 14 de fevereiro de 2025
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Tragédia em Série: Três mortes em UPAs de Campo Grande levantam Dúvidas sobre Atendimento Médico

Além da indignação, um questionamento tem sido repetido entre os pacientes e moradores de Campo Grande: “Cadê a Mulher da Bota que prometia um atendimento médico mais humanizado durante a campanha eleitoral de 2024?”
UPA Leblon, onde um dos rapazes foi atendido. (Foto: Divulgação)
UPA Leblon, onde um dos rapazes foi atendido. (Foto: Divulgação)

Nos últimos dias, Campo Grande foi palco de uma sequência de mortes que geraram revolta e questionamentos sobre a qualidade do atendimento nas Unidades de Pronto Atendimento (UPAs) da cidade. Três pessoas, incluindo dois adolescentes, procuraram as unidades de saúde sentindo dores, foram medicadas e liberadas. Horas depois, perderam a vida.

Adolescentes buscam socorro e não voltam para casa

Na quinta-feira (30), dois jovens com idades de 13 e 14 anos deram entrada em diferentes UPAs com queixas de dores intensas. O primeiro, um menino de 13 anos, sentia dores severas nos testículos e procurou a UPA do Jardim Leblon. Ele foi atendido, medicado e liberado. Horas depois, com dores que se irradiaram para o peito, voltou ao local em estado crítico e precisou ser encaminhado ao Hospital Regional, onde sofreu uma parada cardíaca e faleceu.

No mesmo dia, um adolescente de 14 anos procurou a unidade de saúde do bairro Coophavila reclamando de dores no corpo. Recebeu medicação e foi liberado. Porém, ao retornar para casa, as dores persistiram e ele voltou ao posto de saúde. Novamente medicado, foi liberado mais uma vez. Pouco depois, ao se deitar, foi encontrado desacordado pela mãe. O SAMU foi chamado, mas apenas confirmou o óbito. O adolescente tinha síndrome de Marfan, um distúrbio raro que afeta vários órgãos do corpo, incluindo o coração e os vasos sanguíneos.

Os casos foram registrados na Delegacia de Pronto Atendimento Comunitário (Depac) como “morte decorrente de fato atípico” e agora são investigados pela Polícia Civil.

Bebê de 11 meses morre com sinais de agressão

Na terça-feira (28), outro caso chocante foi registrado. Um bebê de 11 meses, identificado como Arthur Victor dos Santos, chegou à UPA da Maré com parada cardiorrespiratória e diversas lesões pelo corpo. Os médicos desconfiaram da situação e acionaram a Polícia Civil.

A versão inicial do padrasto, Sidney da Silva Ferreira, de 20 anos, era de que a criança havia caído da cama e batido a cabeça. No entanto, o laudo apontou traumatismo craniano com hemorragia e edema cerebral. Pressionado, o padrasto alterou sua versão, dizendo que caiu sobre o bebê ao descer uma escada. No entanto, seu corpo não apresentava nenhuma lesão e seu celular, que teria quebrado na queda, estava intacto.

A polícia concluiu que Arthur era vítima de agressões contínuas e que a mãe, Rayane Rocha dos Santos, de 21 anos, sabia das violências cometidas pelo companheiro, mas nada fez. Ambos foram presos em flagrante por homicídio qualificado. A mãe responderá também por omissão.

Arthur Victor dos Santos — Foto: Reprodução

Falhas no atendimento e pedidos de investigação

Os três casos têm causas distintas, mas levantam um questionamento em comum: houve falha no atendimento? No caso dos adolescentes, o atendimento médico adequado poderia ter evitado as mortes?

A Secretaria Municipal de Saúde (Sesau) anunciou a abertura de uma sindicância para apurar os procedimentos adotados nas UPAs. Familiares das vítimas cobram respostas e transparência sobre os atendimentos prestados.

O Conselho Regional de Medicina também se manifestou e aguarda a apuração dos fatos para avaliar se houve erro médico ou negligência.

Medo da população

Diante dessas tragédias, a população expressa medo e desconfiança ao procurar as UPAs da cidade. “A gente vai buscar ajuda e pode não voltar pra casa. Quem garante que vão nos atender direito?”, questiona a dona de casa Maria Silva. Já o trabalhador autônomo João Ferreira desabafa: “Parece que só dão remédio e mandam pra casa. Quantas mortes mais vão acontecer até tomarem providências?”.

Moradores relatam que evitam ir às unidades de saúde por receio de negligência. “Minha mãe passou mal e preferi pagar uma consulta particular do que levar na UPA. Infelizmente, perdemos a confiança no sistema”, diz Ana Souza, moradora do bairro Coophavila.

Além da indignação, um questionamento tem sido repetido entre os pacientes e moradores de Campo Grande: “Cadê a Mulher da Bota que prometia um atendimento médico mais humanizado durante a campanha eleitoral de 2024?”. Durante as eleições, a então candidata prometeu reformular o sistema de saúde e garantir acolhimento digno nas unidades, mas a realidade continua alarmante.

Enquanto isso, a população segue apreensiva e se perguntando: quantas outras vidas serão perdidas antes que algo mude no atendimento da saúde pública de Campo Grande?

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