A geopolítica mundial acaba de sofrer um abalo significativo. Três anos após a invasão russa à Ucrânia, o ex-presidente e novamente candidato Donald Trump dá sinais claros de reaproximação com o Kremlin. A mudança no cenário internacional tem provocado apreensão entre líderes europeus, que agora questionam se os Estados Unidos manterão sua postura firme contra a Rússia ou se, sob a influência de Trump, o país mudará drasticamente de rumo.
A reaproximação ocorre em um momento delicado, quando os aliados da Ucrânia já enfrentam dificuldades para manter o fornecimento de ajuda militar e financeira ao país invadido. Além disso, Trump vem atacando publicamente o presidente ucraniano, Volodymyr Zelensky, e demonstrando ceticismo em relação à OTAN, o que poderia comprometer a unidade do Ocidente contra Moscou.
Oportunidade de ouro para Putin
Após três anos de guerra desgastante e do isolamento imposto pelo Ocidente, Putin enxerga no retorno de Trump uma oportunidade rara para remodelar a ordem mundial a seu favor. Se antes as sanções e o apoio militar à Ucrânia pareciam barreiras intransponíveis, agora o Kremlin vê uma nova chance de mudar o equilíbrio de poder.
Max Bergmann, analista da Rússia no Centro de Estudos Estratégicos e Internacionais em Washington e ex-funcionário do Departamento de Estado durante o governo Obama, acredita que Putin pode estar diante de sua maior oportunidade geopolítica em 25 anos. “Acredito que ele veja uma oportunidade real, tanto para vencer a guerra na Ucrânia, efetivamente, quanto para marginalizar os EUA não apenas da Ucrânia, mas da Europa como um todo.”
A fragilidade da Ucrânia e o impacto nas negociações
A Ucrânia segue resistindo no campo de batalha, mas enfrenta grandes dificuldades. O governo de Kiev sofre com escassez de pessoal e armamentos, além de uma economia que depende fortemente da ajuda estrangeira. O exército russo, por sua vez, tem avançado lentamente, mas a um custo altíssimo. Apesar disso, Putin já controla cerca de 3.900 km² da Ucrânia desde o ano passado e espera que um governo Trump enfraqueça ainda mais o apoio ocidental ao país invadido.
Outro ponto que pode favorecer o Kremlin é o desgaste da guerra na opinião pública americana. Muitos eleitores de Trump apoiam a ideia de encerrar o conflito rapidamente, e o ex-presidente tem explorado isso em sua retórica de campanha. Ele promete um acordo imediato com Putin, algo que preocupa os aliados europeus, temendo que concessões sejam feitas em detrimento da Ucrânia.
O enfraquecimento da OTAN e o novo cenário mundial
Se Trump voltar ao poder, a OTAN pode sofrer um baque significativo. O ex-presidente já manifestou abertamente seu desinteresse pela aliança militar e questionou o compromisso dos EUA em defender os aliados europeus. Isso alimenta os planos de Putin, cujo objetivo sempre foi dividir e enfraquecer o bloco ocidental.
A entrada da Finlândia e da Suécia na OTAN deveria ser uma derrota para o Kremlin, mas, se Washington reduzir seu envolvimento, Moscou pode aproveitar a situação para reafirmar sua influência sobre partes da Europa. A possibilidade de um Trump menos comprometido com a segurança europeia já está levando países como Alemanha e França a considerarem reforçar suas próprias capacidades militares de forma independente dos EUA.
O fator interno nos Estados Unidos
Embora Trump esteja determinado a reaproximar os EUA da Rússia, ele enfrenta desafios internos. A imagem de Putin entre o público americano ainda é majoritariamente negativa, e qualquer concessão excessiva ao Kremlin pode ser vista como uma traição aos interesses nacionais. Mesmo dentro do Partido Republicano, há divisões sobre como lidar com Moscou.
Além disso, setores da mídia conservadora nos EUA, como Tucker Carlson, passaram a defender abertamente Putin, criando uma narrativa que pode influenciar a opinião pública. O ambiente informacional tem se tornado um campo de batalha, com desinformação e teorias da conspiração moldando o debate sobre a guerra.
O que esperar?
O cenário internacional está em plena transformação, e a possível reeleição de Trump pode redefinir completamente a dinâmica da guerra na Ucrânia e das relações entre Rússia, Estados Unidos e Europa. Putin vê nisso sua grande oportunidade, mas Trump também terá que lidar com as pressões internas e externas ao tentar implementar suas promessas de campanha.
O futuro das relações internacionais dependerá dos desdobramentos políticos nos próximos meses, mas uma coisa é certa: o tabuleiro global nunca esteve tão instável.
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