Mato Grosso do Sul, 2 de julho de 2025
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Trégua entre CV e PCC pode ter reflexos negativos para a população, alerta secretário de Segurança

A união das duas facções criminosas é vista como uma estratégia para combater regras do Sistema Penitenciário Federal e fortalecer rotas de tráfico, o que preocupa autoridades de segurança
Uma união dessas organizações criminosas certamente terá reflexo negativo contra a população
Uma união dessas organizações criminosas certamente terá reflexo negativo contra a população

Nos últimos anos, a violência no Brasil tem se intensificado devido ao crescimento e ao poder das facções criminosas. Agora, um novo capítulo dessa história está sendo escrito com a possível união entre duas das maiores organizações criminosas do país: o Comando Vermelho (CV) e o Primeiro Comando da Capital (PCC). O que parecia uma rivalidade interminável entre os dois grupos, pode ter dado lugar a uma trégua, que, embora ainda esteja sendo monitorada pelas autoridades, já traz um clima de grande preocupação nas esferas de segurança pública.

Essa aliança, que começou a ser discutida por volta de 2019, se tornou mais sólida a partir de 2023, quando mensagens internas, conhecidas como “salves”, começaram a circular pelo Brasil. Esses recados proibiram a invasão de territórios e a morte de membros de facções concorrentes, e, o mais alarmante, sinalizam que o conflito entre CV e PCC pode estar chegando ao fim. O acordo foi selado pelas lideranças máximas de ambos os grupos: Márcio dos Santos Nepomuceno, o Marcinho VP, do CV, e Marco Willian Herbas Camacho, o Marcola, do PCC.

A partir de 2023, a trégua foi mais visível no Rio de Janeiro e São Paulo, mas agora se espalhou por outros estados, como Amazonas, Pará e Ceará, onde o CV tem forte presença. A intenção dessa aproximação é clara: enfraquecer as regras impostas pelo Sistema Penitenciário Federal, que tem o controle das maiores lideranças de ambos os grupos. Além disso, a trégua também envolve o compartilhamento de poder sobre as rotas de tráfico de drogas no Brasil. O PCC controla a rota Caipira, que transporta cocaína produzida na Colômbia, Bolívia e Peru para a África e Europa, enquanto o CV domina a rota do Solimões, que escoa a droga na região Norte do país.

Consequências Imediatas e Longo Prazo

A união entre essas facções não só ameaça aumentar o tráfico de drogas no Brasil, mas também pode resultar em uma série de efeitos adversos para a população e para o sistema de segurança pública. O secretário de Segurança Pública do Amazonas, Marcus Vinícius Oliveira de Almeida, afirmou que está muito preocupado com os desdobramentos dessa união. Para ele, a aliança pode resultar em um aumento de violência, afetando diretamente os cidadãos e, possivelmente, gerando uma escalada de ataques em várias regiões, com o aumento da disputa por território e o tráfico de drogas.

Estamos bastante preocupados. A gente compreende que uma união dessas organizações criminosas, que deveriam, inclusive, já terem sido classificadas como terroristas, certamente terá reflexo negativo contra a população no curto prazo destacou o secretário.

A situação é ainda mais crítica se considerarmos o contexto das penitenciárias federais. Desde que Marcola foi transferido para o regime penitenciário mais rígido, ele e outros líderes do PCC passaram a ser mais isolados, o que dificultava a comunicação com os membros do grupo. No entanto, como o CV também tem membros nas mesmas condições, a trégua e a comunicação entre eles se tornaram uma tentativa de reverter as condições impostas pelo sistema carcerário.

Além disso, a possibilidade de um acordo mais formal entre o PCC e o CV pode significar um avanço nas táticas utilizadas pelas facções. O setor de Inteligência do Ministério da Justiça e da Polícia Federal (PF) está monitorando o desenrolar dessa aproximação, mas ainda não há confirmação oficial de que a trégua seja definitiva e total. É possível que os grupos ainda estejam testando os limites da parceria, enquanto as autoridades se preparam para eventuais confrontos no campo da segurança pública.

Cenário de Parcerias Perigosas

O secretário de Segurança do Rio de Janeiro, Victor Santos, também demonstrou grande preocupação em relação ao acordo entre as facções. Em recente reunião com o ministro da Justiça, Ricardo Lewandowski, ele discutiu a possibilidade de que o PCC visse o CV como um braço armado, enquanto o PCC assumiria um papel mais estratégico, atuando de maneira mais organizada, quase como uma joint venture do crime.

“Hoje em dia, para eles, é tudo pelo negócio. Esquece tráfico de drogas. Hoje é território. Quando brigam, é por áreas”, comentou Santos, destacando o foco das facções em ampliar seu poder territorial.

Outro ponto importante a ser analisado é a questão das condições de vida nas penitenciárias federais. A advogada Pâmela Gurgel, que tem clientes ligados tanto ao PCC quanto ao CV, explicou que o objetivo do armistício também envolve lutas internas por direitos, como o retorno das visitas íntimas, que são proibidas em alguns presídios de segurança máxima. Gurgel acredita que, apesar da aparente união, as facções ainda têm interesses divergentes e que a parceria tem como base a busca por maior conforto e privilégios para os membros das facções dentro do sistema prisional.

Impactos na Segurança Pública e No Brasil como um Todo

Se confirmada a união total entre as facções, as repercussões para a segurança pública podem ser imensas. Ambas as facções possuem grande poder no Brasil, e a soma de suas forças pode resultar em uma situação ainda mais difícil para as autoridades. Especialistas afirmam que a trégua pode permitir que as facções ajam de maneira mais coordenada, aumentando o volume de tráfico de drogas e gerando mais violência nas ruas, além de fortalecer as rotas de tráfico internacional.

Os estados do Norte e Nordeste, onde o CV tem mais força, podem ser os primeiros a sentir os efeitos dessa nova aliança, com o aumento das disputas por território e o fortalecimento do tráfico de cocaína. De acordo com o promotor Lincoln Gakiya, a trégua já vinha sendo costurada desde 2019, quando Marcola e Marcinho VP começaram a se aproximar, buscando um entendimento que favorecesse as facções, mas que também enfraquecesse o controle das autoridades sobre as prisões.

Conclusão: A Incerteza Continua

O que se sabe até o momento é que, caso a trégua entre o CV e o PCC seja consolidada, as consequências para a população e para a segurança pública podem ser devastadoras. O sistema penitenciário, as rotas de tráfico e o controle de territórios podem se tornar mais complexos e difíceis de combater, gerando um ciclo de violência ainda mais intenso em várias regiões do Brasil. A união entre essas facções, ainda que não confirmada por completo, é uma ameaça que precisa ser monitorada com extrema cautela pelas autoridades.

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